A comediante fala sobre aborto, Jesus e um musical baseado em seu livro
ANDY GREENE Publicado em 16/02/2014, às 16h05 - Atualizado às 17h35
Sarah Silverman não tem medo de aborrecer as pessoas. No fim do mês passado, a comediante postou um vídeo em que conversa casualmente sobre os direitos ao aborto comendo pipoca com Jesus. Isso é parte de um constante esforço em informar as pessoas dos Estados Unidos sobre as tentativas republicanas de limitar o acesso das mulheres ao aborto. Ela se juntou à organização Lady Parts Justice e tem conseguido arrecadar fundos por todo o país.
Conversamos com Silverman sobre o vídeo controverso, como esse tipo de trabalho tem impacto na sua carreira de comediante, seus esforços recentes em conseguir colocar uma série no ar e de planos futuros.
Por que você decidiu fazer o vídeo com Jesus?
Puxa, eu comecei a ver essas coisas com frequência, como a repressão ao eleitor. É difícil não perceber o quanto a extrema direita está tentando tornar o aborto ilegal. Eles estão agindo estado por estado. Eles agem sutilmente, da mesma maneira que fizeram com a repressão ao eleitor. Eu queria fazer algo com caráter informativo, ainda que, obviamente, com comédia.
Há várias mulheres que não sabem o que está acontecendo, e elas deveriam, não importa como se sintam. E eu amo a figura de Jesus. Para mim, é tão bizarro que muitas pessoas da direita usem o nome dele para justificar coisas terríveis que eu não consigo imaginar que ele aprovaria.
É verdade que ele nunca mencionou homossexualidade ou outras tantas questões contra as quais as pessoas lutam. Tudo que ele falava era sobre amor e tolerância.
Houve um tempo em que, se alguém vivia a vida de um jeito diferente do seu, você simplesmente diria, “bom, não é para mim.” Você não criaria uma política acerca disso. E acho que isso tem como base o medo. Vem de um medo do desconhecido, medo da mudança, e se apegando a esse livro que é arte. É para ser interpretado. E continua sendo interpretado de acordo com as intenções das pessoas.
E eu não sou contra o cristianismo. Eu saio com caras católicos! Eles sempre vêm com essa, “Sarah Silverman zomba do cristianismo!” Eu não! É um fato, eu não tenho religião, mas muitas pessoas na minha vida, que eu amo, respeito e até admiro, seguem uma religião.
Eu não quero provar que eles estão errados. Não parece difícil viver e deixar outras pessoas viverem e serem diferentes de você, mas por alguma razão, é. Quando o Tea Party apareceu pela primeira vez, para mim eles eram uma piada, como a Igreja Batista de Westboro. Mas eles são aterrorizantes, e muito poderosos.
Eu aposto que você recebeu algum feedback negativo.
Eu já fiz eventos para arrecadar fundos no Texas, Nova York e Los Angeles. Tem sempre esses manifestantes com bíblias e cartazes dizendo, “você vai para o inferno!” e blá blá blá. Mas eu os respeito porque é nisso que eles acreditam piamente. Havia uma garotinha toda vestida de rosa com um cartaz que dizia “aborto é assassinato.” Ela foi claramente convencida por pessoas que lhe disseram, “tem gente tentando matar bebês!” Se eu tivesse crescido naquele meio, eu seria ela. Eu estaria tipo, “nós temos que impedi-los!”
Eu saí e fui falar com eles. Eles disseram que eu iria para o inferno, mas não foi tão ruim. Apenas conversamos e eu tentei não discutir. Eu só disse, “não é bacana que nós vivemos em um país onde você pode lutar e protestar por algo em que você acredita piamente, e eu achar totalmente o contrário e fazer a mesma coisa?
Eu só queria que aquela garotinha visse um rosto humano com uma visão contrária. Ela estava tipo, “Deus vai te punir!” e “você vai para o inferno.” Eu disse a ela, “mas eu não acredito em Deus. Eu sou diferente de você.” E está tudo bem. Eu fiz uma piada infame e ela riu. Se dá para você criar uma conexão com as pessoas, as coisas avançam muito mais que discutindo e tentando se convencer de que você está certo ou eles estão certos.
Você se preocupa que a grande exposição disso tudo possa te fazer perder uma parte dos seus fãs?
Oh, isso é terrível para minha carreira, sem dúvida. Não é legal para a minha carreira, e isso definitivamente me fez perder uma parcela da audiência. Para os canais que vendem sabão, eu não consigo nem imaginar como isso os faria querer me contratar.
Primeiro, eu não me permito ler os comentários. Preciso me proteger, porque eu fiquei nervosa quando eu fiz aquilo, com medo de ser morta. As pessoas o Twitter conseguem ser bem assustadoras. Eles sempre têm fotos que são assombrosos monstros virtuais. A “bio” é sempre, “Família, Jesus, América.” É tão bizarro. Minha amiga disse que quer escrever um livro chamado “Jesus Te Odiaria.”
Você está claramente bem interessada em Jesus.
Eu amo a ideia de Jesus. As frases que são atribuídas a ele são muito bonitas. Mal consigo imaginar como as pessoas que se cobrem de ódio em nome dele responderiam se ele voltasse hoje com os cabelos compridos, [sandálias] Birkenstocks e dissesse, basicamente, “você tem que enfrentar sua merda ou sua merda vai enfrentar você. Olhe para dentro para achar o perdão e descubra que estamos todos conectados.”
Eu me sinto mal sempre apontando e dizendo, “o certo isso, ou o certo é aquilo.” Existem exceções, e eu sei que estou generalizando. Eu também sinto que a maioria dos republicanos são republicanos porque é o time deles, é como eles cresceram. E a eles se devem um monte de coisas. Eles são brilhantes na maneira que, sutilmente, mudam as políticas sociais.
Como anda People in New Jersey, o piloto que gravou com Topher Grace para a HBO?
A HBO não aprovou! Mas era tão engraçado.
Você acha que as redes de TV precisam repensar no sistema de piloto? Liberar 50 novas séries às pessoas de uma vez parece muita loucura nos dias de hoje. Eles estão jogando dinheiro fora.
Eu não sei responder. Tudo está tão confuso. Não sou contra isso, mas acho que o show business tem que se adaptar à maneira que as pessoas assistem à TV. Eles sempre mensuraram as coisas de acordo com a audiência. O que elas fazem agora? As pessoas não assistem às coisas até que eles tenham toda a temporada, e depois apenas fazem o download no iTunes. Não há como prever o sucesso.
Talvez surja alguma coisa boa disso. Talvez surjam pessoas criativas e daí eles vão aderir a coisas cuja audiência não seja boa, porque isso pode ser popular quando chegar à Netflix. As coisas precisam ser calculadas de maneira diferente, mas, novamente, eu sinceramente não tenho nenhum rancor.
Quais são seus planos para o ano que vem?
Não sei. Tenho muitas ideias e planos, mas não sei se quero que eles saiam a minha boca. Estou gravando um filme sem verba em fevereiro e março. Será uma experiência diferente para mim. Tenho um longa saindo em março, A Million Ways to Die in the West, de Seth MacFarlane. É loucamente engraçado, devo dizer. Espero continuar nele quando terminar a edição, mas foi muito engraçado.
Ainda, estou obcecada por novelas recentemente, apenas o conceito delas. Não daria para termos um programa diário, como uma novela diária, mas que fosse incrível? Seria legal e tenho pensando bastante sobre isso.
Não sei se deveria dizer isso, mas eu tenho trabalhado em um musical do meu livro The Bedwetter, com Adam Schlesinger [Fountains of Wayne]. Eu não estaria nele, é sobre todas as coisas da minha infância.
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