Chuck D (E) e Flavor Flav no show do Public Enemy no Budweiser Made in America - Getty Images/Divulgação

Rappers e música eletrônica ganham mais atenção do que o rock no festival Budweiser Made in America

Macklemore, Kendrick Lamar e 2 Chainz arrebataram mais público que Queens of the Stone Age e Nine Inch Nails

Patrícia Colombo, da Filadélfia Publicado em 02/09/2013, às 12h11 - Atualizado em 04/09/2013, às 15h50

O segundo dia do Budweiser Made in America Festival, realizado neste fim de semana na Filadélfia, deixou claro que o rock não era o estilo favorito de quem foi ao Benjamin Franklin Parkway. Neste domingo, 1, Trent Reznor e seu potente e soturno Nine Inch Nails foi o headliner da noite, no Rocky Stage, mas quem se saiu bem mesmo, em termos de aprovação de público, foram os rappers Kendrick Lamar, Wiz Khalifa e Macklemore, e o som pop de Calvin Harris, que se apresentou antes do NIN, no Liberty Stage.

Veja as fotos dos dois dias de Budweiser Made in America.

Foram, assim como no sábado, 31, 60 mil ingressos colocados à venda. O domingo de sol e muito calor contou com uma programação um pouco mais pesada do que a do dia anterior, já que além do NIN, o Queens of the Stone Age era outra das atrações – e não é necessário ser um grande conhecedor da banda para sacar o nível da paulada sonora. Mas no show do grupo capitaneado por Josh Homme era possível ver a enorme diferença da quantidade de público no local, comparado a, por exemplo, Beyoncé no sábado ou Kendrick Lamar, que havia subido no mesmo palco que o QOTSA algumas horas antes.

Crítica - Budweiser Made in America: ao vivo, Beyoncé é imbatível.

Em uma apresentação de uma hora, faixas como “You Think I Ain't Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire”, “Burn the Witch”, “Little Sister” e “Make It Wit Chu” foram intercaladas com músicas do novo ... Like Clockwork, entre elas “I Sat by the Ocean”, “Smooth Sailing”, “If I Had a Tail” e “The Vampyre of Time and Memory” (com o vocalista assumindo o piano). No telão, além de imagens dos músicos em ação, apareciam também as ótimas animações do artista britânico Boneface, que cuidou da parte visual do álbum. O QOTSA é certamente uma das maiores bandas de rock da atualidade e uma das mais vigorosas ao vivo, mas nem a qualidade do som nem a desenvoltura dos integrantes foram suficientes para lotar o Rocky Stage. Como o show seguinte era o de Calvin Harris (com set list recheado de hits radiofônicos como “Sweet Nothing”, parceria com Florence Welch, e “We Found Love”, gravada ao lado de Rihanna), muita gente permaneceu no Liberty ou se deslocou para lá na metade da apresentação do QOTSA.

Crítica: No Budweiser Made in America, Macklemore usa show para discursar para os fãs de rap.

A situação foi mais ou menos a mesma com o Nine Inch Nails. Trent Reznor, em atividade com a banda e em projetos solo desde o final dos anos 80, é um visionário. Seu rock industrial, ora extremamente sombrio e sensual, ora fortemente atormentado e cheio de desespero, é sempre rico em camadas e texturas, contando com elementos de música eletrônica e instrumentos orgânicos na mesma medida. Reznor tem o dom da fina arte e da criação (ele inclusive ganhou um Oscar pela trilha sonora de A Rede Social) sem que estas soem intelectualoides. Os fãs são muitos, mundo afora, mas logo que Calvin Harris finalizou seu set às 21h30 (horário local), muita gente resolveu voltar para casa, ainda que esta segunda, 2, seja feriado nos Estados Unidos. Quem ficou pôde ver um show intenso, com faixas como “Closer” (dos clássicos versos “I wanna fuck you like an animal/ I wanna feel you from the inside”), “Sanctified”, “Survivalism” e “Hurt”. Reznor comanda um espetáculo visual ultra tecnológico, com estruturas verticais luminosas e interativas situadas dentro do palco que servem quase como termômetro para os momentos de grande intensidade e “caos” do show. Faixas do disco Hesitation Marks, que chegará ao mercado nesta terça, 3, como "Copy of A” e "Came Back Haunted", também integraram o set list.

Festival Budweiser Made in America Festival tem área que mistura skate e música.

Nos dois dias da segunda edição do Budweiser Made in America, festival que teve curadoria de Jay Z, a predileção do público pelo pop e pelo hip-hop foi bem nítida. Além de Lamar, os rappers Wiz Khalifa, 2 Chainz e Macklemore foram outros pontos altos em termos de resposta da plateia durante todo o evento, enquanto o rock com raiz pop e, logo, menos pesado de Phoenix e Imagine Dragons atraiu bom público no sábado, 31. A reflexão que fica é que, final das contas, quem acaba mesmo por definir qual artista é o principal do dia em um line-up de festival é a plateia.

Crítica - Budweiser Made in America: Solange Knowles não é Beyoncé – mas é, à sua maneira, tão boa performer quanto.

Freedom Stage

Concentrando artistas com uma pegada mais eletrônica, o Freedom Stage ficava afastado dos dois palcos principais. Um dos destaques nos dois dias de programação foi a apresentação do AlunaGeorge, duo londrino formado pela cantora e compositora Aluna Francis e por George Reid, que fica encarregado da produção das faixas. A dupla, que tem uma sonoridade eletrônica com influências fortes de R&B e pop, fez um show bastante animado com base no álbum de estreia, o ótimo Body Music. "You Know You Like It", "Attracting Flies", "Body Music" e uma versão para "This Is How We Do It", hit noventista de Montell Jordan, fizeram parte do set list.

Apresentaram-se ainda no Freedom Stage, neste fim de semana, nomes como Nero, Feed Me, GTA, Robert DeLong, Jesse Rose, Wolfgang Gartner, Porter Robinson, TJR, Rudimental e Redlight.

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