O Que Esperar Quando Você Está Esperando, com Rodrigo Santoro e Jennifer Lopez, une guerra dos sexos e autoajuda para gerar conflitos gastos na comédia romântica
Stella Rodrigues Publicado em 03/08/2012, às 12h48 - Atualizado em 06/08/2012, às 10h51
O Que Esperar Quando Você Está Esperando, que chega aos cinemas nesta sexta, 3, tem seus momentos ternos e algumas piadas divertidas, mas é difícil não esbarrar no sexismo da fita. Seguindo a cartilha batida, cuspida e detonada dos filmes de guerra dos sexos, o longa de Kirk Jones mostra um grupo de mulheres neuróticas que se casam, ao que parece, buscando um sinônimo de estabilidade. Os maridos, por sua vez, aparentam ter encarado o matrimônio para que as esposas substituam as mães deles e lhes imponham limites, impedindo que eles façam o que realmente gostam (ou dizem gostar): curtir festas, mulheres e a boa vida.
O elenco é gigantesco e estrelado, mas isso não salva o filme. De um lado, os pais, interpretados por Rob Huebel, Amir Talai, Thomas Lennon e Chris Rock. Cabe a eles receber bem o personagem de Rodrigo Santoro (que, pasmem, tem várias falas nesta produção hollywoodiana). Ele em breve adotará um filho com a esposa (Jennifer Lopez), e não sabe se está pronto para isso. O grupo esta lá para confortá-lo, contar a ele como é a vida em meio à paternidade e oferecer um porto seguro em que os machos podem reclamar de sua prole e não seguir as mil regras de educação infantil impostas pelas esposas. Como em um clube da casa da árvore, as regras são “não contar nada para as esposas” e “não julgar”. Os rapazes passeiam regularmente em um parque com os filhos e encontram sempre por lá um sujeito que endeusam, o solteirão interpretado por Joe Manganiello: feliz, malhado, cercado de sexo, vivendo a vida que todos eles invejam e admiram.
As mulheres em questão são interpretadas com uma gama variada de personagens. Algumas delas são: a personal trainer/estrela de reality Cameron Diaz, que engravida sem querer; Anna Kendrick, também em meio a uma gravidez à primeira vista indesejada; Elizabeth Banks que, por outro lado, é louca para ser mãe, passa anos se esforçando para engravidar e, claro, só consegue quando desiste de ficar paranóica com as regras de otimização da fertilidade; e a “esposa-troféu” Brooklyn Decker, a bela madrasta do marido da personagem de Elizabeth Banks, que engravida ao mesmo tempo que ela.
O que esperar de um filme baseado em um best-seller de autoajuda sobre gravidez? O longa parece ter sido feito para agradar um nicho, sem se preocupar com a rejeição forte que finais manjados para premissas insossas podem causar. Chris Rock é responsável pelos momentos mais engraçados, se destacando como o melhor da porção comédia. O milagre da vida e tudo que diz respeito a ele sempre têm peso no cinema, e conseguem dar conta do recado na porção romântica. Fora isso, a única coisa boa que resta para dizer é que, apesar dos muitos núcleos, ficou majoritariamente decente a conexão tecida entre os personagens e o desenvolvimento de cada história. Mas só porque ao se juntar tantos tipos previsíveis é fácil chegar ao limite da profundidade de todos eles em menos de duas horas. A história da cegonha daria mais caldo.
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