Banda encontrou 34 mil pessoas no Anhembi, mas transpareceu falta de energia em nova passagem pelo Brasil
Lucas Reginato Publicado em 08/11/2013, às 02h30 - Atualizado às 12h16
A última passagem do Red Hot Chili Peppers pelo Brasil ainda está fresca na memória dos fãs que em 2011, logo após o lançamento do disco I’m With You, viram a banda em São Paulo ou no Rock in Rio. Passaram-se dois anos, os californianos continuaram na estrada e, mesmo sem novidades, atraíram uma multidão para vê-los mais uma vez. A mesmice talvez tenha interferido na performance dos músicos, mesmo que diante de 34 mil pessoas, como foi o caso do show feito no Anhembi nesta quinta, 7.
O Groove inesgotável do Red Hot Chili Peppers. Leia nossa matéria de capa com a banda californiana.
Não que algum tipo de má vontade tenha transparecido – pelo contrário. A banda montou o setlist recheado de hits e certamente satisfez aqueles interessados em cantar com Anthony Kiedis clássicos como “Californication” e “Higher Ground”, do Stevie Wonder. Mas é inevitável uma sensação de frustração quando paira a sensação de que a energia entregue pelos artistas poderia ter sido mais convincente.
Desde o início, com “Can’t Stop”, os integrantes mostraram pouca movimentação em cena e se limitaram a repetir trejeitos já característicos – principalmente o vocalista, que mesmo quando pulava de um lado para o outro do palco demonstrava uma espécie de pragmatismo no que fazia. A segunda canção, “Dani California”, do disco Stadium Arcadium (2006), foi recebida com a mesma empolgação pelo público que ficou mais à vontade para cantar a faixa com linha melódica mais clara.
A grande atração do Red Hot Chili Pepper é mesmo Flea. O baixista, assim como o colega Kiedis, tem traços característicos e não economiza nos performáticos e estranhos passos de dança. Mais marcante que isto só mesmo as notas que tira do instrumento - elas servem como principal fundamento para uma linha evolutiva que se impõe durante a apresentação.
Foram poucas as vezes que os músicos dialogaram diretamente com a plateia. A maioria delas tinha Flea como interlocutor. O baixista, entre uma e outra música, ia até o microfone para comunicar em inglês de difícil compreensão agradecimentos aos fãs. “Obrigado por papaya”, disse ele, em uma dessas oportunidades, aparentemente fascinado pela fruta tropical (eles também fizeram menção ao arroz e feijão).
São as notas do baixo que introduzem grande parte das músicas. “Otherside” é uma delas. Encaixada logo no início da apresentação, a faixa provou o interesse daqueles que compareceram e acompanharam com atenção a bonita melodia do hit. A banda não estendeu-se demasiadamente em nenhuma das canções, e aproveitou o tempo que sobrou para mostrar ensaiados trechos instrumentais que provam a habilidade técnica dos músicos.
E por mais que fosse esperada alguma demonstração mais enfática de energia, o show teve bons momentos, principalmente quando a plateia se dispunha a entoar os versos de algumas das músicas. “Under the Bridge” tem beleza rara e a plateia inevitavelmente reconhece isto ao erguer os braços e ceder ao famoso solo saído da guitarra de Josh Klinghoffer.
Quem também não passou despercebido foi Mauro Refosco, o percussionista brasileiro parceiro de Flea no projeto Atoms for Peace que viajou com a banda nos últimos anos. Um solo de cuíca durante o bis e um berimbau em “Give it Away” foram algumas das invenções dele que agregaram novas texturas à apresentação. Mas o que acrescenta mesmo ao espetáculo é um deslumbroso telão de alta definição que ocupa toda a parte de trás da cena e interfere no ambiente com imagens que vão do metafísico à ilustrações coloridas. As cores vibrantes, reforçadas por cinco colunas verticais de holofotes, impactam o espectador de forma diferente a cada canção do repertório.
O clímax do show é com “By the Way”. A faixa de 2002 é perfeita para traduzir o estilo da banda que brinca com a velocidade e varia do caos agressivo às melodias agradáveis acompanhadas pela voz da plateia. A música foi a última antes do bis, e o grupo, aplaudido, voltou para o palco para tocar ainda “Around the World” e “Meet me at the Corner” antes da derradeira “Give it Away”.
Poderia-se esperar mais de uma banda experiente como o Red Hot Chili Peppers, que tem anos de estrada e acumula hits desde o início da carreira. De qualquer forma, os fãs deleitaram-se com um repertório competente e com o carinho recebido. Mas os aplausos finais poderiam ser mais merecidos caso não ficasse evidente a frieza dos músicos nessa nova passagem pelo Brasil.
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