Roberto fugiu o set-list programado e executou uma versão eletrônica de "Fera Ferida". - Divulgação / Rita Marcondes

Roberto Carlos deixa o grupo Procure Saber após ataque de Caetano Veloso

Rei decidiu abandonar a associação que luta pelo fim das biografias não autorizadas depois de ser criticado por colegas

Redação Publicado em 06/11/2013, às 10h26 - Atualizado às 10h31

“Apanhamos muito da mídia e das redes, ele vem de Rei.” As palavras de Caetano Veloso sobre Roberto Carlos, publicadas na coluna semanal dele deste domingo, 3, no jornal O Globo, evidenciaram um racha na Associação Procure Saber, que reúne artistas em prol da proibição das biografias não legalizadas. A crítica caiu pesadamente sobre o Rei, que decidiu deixar o grupo.

Chico Buarque entra no debate da proibição das biografias, critica biografia de Roberto e é rebatido por autor .

O anúncio de saída foi feito através de Dody Sirena, empresário de Roberto Carlos, que enviou um comunicado para o restante do grupo. "A partir de agora, fiquem à vontade com o andamento do Procure Saber sem a presença direta do Roberto", escreveu ele, de acordo com a Folha de S. Paulo.

A saída de Roberto já era até esperada, principalmente porque ele e sua equipe preferiam uma abordagem mais suave na questão das biografias, que se tornou assunto recorrente e polêmica, com acusações de todos os lados – artistas, escritores, jornalistas, biógrafos e biografados.

A forma como Paula Lavigne vinha tratando as questões – ela é presidente da Procure Saber – também desagradou o músico, de acordo com o a Folha. Em uma reunião com todos os integrantes, foi decidido que a empresária não falaria mais em nome da entidade, pelo menos sobre as questões das biografias.

Caetano, que não teria se oposto na ocasião, expôs certo descontentamento na coluna dominical. O baiano indica que se incomodou com o fato de Roberto ter se mantido em silêncio, apesar de ser um dos principais pivôs da polêmica, quando a associação foi atacada e chamada de “censora”.

“RC só apareceu agora, quando da mudança de tom. Apanhamos muito da mídia e das redes, ele vem de Rei. É o normal da nossa vida. Chico era o mais próximo da posição dele; eu, o mais distante", escreveu Caetano.

Músicos se posicionam contra biografias não autorizadas

Começo de tudo

No início de outubro, no dia 5, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Djavan e Erasmo Carlos se juntaram à causa de Roberto Carlos, que é contra a publicação de biografias não autorizadas. O grupo fundou o grupo Procure Saber, presidido pela produtora e empresária Paula Lavigne, cuja intenção é batalhar para que seja mantida a exigência de autorização prévia para a comercialização dos livros.

Anteriormente, Roberto Carlos havia tirado das lojas livros que contavam sobre sua vida sem permissão (leia mais aqui).

A notícia causou polêmica nas redes sociais e a Anel (Associação Nacional dos Editores de Livros) se opõe à essa posição, tendo até já movido uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, no Supremo Tribunal Federal, questionando os dois artigos do Código Civil que impedem que uma obra seja publicada sem autorização expressa dos sujeitos biografados ou de seus herdeiros. A Anel defende que isso fere a liberdade de expressão e o direito à informação.

Leia a integra do comunicado de Dody Sirena, publicado pela Folha de S. Paulo:

"Caros amigos do Procure Saber,

Este ano ainda não encerrou e vejo quantos movimentos interessantes aconteceram para os artistas brasileiros. Demos um grande passo com o Ecad e trouxemos à tona o tema biografias/privacidade. Falamos sobre direitos e, como administradores/empresários dos maiores nomes da música brasileira, sabemos que no futuro tudo isso será uma grande referência de um movimento coletivo, como outros que estes ícones já participaram. Interessante lembrar que a tropicália e as guitarras andaram em calçadas diferentes, que a imprensa anunciava que a MPB não gostava da Jovem Guarda, e com o tempo todos se uniram no mesmo pensamento.

Caminhamos bastante, divergimos algumas vezes, mas acredito que podemos nos ver como uma seleção de futebol onde os grandes craques se reúnem para defender o país e depois voltam para os seus times. Roberto conversou muito comigo em função dos últimos acontecimentos. Não é bem assim o nosso jeito de trabalhar, somos mais discretos, afinal defendemos também a privacidade no sentido profissional.

Concluímos que neste momento é importante continuar o trabalho que iniciamos há muitos anos sobre biografias, independente de estarmos em uma associação ou grupo. Portanto, a partir de agora, fiquem à vontade com o andamento do Procure Saber sem a presença direta do Roberto. O comitê criado na última reunião na Urca para atender as biografias continuará atuando de forma intensa apenas em nome do Roberto, já que Dr. Marco Antonio Campos, Dr. Antonio Carlos Almeida/Kakay, Dra. Fernanda Gutheil e Dra. Ana Paula Barcelos, são profissionais de sua equipe.

Gostaria de sugerir que o Procure Saber nomeie representantes para falar em nome do grupo quanto a liberação das biografias e em defesa da privacidade, principalmente no Congresso Nacional, em razão do pronunciamento coletivo e do comunicado oficial. Sempre que outros assuntos surgirem com tema coletivo, se Roberto entender que a pauta vai de encontro aos seus pensamentos, considerem sua adesão. Como exemplo, a pronta e efetiva participação dele no caso do autoral/Ecad e nos futuros desdobramentos com órgão regulador, como já discutimos em outras ocasiões, bem como as questões trabalhistas e a plataforma digital.

Foi muito importante termos participado deste grupo e desejamos boa sorte para os próximos passos.

Com respeito e admiração por cada um de vocês,

Dody Sirena"

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