Crise entre os dois músicos ingleses chegou ao ápice em 2010, quando Richards lançou a biografia Vida e detonou Jagger
Redação Publicado em 30/06/2019, às 13h00
Os Rolling Stones estão em turnê novamente, depois de Mick Jagger ser submetido à uma cirurgia no coração e colocar o mundo em estado de preocupação com a continuação da banda. São, afinal, 57 anos de estrada, desde 1962.
Mas a saúde do vocalista dos Stones é de ferro. Ele impressionou os médicos que o trataram por ser um "jovem de 70 anos", como contou Ronnie Wood recentemente. Mas a pior das crises dos Rolling Stones não tem relação com os cuidados e o físico de Jagger e, sim, na rivalidade que sempre existiu entre o vocalista e o guitarrista Keith Richards.
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E foi razoavelmente recente. Os Stones, é claro, sempre foram famosos por discordâncias e intrigas, que remontam aos primórdios do grupo. Mas em 2010, a relação entre eles se complicou muito quando Richards publicou a aclamada biografia Vida.
No livro, o guitarrista escreveu coisas brutais sobre a amizade com Jagger e sobre a personalidade do cantor. Jagger ficou ofendido e irritado. Quando a chegada dos cinquentenário da banda celebrada em 2012 foi se aproximando, Richards entrou em contato com os companheiros e disse: “Ei, pessoal, estou ficando irrequieto. Alguém está a fim?”
Mas Jagger não estava disposto a perdoar tão fácil os insultos de Vida.
Na ocasião, antes mesmo que pudesse haver qualquer preparação séria para uma turnê – algo que Keith Richards queria que acontecesse –, Mick Jagger deixou claro que precisava haver um acerto de contas.
Ron Wood comentou à Rolling Stone: “As coisas estavam tensas e ruins”. Havia até um boato de que a posição de Richards como guitarrista dos Rolling Stones podia estar a perigo. Alguns achavam que ele estava com dificuldade para tocar – que talvez suas mãos tivessem sido acometidas por artrite ou que seu consumo contínuo de álcool estivesse afetando sua habilidade.
De acordo com uma fonte próxima da banda, quando os Rolling Stones se reuniram em Londres, em dezembro de 2011, não foi apenas para ensaiar. Jagger estava, mesmo, de olho para ver se Richards ainda daria conta de tocar as músicas da banda.
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Em meados de abril de 2012, o repórter da Rolling Stone Mikal Gilmore passou uma hora com Jagger na suíte de hotel em que ele estava hospedado em Beverly Hills. “Não sei sobre que diabo vamos conversar”, ele disse ao se acomodar em uma cadeira à mesa da sala de jantar.
Jagger, como sempre, não se esquivou quando o assunto foi o pedido de desculpas de Keith Richards sobre o que ele escreveu em Vida, embora tenha dito que preferia deixar o assunto para trás.
“Bom, acho que foi bom ele ter se encontrado comigo e ter me dito aquilo. Realmente não quero dizer mais nada além disso, mas acho que foi bom ele ter dito e, sim, foi um pré-requisito [para a reunião], na realidade. Essas coisas precisam ser colocadas de um lado; não dá para deixá-las sem ser ditas. Às vezes é fácil apenas tirar da frente, mas acho que foi bom nós termos tido aquela conversa.”
“Acho que é meio um clichê, de verdade”, Jagger continua. “As pessoas gostam de fazer análises-relâmpago das outras e dizer: ‘Ah, Keith é tão passional, e Mick é tão frio e sem paixão’. Ninguém é assim na vida real. Keith é capaz de ser tão frio e tão sem paixão quanto quase qualquer outra pessoa que eu conheço."
Jagger seguiu: "Não digo isso como crítica, porque às vezes é necessário ser crítico. Tenho que ver o ponto de vista de outras pessoas. Mas isso não significa que eu não seja passional a respeito do lado musical da coisa. Tenho muitos papéis diferentes dentro da organização Rolling Stones, e depois tenho papéis fora da banda que não têm nada a ver com a banda. Por isso, não quero ser rotulado como uma coisa só”.
Charlie Watts, baterista dos Stones, chegou a dizer que “eles [Jagger e Richards] são como irmãos, discutem a respeito do aluguel, e se você entra no meio, pode esquecer”. Isto foi ecoado pelo próprio Richards, que declarou a outra revista que ele e Jagger pareciam “dois irmãos voláteis: quando batem de frente, realmente batem de frente, mas quando termina...”
Jagger, contudo, não concorda inteiramente com isso. “As pessoas sempre dizem coisas assim”, ele diz. “Mas eu tenho um irmão [Chris Jagger], sabia? A minha relação com o meu irmão é uma relação fraternal, e não tem nada a ver com a minha relação com Keith, que é mais parecida com a de alguém com quem se trabalha, completamente diferente. Com um irmão, você tem pais em comum. Nós não temos isso, Keith e eu. Nós trabalhamos juntos. Não tem nada a ver com uma relação fraternal. Suponho que, se você não tiver um irmão, pode dizer que era como ter um irmão. Mas fazer parte de uma banda representa um tipo diferente de relação.”
Em uma entrevista no tapete vermelho para a estreia do filme de show da banda em 2008, Shine a Light, de Martin Scorsese, perguntaram a Richards se ele era capaz de imaginar a vida sem os Rolling Stones.
Ele ficou com cara de quem não tinha entendido a pergunta. “Seria fácil”, ele respondeu. E talvez seja verdade – mas, bom, talvez não seja. “Sabemos que somos bons pra caramba”, Richards diz à Rolling Stone, “e temos um certo desejo estranho de fazer com que fique melhor."
Richards segue: "Todo mundo continua aqui, e esse é obviamente um ingrediente importante. Com qualquer banda que esteja aí há um tempo, mesmo que sejam alguns anos, nem todo mundo gosta de todo mundo o tempo todo. Mas talvez haja uma necessidade de que a conversa continue, e a música é o único jeito de fazer com que isso aconteça. Ela é mais forte do que qualquer outra coisa que possa atrapalhar. Seria um milagre, não é verdade, que dois sujeitos se dessem bem em 50 anos, se isso é difícil até em três ou quatro".
Para Keith Richards, a questão de existir ou não uma rivalidade entre ele e Mick Jagger é algo sempre apontado por jornalistas e fãs, mas ele não enxerga a relação com o vocalista dos Rolling Stones dessa forma.
"Não quero dar ênfase demasiada às diferenças entre mim e Mick, porque é só disso que se fala. Você nunca escuta falarem sobre cerca de 98% do tempo em que nós estamos em boa sintonia e que nós nos conhecemos bem e que sabemos o que queremos fazer. Mas a minha principal comunicação é por meio da música."
Ele conclui: "Pode chamar de acordo de cavalheiros, ou algo assim. As coisas não são ditas nem mencionadas, mas dá para notar quando nós começamos a trabalhar, e daí muitas das espécies de barreiras, ou como quiser chamar, tendem a desaparecer.”
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