Rush - Hall da Fama - AP

Rush se destaca na cerimônia de 2013 do Hall da Fama do Rock

O trio canadense foi introduzido ao Hall ao lado de Randy Newman, Public Enemy e Heart

Brian Hiatt Publicado em 20/04/2013, às 13h27 - Atualizado às 14h23

Apesar do claro desejo dos fãs impressionantemente vocais e fervorosos do Rush que lotaram a 28ª cerimônia de introdução ao Hall da Fama do Rock no Nokia Theatre, Los Angeles, na última quinta, 18, o show não foi totalmente focado na aguardada entrada do grupo de Toronto para esse seleto grupo – e mesmo com todos os esforços divertidos e constantes de Flavor Flav (Public Enemy) para ficar com toda a atenção, também não foi só ele que se destacou.

Mesmo para os padrões “oportunidade única” dessas cerimônias anuais, foi uma noite infinitamente divertida, surrealmente lotada de celebridades (Oprah!) e cheia de curiosidades: Jackson Browne, Tom Petty e John Fogerty formaram uma banda bastante temporária com o homenageado Randy Newman; Jennifer Hudson canalizou Donna Summer; Harry Belafonte entoou solenemente a letra da música do Public Enemy "Don't Believe the Hype"; Dave Grohl e Taylor Hawkins fizeram uma cover do Rush enquanto usavam os famosos quimonos setentistas da banda; e o próprio Rush protagonizou uma jam de encerramento genial em que Chuck D rimou ao som das batidas de Neil Peart. A HBO norte-americana irá exibir a cerimônia no dia 18 de maio.

Depois de uma abertura feita pelo presidente do Hall da Fama Jann Wenner – cuja mera menção das palavras “de Toronto” foi responsável por ocasionar uma ovação em pé de dois minutos para o Rush – a noite começou com os caras da Califórnia Browne, Petty, Fogerty e Newman (sim, Petty é originalmente da Flórida) tocando uma versão dominada pelas guitarras da faixa do homenageado "I Love L.A.", ajudando a comemorar o retorno da cerimônia para Los Angeles pela primeira vez desde 1993. Os gritos deles de "we love it" fez a música soar menos irônica do que de costume, conforme eles se alternavam nos versos e harmonizavam a música com “ahhhs” ao estilo "Twist and Shout”.

Don Henley introduziu Newman, lamentando a longa demora na inclusão dele no Hall e citando uma performance de Newman que ele acabou de ver no Texas: "Quando você consegue fazer 2 mil pessoas aplaudirem uma música como “Rednecks” em um estado que elegeu Rick Perry três vezes, você é um baita artista!"

"É difícil para mim expressar uma emoção genuína”, Newman disse, "como dá para perceber pelas minhas composições. Mas estou muito feliz de receber esse prêmio. E eu espero que o fato de eu ter errado um pouco na minha própria música mais cedo não queira dizer que serei expulso logo na minha primeira noite”.

Cheech and Chong, no modo stand-up completo, introduziram o produtor e promotor Lou Adler e arrasaram com uma performance cômica que incluía mímica de cheirar uma certa substância em cima da mesa dele. Depois de levar às lágrimas a integrante da plateia Michelle Phillips, do The Mamas and the Papas, conforme descrevia a audição da banda dela para ele, Adler também arrancou risos, lembrando quando perguntaram a ele: "Como se sente com o fato de que mesmo depois de todos esses hits... é conhecido como o cara de barba que se senta ao lado de Jack Nicholson nos jogos do Lakers?"

John Mayer fez um discurso impressionantemente musical para o guitarrista de blues Albert King, falando sobre sua influência em Stevie Ray Vaughan e demonstrando um dos estilos marca registrada de King dentro do gênero: "Albert é a razão pela qual guitarristas arrebentam a corda de suas guitarras". Então, ele e Gary Clark Jr. tocaram dois clássicos de King.

Uma animada Kelly Rowland – que ficava recebendo cantadas vindas de Flavor Flav, que estava na plateia – introduziu Donna Summer. "Tenho certeza que eu e muita gente aqui foi concebida ao som desse disco", ela disse sobre Love to Love You Baby". Jennifer Hudson, em um vestido cinza brilhante, conseguiu o maior movimento já alcançado em uma plateia do Hall da Fama com "Bad Girls" e "Last Dance" – até Tom Morello foi visto chacoalhando e Geddy Lee, que já foi inimigo da disco, estava acompanhando com palmas.

A maior celebridade da cerimônia, pode-se dizer, era Oprah Winfrey, a julgar pelo escândalo que acompanhou sua aparição surpresa para introduzir Quincy Jones, que a escalou em A Cor Púrpura. Ela elogiou sua habilidade de apoiar os artistas: "Quando você trabalha com Quincy Jones, você se sente amada e é amada", ela disse. "Quero ser como você quando crescer, quero mesmo." Jones fez um discurso longo e emocionado cheio de elogios aos grandes nomes do jazz com quem trabalhou, incluindo Dizzy Gillespie e Miles Davis. "As primeiras bandas de rock, para mim, foram Louis Jordan e Lionel Hampton", ele disse.

Apresentado por Spike Lee, Belafonte foi aplaudido de pé e elogiou o Public Enemy pelo radicalismo e por serem destemidos. Eles subiram ao palco, cheios de seguranças, e Flavor Flav causando o quanto podia. O discurso de Chuck D. foi muito mais curto e bem mais substancial, no qual disse: "Não vamos esquecer que todos nós nascemos do blues”. Ele acrescentou que "Tom Sawyer" era uma música muito usada pelos DJs no início do hip-hop e que até o som Albert King dava para ser usado para rimar – e aí o DJ DJ Terminator X provou isso na performance do Public Enemy, mixando as músicas de todos os homenageados da noite.

Chris Cornell fez as honras para introduzir o Heart, elogiando a voz atemporal de Ann Wilson e a contribuição do Heart para o rock de Seattle. "De alguma forma, nunca percebemos que Ann e Nancy Wilson eram mulheres”, ele disse.

"Somos de uma era quando as mulheres não costumavam ser roqueiras", disse Nancy Wilson. "E como mulheres com empregos e que já foram a algumas reuniões de pais e mestres, tenho ainda mais certeza de que merecemos essa homenagem". Elas tocaram "Barracuda" com a contribuição de Mike McCready (Pearl Jam) e Jerry Cantrell (Alice in Chains) – e Ann Wilson acertou em cheio o tipo de notas altas que cantores homens de hard rock da geração delas nem tentam mais alcançar.

Finalmente, havia chegando a hora da banda pela qual o público tinha gritado a noite toda e ninguém estava mais animado do que Grohl e Hawkins. Grohl ficou vermelho enquanto gritava: "O rock & roll sempre foi cercado de mistério. Mas tem um mistério que certamente é o maior de todos. Quando foi que o Rush passou a ser cool? O legado deles é o de uma banda que se manteve fiel a quem eles eram, não importa o quanto não cool isso pudesse parecer a alguém. O Rush sempre foi cool! Considere esse mistério resolvido e é uma honra para nós finalmente introduzir o Rush ao Hall da Fama do Rock".

"A gente tem dito por muito tempo, por anos, que isso nem era grande coisa”, disse Peart. "Mas acabou que, na verdade, é sim.”

Hawkins e Grohl apareceram, então, usando seus quimonos do Rush, e fizeram uma performance de "2112", com o Rush gradualmente se juntando a eles. O trio tocou de maneira triunfante versões de "Tom Sawyer" e "The Spirit of Radio" e ficou difícil lembrar por qual razão havia dúvidas de que esses caras pertenciam ao Hall. "Muito obrigado, mesmo", disse Geddy Lee.

A jam que encerrou foi uma versão de “Crossroads", do Cream, que começou com uma emocionante troca de gêneros, quando Chuck D e DMC rimavam "o blues é a mãe do rock”, enquanto Lee e Peart tocavam. A jam de guitarras foi o melhor encerramento da história do Hall da Fama, com participação de Morello, Gary Clark e tributo a Eric Clapton. No fim, Chuck D e integrantes do Rush estavam trocando abraços.

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