Dia ainda teve boas apresentações de Scalene, Fall Out Boy e Alice Cooper
Anna Mota e Lucas Brêda, do Rio de Janeiro Publicado em 22/09/2017, às 00h28 - Atualizado às 15h25
O Rock in Rio começou com um fim de semana pop, mas apostou em um line-up de classic rock para esta quinta-feira, 21. O público respondeu com camisetas de bandas, maquiagem pesada e muita animação, em uma tarde que, por estar no meio da semana, fez com que a Cidade do Rock demorasse mais que o normal para ficar cheia.
A menor movimentação não fez com que o dia fosse necessariamente mais tranquilo. Perto das 18h, a montanha-russa, uma das atrações mais procuradas pelo público, sofreu uma pane e deixou quatro pessoas presas durante 55 minutos. Com o incidente, que não deixou feridos, a organização decidiu fechar o brinquedo por tempo indeterminado.
O susto foi seguido pela grande chuva de fogos de artifício, anunciando o início das atrações no palco principal. Às 19h, o Scalene abriu a programação do Palco Mundo com um show sustentado em repertório próprio — e atual, já que lançou o disco mais recente, Magnetite, mês passado. A apresentação de qualidade provou o peso da produção musical contemporânea do país, com músicas como “Surreal” (de Real/Surreal, de 2013) e “Cartão Postal” (de Magnetite) sendo fortemente aplaudidas. Além do bom início de noite, o Scalene deixou a reflexão de que novas bandas podem (e devem) ter mais representatividade em festivais de peso como o Rock in Rio, afinal, a produção está a todo vapor. Só é necessário visibilidade.
Um pouco mais cedo, o palco Sunset já havia recebido o duo britânico The Kills. Em uma entrevista recente à Rolling Stone Brasil, o guitarrista Jamie Hince afirmou que “rock é atitude”. E foi isso que a apresentação dele ao lado de Alison Mosshart exalou. Com uma mescla de fases, a dupla trouxe riffs pesados do passado, como em “Kissy Kissy”, de Keep on Your Mean Side (2003), e elementos eletrônicos e dançantes do último disco, Ash & Ice (2016). Alison dominou o palco durante a uma hora de show, entregando uma performance enérgica e original.
No mesmo estilo caloroso seguiu o show de Alice Cooper, também no Sunset. O cantor, que completa 70 anos em 2018, comandou uma das horas mais intensas do festival, com um arsenal de recursos grotescos (como uma guilhotina, um boneco gigante do Frankenstein e uma câmara de gás) incrementando o rock pesado apresentado pela talentosa banda. “Poison” foi uma das canções mais vibradas, assim como “School’s Out”, que contou com a participação de Arthur Brown — que entrou ao som de um dos maiores sucessos dele, “Fire”. A apresentação, que ainda teve como surpresa uma entrada de Joe Perry, do Aerosmith (e colega de Cooper no projeto Hollywood Vampires), terminou com uma aclamada e breve cover de “Another Brick in the Wall”, do Pink Floyd, e com Cooper desejando “pesadelos maravilhosos” para a plateia.
Às 20h, o Fall Out Boy provou ter tamanho para o Palco Mundo com um catálogo da década passada, incluindo um final que teve “Thnks Fr Th Mmrs” e a surpreendente “Saturday”, não prevista no setlist. Também revigorou um dia dominado pelo passado distante e deu espaço para uma das vertentes menos respeitadas do rock, o emo, que passa por um revivalismo recente e merecia olhares mais atentos dos festivais brasileiros.
"Quantos ele tem mesmo?" "Nossa, ele ainda consegue cantar", era o que mais se ouvia em torno do Parque Olímpico. A soma de um repertório clássico com o vigor de Steven Tyler, 69 anos, e seus companheiros foi o necessário para incensar a noite no Rio de Janeiro. Ainda mais depois de um morno show do Def Leppard, também no palco Mundo. Foi uma possível despedida do Aerosmith das terras brasileiras com tudo o que o público tinha direito (incluindo um momento épico com "I Don't Wanna Miss a Thing" e uma cover de "Cone Together" , dos Beatles).
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