- Iron Maiden no Rio de Janeiro (Foto: Jacson Vogel)

Religioso que barrou Iron Maiden no Chile há 27 anos agora iria no show

A banda toca na América do Sul em outubro, e desta vez, não tem governo religioso para barrá-la no Chile

Redação Publicado em 10/06/2019, às 18h18

Há 27 anos, o Iron Maiden lançou Fear of The Dark e marcou uma turnê na América do Sul para divulgar o trabalho. Passou, pela segunda vez, no Brasil, e também queria visitar o Chile pela primeira vez, mas não conseguiram.

A religião e a Igreja Católica eram fortes no país, e quando souberam que uma banda considereada “satanista” tocaria no país, seus membros fizeram pressão para proibir o show. A voz principal do boicote foi Humberto Lagos, conselheiro religioso de Patricio Aylwin, então presidente do Chile.

“É um grupo que promove condutas relacionadas ao satanismo, isso é uma evidência incontestável. Basta olhar para algumas letras”, disse Lagos à época. Faixas como “Bring Your Daughter To The Slaughter” (traduzida como “Traga Sua Filha para a Matança”) induziriam o assassinato, e “The Number of the Beast” (“O Número da Besta”) incitava o satanismo.

O Iron Maiden vai tocar no Chile em outubro deste ano, e já tem um show com ingressos esgotados. Em recente entrevista à revista chilena La Cuarta, Lagos explicou a posição que tinha e como sua visão mudou depois de quase três décadas. “Quando [a proibição] aconteceu, as propostas vieram de grupos religiosos que reclamavam de algumas letras com 666”, disse. Mas definitivamente, não acha mais que eles são satanistas. “[] têm algumas letras dessa natureza”, disse.

“[Em 1992] o Cardeal Jorge Medina interferiu com o subsecretário do interior para impedir a apresentação. [O governo fez] críticas políticas em relação à banda, mas eles nunca fizeram críticas à ditadura militar, assim como outros grupos, na década de 1980”, explicou. “Quando os protestos do governo foram feitos, os patrocinadores resolveram sair.”

Lagos contou que não é muito fã de shows de heavy metal, mas assistiria Iron Maiden. “Não gosto. Quando tocam ao vivo, às vezes alteram a personalidade. Mas se me dessem ingressos, eu iria”, disse.

Belisario Velasco, subsecretário do interior em 1992, disse que a história foi diferente, e que o show foi cancelado por quebra de contrato, e que o governo, na verdade, queria que o show acontecesse. “Foi a teimosia do Cardeal Medina [que estragou tudo]. Nós sempre estivemos à disposição para que tocassem”, e acha ainda que os shows do Iron Maiden são “muito justos, pois são um excelente conjunto musical. É o que acham os jovens e muitas outras pessoas.”

O Iron Maiden toca no Chile nos dias 14 e 15 de outubro. No Brasil, os shows são nos dias 4 de outubro no Rock in Rio, 6 de outubro em São Paulo e 9 do mesmo mês em Porto Alegre

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