No Brasil de férias, o ex-integrante do Pink Floyd falou de política e também um pouco sobre a nova turnê, que passará pelo país ano que vem
Paulo Cavalcanti Publicado em 08/12/2017, às 19h23 - Atualizado às 20h22
Roger Waters está no Brasil. Calma, não é para tocar aqui. Não ainda. Os shows dele que foram anunciados recentemente acontecerão só em outubro de 2018, quando o ex-líder do Pink Floyd fará sete apresentações no país, passando por São Paulo (9/10), Brasília (13/10), Salvador (17/10), Belo Horizonte (21/10), Rio de Janeiro (24/10), Curitiba (27/10) e Porto Alegre (30/10). Na América Latina, ele também passará por Argentina, Uruguai, Chile e Peru. Clique aqui para saber os preços dos ingressos.
Mas então, o que o músico veio fazer no país? Pegar uma cor. Ele veio passar as férias em Trancoso, na Bahia, e aproveitou o tempo livre que teria em São Paulo, antes de voltar para casa, para falar com a imprensa sobre a turnê US + Them, mesmo que ainda falte quase um ano para ela desembarcar por aqui. Nesses shows, ele dá uma geral em discos clássicos do Pink Floyd, como The Dark Side of The Moon, The Wall e Animals, mas também abre espaço para material de Is This The Life We Really Want?, trabalho que lançou há alguns meses. Apesar do clima de férias (ou talvez exatamente por isso), curiosamente, Waters falou mais sobre visões política do que sobre o show.
Sentar à mesa na companhia de Rogers Waters é uma experiência interessante. Ele é prolixo, dá respostas longas, que são “interpretadas” com sotaques britânicos engraçados e muitos gestos de mão. Quem lê as virulentas entrevistas que ele concede, muitas vezes virulentas, pode ficar com a ideia que o músico é antipático, mas ao vivo ele não passa esta impressão. Waters pode não ser uma pessoa particularmente calorosa, mas ele se mostra um cara combativo e quer “vender” o peixe quando fala de política. E é alguém que olha nos seus olhos fixamente para saber se você está concordo ou não com ele.
O artista prega a união das pessoas, mas diz que para isso acontecer é preciso mais ação do que palavras. Fica claro que ele adora uma agitação política e ama quando suas canções são utilizadas em protestos. Quando soube que as performances dele irão coincidir com as próximas eleições presidenciais no Brasil, e que a atmosfera será certamente pesada, ele apenas esfregou as mãos e disse “Uau!”. Mas ficou a impressão de que não está particularmente por dentro do que está acontecendo na cena política brasileira.
Para Waters, o nome da turnê, que traduzido livremente significa “nós mais eles”, marca um momento de união entre as pessoas. Com este mote, ele reflete sobre a condição humana. “O homo sapiens não está muito tempo neste planeta. O ser humano surgiu na África. Então, somos todos africanos. Não entendo a razão de existir tantas divisões raciais”, ele medita. Mas o músico acredita que aos poucos aconteceu uma conscientização. “Com o fim da Segunda Guerra Mundial, muitas coisas começam a acontecer, como a criação da ONU [Organização das Nações Unidas]. Foram mais de 2 mil anos de colonização. Finalmente vários povos acordaram para isso e estão contestando aqueles que os dominaram por tanto tempo. Em 2007, estive em Lima, no Peru, e conversei muito com as pessoas que circulavam nas ruas, como os motoristas de táxi. Falei também com as mulheres que prepararam minhas refeições. Notei que havia ressentimento por causa da colonização espanhola e do jeito que eles trataram os nativos por séculos. Voltarei lá no ano que e quero ver o que mudou – e se mudou”.
Ele diz que cada show será adaptado para os países por onde irá passar. Contou que a letra de “Money”, de The Dark Side of The Moon, foi mudada para refletir a situação mundial. Dinheiro – a falta dele ou excesso dele – é a chave da desgraça mundial, ele fala. “Sem dúvida, a corrupção é algo muito ruim e as pessoas se deixam levar pelas tentações facilmente.” Mas Waters acha que a falta de solidariedade também é a força motriz para desigualdade. “Em alguns lugares do mundo, existem modelos de sociedade que funcionam, com na Escandinávia, com vários serviços públicos gratuitos. Ainda é pouco, mas é um começo.”
Como é notório, o músico é um dos mais ferrenhos opositores do presidente norte-americano Donald Trump e não deixou de atacá-lo ferozmente. “Se não impedirmos, este homem certamente vai destruir o planeta de uma forma ou de outra. Ele irá desencadear alguma guerra nuclear. Ou, então, deixará que a terra sofra algum tido de holocausto climático.”
Segundo Waters, Trump está fazendo com que os Estados Unidos regridam no campo de cultura e da educação. “Ele e o vice-presidente, Mike Pence, estão incentivando o fundamentalismo cristão. É um plano que ele sempre tiveram para que a extrema direita tome conta de vez do processo político da América.” Ele também não deixou de comentar rapidamente a decisão de Trump de referendar Jerusalém como a futura capital de Israel: “Com isto, ele assinou a sentença de morte para milhões de pessoas, especialmente os muçulmanos”.
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