Apresentação do Paralamas do Sucesso em 1985 elevou a banda ao patamar de estrela do rock
Carlos Sartori Publicado em 18/09/2015, às 17h11 - Atualizado às 17h36
Antes do primeiro ensaio do Paralamas do Sucesso para o show que comemora os 30 anos de Rock in Rio e acontece nesta sexta-feira, 18, e a segunda apresentação no domingo, 20, o baterista João Barone resgatou lembranças de três décadas da banda. “Em 1985 o mundo era muito diferente. A gente era moleque. O Brasil estava querendo matar no peito e emendar a bola, né? (risos) Aquela demanda toda do fim da ditadura, as esperanças ali que mais uma vez se renovavam no país. A gente viveu um momento muito efusivo e isso se refletia em tudo”, diz emocionado.
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O trio de rock brasileiro fez dois grandes shows, conquistou o público e Herbert Vianna entrou para a história do festival ao defender a ausência de algumas bandas paulistas. O guitarrista foi além e distribuiu bronca na plateia que havia criticado outras atrações brasileiras, artistas da MPB. Naquela época a banda iniciava sua trajetória meteórica de sucesso. Vários hits do segundo álbum O Passo do Lui, lançado no ano anterior, já faziam a cabeça dos críticos e do público. Mesmo assim, a produção era de grupo pequeno acostumado a tocar em danceterias do circuito Rio-SP. Apenas três ajudantes davam apoio no palco. Não tinham segurança para evitar qualquer problema extra.
“Só não ficou muito complicado porque não tinha metaleiro no dia, mas a mensagem foi muito boa. Tanto no primeiro dia, (13 de janeiro) quando a gente tocou a música "Inútil", do Ultraje a Rigor, bem no dia seguinte a eleição indireta do Tancredo Neves, e na segunda apresentação (16 de janeiro), o Herbert fez questão de criticar aqueles gestos mais ofensivos que a plateia fez para os outros artistas que não eram do gosto deles. Os metaleiros tiveram essa coisa meio agressiva. Natural também.” Várias histórias são contadas sobre a entrada do Paralamas na primeira edição do Rock In Rio. Uma delas: a insistência do empresário da banda, João Fortes, que ligava diariamente para o dono do evento, Roberto Medina, até que eles fossem convidados. A outra seria a chegada do convite na última hora sem tempo para convidar músicos de apoio ou construir um cenário.
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A decoração do palco teve apenas um vaso com uma planta que estava no camarim. Todas são histórias são verdadeiras e mostram o amadorismo no cenário musical brasileiro há três décadas. João Barone revela que o trio teve tempo de se preparar assistindo aos festivais internacionais em vídeos apresentados nos bares frequentados por eles. “Mas o que aconteceu no Brasil foi uma coisa de proporção muito maior do que a gente imaginava. Apostamos todas as fichas, tanto que em dezembro de 1984 fomos até Nova Iorque comprar equipamento, instrumentos para a apresentação. No palco, a gente fez o que melhor a gente fazia, sem inventar nenhum tipo de presepada.” As histórias dos bastidores são divertidas e mostram como Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone ainda não sabiam bem onde estavam. Era como que se os três tivessem entrado de gaiato num navio, sem entrar pelo cano. “A gente costuma explicar que tinha descido um disco voador. Parecia aquele filme O Dia Em Que A Terra Parou. Desceu um disco voador no planeta (risos).”
O trio aproveitou para conhecer algumas mulheres internacionais que tocaram no festival. “A gente estava chapado com tudo. Era tudo grandioso, tudo incrível. A gente se sentiu em sintonia com a Nina Hagen. Ela tocou no mesmo dia em que a gente e quando vimos ela estava no nosso camarim. A Nina deu um beijo na boca de cada um”, conta rindo. Outras mulheres cruzaram o caminho da banda. “A gente também gostou muito das meninas do The Go-Go's. Eu fiquei de cicerone da baterista Gina Schock aqui pelo RJ. Levei ela pra passear em Ipanema e tudo”, suspira Barone.
Os Paralamas também tiveram tempo de tietar ídolos. “Eu acho que o grande barato que a gente conviveu no Rock In Rio foi poder chegar perto de dois grandes ídolos meu e do Bi que era a sessão rítmica do Talking Heads. O baterista Chris Frantz e a baixista Tina Weymouth (fundaram o Tom Tom Club em 1980). Eles eram casados e vieram tocar com o The B-52's. Eles ensaiaram em um estúdio, aqui no Rio, e o Liminha chamou a gente pra ver o ensaio. Levamos discos para eles autografarem. Conversamos e foi super legal conhecê-los. Curtir o som deles no ensaio”, conta Barone. Contato com musas do pop rock, ídolos, sucesso, para Barone o tempo passou muito rápido. “Foi tão importante para o Paralamas esses 30 anos que a gente está até hoje falando. A gente era uma bandinha e pareceu no Rock In Rio. Nosso som bombou até pra fora do Brasil, na América Latina.”
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O grupo que está há 33 anos na estrada, gravou mais de 200 músicas, 13 discos de estúdio, 10 DVDs e recebeu dezenas de prêmios, se prepara para a terceira participação no Rock In Rio. Serão dois shows. O primeiro no dia 18, sexta-feira, terá a participação de outros artistas nacionais. “A gente vai tocar duas músicas: “Inútil” e “Uma Brasileira”. Talvez eu toque alguma coisa com os Titãs”, antecipa Barone. E o domingo será um dia de festa para os fãs da banda. “Para o nosso show vamos fazer um set inicial apenas com o trio. Um pouco mais de uma hora, onde vamos concentrar fogo nos nossos hits. E depois o João Fera nos teclados, o Monteiro Jr. no saxofone e o Bidu Cordeiro no trombone entram em cena para o apoio nobre que a gente precisa”. Barone valoriza os outros integrantes da banda chamados de quarto, quinto e sexto paralamas. “Na época do primeiro Rock In Rio a gente era um trio. E tinha aquela garra de fazer tudo sozinho. Ao longo da nossa trajetória a gente foi necessitando de mais elementos para compor as nossas ideias musicais. O João Fera entrou em 1986, um ano depois festival. O Monteiro Jr é o segundo cara com mais tempo de banda. Ele entrou em 1988. E o Bidu Cordeiro entrou em 1994.” Eles preparam um novo disco para ser lançado em 2016.
No show de abertura da terceira noite do Palco Mundo, dia 20 de setembro, a banda não vai tocar músicas inéditas. Os fãs vão voltar no tempo para reviver 30 anos de história do grupo. E a nova geração vai ter a chance de entender como três caras conseguiram chacoalhar um público com quase 100 mil pessoas. Na primeira edição do Rock In Rio, o trio foi considerado pela crítica especializada a grande revelação dos dez dias do primeiro grande festival do Brasil. E como o clima é de nostalgia, a música “Inútil”, um dos hinos da consagração dos Paralamas naquele verão de 1985, abre espaço para uma observação política e do atual momento do país.
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