Relatório da Federação Internacional da Indústria Fonográfica declara que mudanças na legislação dos países são a melhor forma de acabar com a pirataria; Brasil ainda é um dos lugares em que o problema está mais fora de controle
Por Stella Rodrigues Publicado em 15/02/2011, às 17h46
As receitas de vendas digitais de música cresceram 6%, chegando, ao todo, à marca de US$ 4,6 bilhões (ou cerca de R$ 7,7 bilhões) em 2010, valor que representa 29% da fonte de renda das gravadoras no ano. Essas informações foram divulgadas pela IFPI (sigla para Federação Internacional da Indústria Fonográfica) que, anualmente, analisa o comportamento da indústria e compila os dados em um relatório.
Os números, se comparados aos do ano anterior, em que o crescimento foi de 12%, não impressionam. Porém, representam uma vitória para o órgão, que há anos está na batalha contra o download ilegal de música. "É natural que, conforme o mercado cresce, o ritmo desse crescimento diminua. Porém, mesmo com um aumento menor em relação a 2009, esse ainda é um mercado saudável e em pleno crescimento. Quando analisamos dados de diferentes países e regiões, temos diferentes porcentagens. Por exemplo, na América Latina, a expectativa é que ainda haja um crescimento de 50%", explica Gaby Lopes, diretora de pesquisa do IFPI.
Em entrevista coletiva, realizada por telefone a partir de Londres e da qual a Rolling Stone Brasil foi a única revista brasileira a participar, Frances Moore, presidente da IFPI, manteve o discurso da conferência realizada no ano passado, de que o poder de acabar com a pirataria está nas mãos dos governos. "A chave para ter essa situação sob o controle é a legislação correta ser aprovada pelo governo", esclarece. De acordo com o relatório de 2010, Reino Unido, Nova Zelândia e Malásia são alguns dos países nos quais se espera um maior progresso no combate à pirataria em 2011. São eles, ao lado da União Europeia, que estão em processo de atualizar suas leis de direitos autorais e pirataria, implementando projetos semelhantes aos que foram instituídos em países como França e Coreia do Sul, cujos governos, em parceria com os provedores de acesso à internet (ISPs), estão punindo usuários que compartilham músicas, filmes e livros de forma ilegal.
Apesar de otimistas, os especialistas no assunto se mostram temerosos de que serviços de venda de música online, apesar do crescimento, não sejam financeiramente sustentáveis por muito tempo, caso a pirataria não entre rapidamente em processo de extinção. "Existem excelentes novas ofertas legítimas de músicas em todo o mundo que oferecem aos consumidores inúmeras formas de acesso à música [mundialmente, hoje existem mais de 400 serviços licenciados]. Porém, eles operam em um mercado dominado pela pirataria e não sobreviverão a menos que sejam tomadas providências para combater esse problema fundamental. Esse é o desafio e a oportunidade diante dos governos", elucida Frances no relatório da indústria digital de música relativo ao ano de 2010.
Mercado no Brasil
No ano passado, a venda de música para celular foi apontada como a grande aposta para o mercado brasileiro. Porém, de acordo com Gaby Lopes, essa é apenas uma das facetas da indústria de música digital que tem possibilidade de reverter o quadro da pirataria. "O mercado digital no Brasil, em geral, está indo muito bem, está crescendo rapidamente. Esperamos que o rendimento bruto de vendas digitais no país alcance cerca de 40%, um aumento bastante saudável. Isso acontece graças ao sucesso dos vários modelos diferentes de vendas que estão sendo implantados, incluindo os serviços feitos para celular, como o da Nokia, e outros que oferecem assinaturas, como o Terra Sonora. Esse crescimento se dá por causa da amplitude nos tipos de serviços, mas o modelo de celular continuam tendo um papel grande no Brasil." Pouco tempo depois do anúncio dos números de 2010, outra portal de venda de música digital foi implantado no país, o Escute (clique aqui para saber mais).
Porém, dentro do contexto mundial, o Brasil ainda se destaca como um dos lugares em que a pirataria é mais alarmante: "O relatório mostra que México e Brasil são os dois países em que os usuários de internet mais acessam serviços ilegais mensalmente", relata Frances.
Veja abaixo os dez singles digitais mais vendidos de 2010:
1 - "Tik Tok" - Ke$ha (12,8 milhões de cópias)
2 - "Bad Romance" - Lady Gaga (9,7 mi)
3 - "Love the Way You Lie" - Eminem com participação de Rihanna (9,3 mi)
4 - "Telephone" - Lady Gaga com participação de Beyoncé (7,4 mi)
5 - "OMG" - Usher com participação de Will.i.am (6,9 mi)
6 - "California Gurls" - Katy Perry (6,7 mi)
7 - "Hey, Soul Sister" - Train (6,6 mi)
8 - "Baby" - Justin Bieber (6,4 mi)
9 - "I Gotta Feeling" - Black Eyed Peas (6,1 mi)
10 - "crushcrushcrush" - Paramore (6,1 mi)
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