Paraíso da Miragem tem participações de Jeneci, BNegão, Edgard Scandurra e Anelis Assumpção
Pedro Antunes Publicado em 25/11/2014, às 15h29 - Atualizado às 15h49
O Russo Passapusso conhecido do Baianasystem, entre outros projetos musicais, cultivava no íntimo, exibido apenas para o ciclo de amigos mais próximos, canções minimalistas, em voz e violão. Músicas que traziam uma carga fortíssima de si – e, por isso mesmo, mantidas distantes dos holofotes. Quando o produtor e baterista Curumin gravou uma delas, “Passarinho”, no disco solo Arrocha (2012), uma chavezinha parece ter ligado os circuitos de Passapusso, e todas aquelas faixas em estado de hibernação saltaram para fora. “Foi uma surpresa ouvi-la pronta”, relembra o artista, em uma daquelas tardes paulistanas de outubro, abafadas e quentes demais até para o sangue do baiano de Feira de Santana. “Eu não tinha ideia de que ela poderia virar uma música, ter participação de [Marcelo] Jeneci.”
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De repente, conta ele, as criações quase secretas “vieram se empurrando e querendo aparecer”. “Tinha muita coisa guardada no peito, histórias e coisas que eu só mostrava para quem eu conhecia bastante”, explica ele. Papos com quem Passapusso já tinha proximidade se tornaram combustível para a criação das músicas que formariam Paraíso da Miragem, a estreia solo do músico com mais de dez anos de carreira. “As músicas começaram a ter força, passamos no edital [da Natura Musical] e gravamos esse disco, sem rótulo nenhum”, explica.
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A delicadeza das canções destoa da vanguarda e da sonoridade do BaianaSystem, e passou pela lapidação e pelos arranjos atentos do já citado Curumin, de Zé Nigro e de Lucas Martins. Jeneci, BNegão, Edgard Scandurra e Anelis Assumpção foram chamados para participações especiais.
“Causou um impacto logo que eu lancei o EP. Teve gente que achou que o Baiana acabou”, relembra Passapusso sobre a repercussão do single "Paraquedas", lançado no começo do ano, com o nome da primeira faixa do disco. “Para dialogar com os tambores, canta-se com projeção”, explica ele. “O violão tem aquela coisa do sussurro. Tentei traçar esses dois momentos em que eu vivo. Já fiz muita música no violão que fica bem no tambor. E música no tambor que acaba ficando melhor no violão.”
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