Quarteto criou inúmeros clássicos que mudaram a cara do rock
Paulo Cavalcanti Publicado em 14/04/2016, às 10h51
Quando Eddie Vedder, usando um corte moicano e uma camiseta dos Ramones, introduziu a banda ao Hall da Fama do Rock and Roll, no Waldorf Astoria, em Nova York, em 18 de março de 2002, disse: “Algo incomum está acontecendo hoje. Esta indústria está prestando um tributo aos Ramones”. Na época em que o quarteto lançou os primeiros álbuns, somente as rádios alternativas tocavam as faixas. Mas, aos poucos, com a popularização das estações de classic rock nos anos 1980, as composições deles ganharam um novo canal de veiculação. Hoje, elas estão presentes em todos os locais frequentados por aqueles que vivem o rock and roll. No catálogo da banda existem muitas maravilhas a serem redescobertas, como as faixas a seguir, que representam a essência do legado dos Ramones.
Blitzkrieg Bop
Ramones, 1976
É impossível resistir a uma canção que começa com o grito de guerra “Hey! Ho! Let’s Go!”. “Blitzkrieg Bop” apresentou os Ramones para o mundo, abrindo de forma fulminante o álbum de estreia. Escrita por Tommy e Dee Dee Ramone, ela criou um padrão para as composições do quarteto.
Commando
Leave Home, 1977
Esta parceria de Dee Dee e Johnny Ramone foi um dos pontos altos do segundo álbum. A faixa rápida (durando um minuto e meio) fala de um jeito cômico do envolvimento do Exército norte-americano no Vietnã e na Alemanha. Ela se tornou popular e também serviu como título da autobiografia póstuma de Johnny, lançada em 2012.
Pinhead
Leave Home, 1977
Depois que assistiram ao clássico filme de horror Freaks, de Tod Browning, os integrantes se identificaram com os personagens bizarros da trama, como a Pinhead. A frase “Gabba gabba hey”, que aparece no final da faixa, é adaptação de “Gobble gobble, we accept you, one of us”(“Gobble gobble, nós aceitamos você, é uma de nós”), proferida em um dos momentoschave do filme. Nas apresentações, enquanto Joey segurava uma placa com o lema, um roadie aparecia fantasiado de Pinhead.
Sheena Is a Punk Rocker
Rocket to Russia, 1977
Até hoje, “Sheena Is a Punk Rocker” é uma das mais populares canções dos Ramones, sempre presente na programação de rádios de classic rock. Com um pique dançante, ela mostra as influências de bubblegum e do pop dos anos 1960, de que os músicos também tanto gostavam. Sheena é a personagem dos quadrinhos, a rainha das selvas. Joey simplesmente achou legal a noção de que ela também poderia ser fã de punk rock.
I Wanna Be Sedated
Road to Ruin, 1978
Joey Ramone escreveu este clássico sobre o aborrecimento da vida na estrada depois que começou a se cansar da rotina aeroporto/hotel. Assim, o que ele mais queria era ser medicado e “apagar” dentro do avião. No clipe, gravado nove anos depois do lançamento da canção, Johnny, Joey, Marky e Dee Dee estão entediados em uma mesa enquanto figuras bizarras agitam ao redor deles. Fique de olho – uma das figurantes é uma jovem Courtney Love.
Rock n, Roll High School
Rock ‘n’ Roll High School, 1979
Os Ramones ganharam alguma projeção no final da década de 1970 ao participar deste filme. A faixa que deu nome ao trabalho tem três versões. Uma foi arquivada; outra saiu como single e apareceu na trilha do filme; a terceira, produzida por Phil Spector, foi incluída no álbum End of the Century. Os Ramones lembraram posteriormente que trabalhar com Spector foi uma tortura por causa do virtuosismo e das manias do produtor.
Do You Remember Rock‘ n, Roll Radio?
End of the Century, 1980
Esta composição de Joey Ramone é ao mesmo tempo uma declaração de princípios e uma viagem nostálgica. O cantor explica por que ele e os companheiros entraram de cabeça no rock and roll e cita alguns dos heróis deles, como John Lennon, Jerry Lee Lewis, T. Rex e Moulty, baterista da banda de garagem The Barbarians. A canção tem um arranjo mais complexo do que o habitual.
The KKK Took My Baby Away
Pleasant Dreams, 1981
O consenso é de que Joey Ramone teria escrito a canção depois que Linda Marie Daniele, que era namorada e musa dele, o trocou por Johnny. Eles se casaram e ficaram juntos até a morte do guitarrista, em 2004. KKK (Ku Klux Klan) seria um apelido não muito sutil para o politicamente conservador Johnny. Joey nunca superou o fato e a relação entre ele e o companheiro de banda, que nunca foi boa, se deteriorou definitivamente.
Pet Sematary
Brain Drain, 1989
O filme O Cemitério Maldito foi baseado em uma obra de Stephen King. A principal canção da trilha foi escrita por Dee Dee Ramone e pelo produtor Daniel Ray. Devido a essa associação, a canção se tornou um hit radiofônico e presença obrigatória nas apresentações da banda. No vídeo, Joey, Johnny, Dee Dee e Marky perambulam por um cemitério enquanto dublam a canção.
I Don't Want to Grow Up
¡Adiós Amigos!, 1995
Os Ramones se despediram com este disco e “I Don’t Want to Grow Up”, uma das faixas mais lembradas, já dizia que, mesmo deixando os palcos, eles seguiriam como os eternos adolescentes do rock. O mais irônico é que a letra não foi escrita por nenhum dos integrantes – foi feita por Tom Waits com a esposa e parceira musical, Kathleen Brennan.
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