O diretor Jay Roach e os atores Will Ferrell e Dylan McDermott, além de Galifianakis, falam sobre a comédia Os Candidatos
Stella Rodrigues, de Nova York Publicado em 27/07/2012, às 17h40 - Atualizado às 17h41
“Por que não falar de política de novo com dois dos caras mais engraçados do planeta passando merda um no outro em uma campanha?”, questiona o diretor Jay Roach ao falar de suas razões para retomar o assunto que retratou anteriormente em Recount e Virada no Jogo, ambos mais sérios.
Em Os Candidatos, que estreia no Brasil em setembro, os dois caras engraçados, Will Ferrell e Zach Galifianakis encarnam, respectivamente, Cam Brady e Marty Huggins. O primeiro, que diz e faz as coisas mais absurdas possíveis em público, ocupa um papel político da Carolina do Norte há diversos mandatos, cargo que conseguiu simplesmente por ser sempre o único candidato. Isso até que um grupo de lobistas precisa infiltrar alguém que cuide de seus interesses e lançar a candidatura de uma marionete, o ingênuo e pouco esperto Marty (Galifianakis).
“O papel de Zach é parecido com um personagem que ele já fazia e eu amava”, conta Ferrell sobre as origens da ideia para o filme durante uma entrevista coletiva realizada em Nova York para a imprensa internacional. A dupla, então, o desenvolveu e levou a ideia para Roach. Foi Adam McKay, produtor do filme e colaborador de longa data de Ferrell, quem sugeriu aproveitar a criação de Galifianakis satirizando o processo político em um ambiente sulista.
Dylan McDermott, que também participou do encontro com a imprensa, atua no filme como Tim Wattley, o tubarão político que coordena a campanha e trabalha como uma espécie de treinador de Marty. “Participei da leitura do roteiro de Quase Irmãos, mas estava fazendo televisão na época e não pude participar”, conta. “Mas nós ficamos com ele em mente e pensamos nele para este personagem”, complementa Ferrell.
O trio de atores e o diretor comprovaram a expectativa de que uma reunião com eles, especialmente com Ferrell e Galifianakis como as estrelas principais, seria altamente divertida. Certas respostas, especialmente algumas de carga mais política, que poderiam suscitar mal estar, ganham um tom leve de pura brincadeira. Nos bastidores do set, eles garantem, foi a mesma coisa.
“Trabalhar com Ferrell foi muito fácil porque ele é ótimo e não tem ego”, diz Galifianakis. “Sou ‘desegado’. Aliás, na tenho muita autoestima”, emenda Ferrell. “Trabalhar em Nova Orleans, rir todos os dias… foi uma das experiências de trabalho mais gostosas.” “A gente tem que ser educado e se ajudar no set, competir não funciona”, explica Galifianakis quando o assunto é competitividade (no caso, entre atores), um dos temas do filme. “É um processo colaborativo e por isso ficou engraçado. Tem filmes que não são divertidos, são sérios. Esse não tinha nada de rigoroso”, ri.
Nem tudo foi diversão. Galifianakis passou apuros em uma cena que envolvia cobras píton. “Essas cobras nunca mordem, não são perigosas. Mas o cara que interpretou um padre na cena foi mordido duas vezes. O treinador ficava dizendo que essas coisas nunca acontecem”, relata o diretor. “Esse é o mantra dos treinadores de animais, ‘isso nunca acontece’”, ri Ferrell.
A inspiração para esses políticos, desavisados e perdidos, veio de alguns exageros da vida real. O cabelo de Cam por exemplo, que ele trata com todo carinho, vem de John Edwards, segundo Ferrell.
“Nos últimos anos, os políticos têm sido levados mais para a mídia, ganharam mais espaço e visibilidade, e o ego deles infla. Se me pedissem para ter um cargo político eu diria sim, mesmo sem ter nenhuma qualificação”, reflete Galifianakis. Porém, não consegue dar uma resposta certa sobre qual tópico usaria de base para sua plataforma política, e então complementa: “Eu não acho que conseguiria, tem câmeras em todo lugar. Você não consegue nem arrumar prostitutas”.
“Me parece que a política é assim em todos os lugares, esse tipo de coisa se traduz para vocês também, não é?”, questiona Ferrell ao falar da sujeira que há nesse ambiente. “Tem muito a ver com dinheiro”, afirma Galifianakis a respeito. “E as pessoas estão prestando mais atenção porque a política está mais para wrestling profissional ultimamente, ganhou atenção pelos motivos errados. Os veículos de mídia se posicionam como direita e esquerda e ficam gritando com as pessoas que se opõem.”
“Se a mídia parasse de cobrir as coisas que não importam, acredito que o público não fosse sentir falta e cobrar esse tipo de informação”, pensa Ferrell, que considera que uma possível solução para apaziguar esse circo nos Estados Unidos seria reduzir o tempo de campanha. “No Reino Unido você tem 90 dias. Com menos tempo, precisa ir direto ao ponto. Aqui você tem que fazer campanha por dois anos, acho que isso atrapalha.”
Apesar de tudo, Will Ferrell e Zach Galifianakis ainda acreditam no bom caráter das pessoas que concorrem a cargos públicos. “Washington muda as pessoas”, diz o segundo. “Elas até têm boas intenções, mas chegam lá e começam a frequentar festas com os lobistas. Isso é parte disso. Você fica sendo observado por um microscópio nessa profissão e as pessoas mais inteligentes não querem se sujeitar a isso. A gente, como público, exige saber as coisas pessoais desses políticos e algumas delas nem fazem diferença. Tem câmera em todo lugar, não tem como você não errar.” Ferrell concorda. “Há indivíduos dos dois lados que querem fazer as coisas direito. Mas a máquina engole essas pessoas e elas passam a agir de acordo.”
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