- João Gilberto, em 1966 (Foto: Arquivo/AE / Agência Estado via AP Images)

Revolucionário, João Gilberto transformou o DNA musical brasileiro [ANÁLISE]

Pai da Bossa Nova nascido em Juazeiro, na Bahia, foi eleito pela Rolling Stone Brasil o segundo artista mais importante do País

Marcus Preto* Publicado em 06/07/2019, às 17h41

Nota do editor: Em 2008, Rolling Stone Brasil elegeu os 100 maiores artistas brasileiros de todos os tempos. Com votos das figuras mais importantes da crítica musical e do mercado fonográfico, João Gilberto ficou com a segunda posição, atrás apenas de Antonio Carlos Jobim.

João Gilberto morreu neste sábado, 6, aos 88 anos de idade. A causa da morte, confirmada pelos familiares nas redes sociais, contudo, não foi revelada.

*O texto a seguir foi publicado na ocasião, assinado pelo jornalista e também diretor musical Marcus Preto:


Qualquer músico brasileiro pós-1959 (há quem chegue até nos Beatles) foi reinventado por João Gilberto. Radical, sua experiência alterou de forma irreversível nosso DNA musical.

Na superfície, o que ela parece propor é simplesmente "economia". Mas essa é só sua primeira pele (a mais valorizada por seus seguidores menores, é verdade). Lá no fundo, a história é mais radical.

+++ LEIA MAIS: 8 músicas essenciais de João Gilberto

Trata-se de desmontar e reconstruir as canções, refazendo seu esqueleto: cada som (melodia, harmonia, ritmo, dinâmica) é deslocado para outro lugar pela força do violão sincopado, dos acordes invertidos, da voz flutuante.

Se houvesse espaço, seria possível desenvolver aqui várias teses sobre cada causa e efeito de seu método libertário de lidar com música. Mas o melhor em João é que não é preciso qualquer conhecimento teórico para usufruir de seu impacto. Ele é orgânico, inconsciente. Ele é.

+++ LEIA MAIS: Interdição, briga dos filhos e reclusão: os últimos anos de João Gilberto

Ainda que Tom Jobim tenha levado a melhor nesta lista [de 100 maiores artistas brasileiros da Rolling Stone Brasil], é absolutamente certo que ele jamais se tornaria o ícone que é se não tivesse surfado na primeiríssima onda da invenção gilbertiana.

Alguns poderão rebater essa afirmação, dizendo que Jobim já era Jobim quando João apareceu. Mais ou menos. Jobim já era o que talvez continuasse sendo para sempre: um dos maiores compositores (e arranjadores) da canção brasileira.

Como Caymmi ou, depois, Chico Buarque (ou Radamés Gnattali). Não é pouco. Mas João o colocou além. Fez dele um símbolo, o maestro e compositor fundamental da bossa nova, o movimento mais importante da nossa música. E influenciou completamente seu jeito de compor dali em diante. Sim, João também desmontou e reconstruiu Tom Jobim.

noticia música morte morre causa análise bebel gilberto Bossa Nova joão gilberto joao gilberto pai da bossa nova

Leia também

Luigi Mangione enfrenta acusações federais de assassinato e perseguição


Prince e The Clash receberão o Grammy pelo conjunto da obra na edição de 2025


Música de Robbie Williams é desqualificada do Oscar por supostas semelhanças com outras canções


Detonautas divulga agenda de shows de 2025; veja


Filho de John Lennon, Julian Lennon é diagnosticado com câncer


Megan Thee Stallion pede ordem de restrição contra Tory Lanez