Grupo de Josh Homme tocou por quase duas horas no lotado Espaço das Américas
Lucas Brêda Publicado em 26/09/2014, às 06h18 - Atualizado às 18h00
Foram três apresentações em diferentes festivais: Rock in Rio, SWU e Lollapalooza, e o Queens of the Stone Age ainda devia ao público brasileiro um show completo, sem limite de tempo, no qual Josh Homme e companhia pudessem mostrar o que sabem fazer de melhor sem amarras. Na quinta-feira, 25, o Espaço das Américas ficou pequeno nas quase duas horas de uma apresentação que valorizou os dois discos mais representativos do grupo, Songs For The Deaf (2002) e ...Like Clockwork (2013) – com o qual a banda está em turnê.
Depois de quase desistir da música, Josh Homme reativou a energia do Queens of the Stone Age.
Após a agitada abertura do renomado músico, produtor e engenheiro de som Alain Johannes – acompanhado apenas por um violão em volume mais alto do que o necessário –, o Queens of the Stone Age subiu ao palco pouco mais de dez minutos após o horário marcado (22h). Como é praxe, o setlist foi aberto com a explosão da dupla “You Think I Ain't Worth A Dollar, But I Feel Like A Millionaire” e “No One Knows”. Parecia que o público não estava preparado para tantas distorções e decibéis.
“Foi aqui onde começamos e é aqui onde vamos terminar”, disse o vocalista Josh Homme, pontuando o reencontro de “My God is The Sun” com a cidade em que ela foi escutada pela primeira vez, no Lollapalooza 2013, antes mesmo de o disco ...Like Clockwork ter sido lançado. A faixa manteve o peso dos primeiros momentos do show, revelando a segurança dos integrantes do QotSA, já em fim de turnê, no palco, com as três guitarras conversando entrosadas com o chocalho tocado por Troy Van Leeuwen.
A apresentação seguiu com a irreverência e os falsetes de “Smooth Sailing”, um dos momentos mais brilhantes da banda ao sair da zona de conforto. A performance contou com as requebradas calculadas de Josh Homme, que passava a mão na boca de maneira a reforçar ainda mais o sex appeal quase inerente aos shows do Queens of the Stone Age. Apesar dos momentos de carisma, a atuação de Homme nada tem de apelativa, e o cantor se restringe a algumas conversas com a plateia, mantendo a classe ostentada pelo topete indefectível e a quase excelência como músico.
A postura do frontman do Queens of the Stone Age, aliás, é quase uma representação o do próprio show. Sem firulas, pirotecnias, telões animados ou falsos momentos ensaiados de interação. A apresentação é intensa “apenas” com a música feita pelo grupo (as luzes fortes nos integrantes tornam quase impossível conseguir uma boa foto para o Instagram – pior para quem decidiu registrar, em vez de assistir, a apresentação). Para isso, o setlist é construído de maneira impecável: sequências são transportadas dos álbuns para o palco, hits antigos e pesados fazem a ponte entre as novas (algumas mais melódicas) e baladas.
“Monsters In The Parasol” – anunciada como uma canção “dançante” –, do segundo disco do QotSA, Rated R (2000), foi um presente aos fãs mais antigos, seguida pelos acordes tortos de “I'm Designer”. “Nós viemos até aqui. Vamos tocar as músicas que vocês quiserem”, disse Homme ao público, após pedidos difusos, aos gritos, pelos fãs. Sem as limitações de um festival, o QotSA visitou faixas menos comuns, como a festejada “Mexicola”, além de ter entregado oito das dez músicas de ...Like Clockwork.
Lembre como foi o show do Queens of the Stone Age no Lollapalooza 2013.
O piano de “...Like Clockwork” – dos fortes versos “Not everything that goes around/ Comes back around, you know” (“Nem tudo que vai embora/ Volta, você sabe”) – acalmou os ânimos, abrindo caminho para o êxtase das pesadas “Feel Good Hit Of The Summer” e “The Lost Art Of Keeping A Secret”. No palco, o QotSA mantém a dicotomia de sentimentos das letras de Homme: a falsidade de “Fairweather Friends” desemboca na sinceridade de “Make It Wit Chu” (sempre cantada em uníssono); a dor de “I Appear Missing” logo eclode em raiva com “Sick, Sick, Sick”.
Com “Go With The Flow”, Josh Homme, Troy Van Leeuwen, Dean Fertita, Michael Shuman e Jon Theodore promoveram uma insossa despedida, voltando ao palco logo em seguida. O vocalista do QotSA deu início ao bis atrás do piano, com uma performance tão misteriosa quanto arrepiante de “The Vampyre Of Time And Memory”. Ainda deu tempo para “Do It Again” e a acachapante “Song For The Dead”, que consagrou o baterista desta turnê Jon Theodore, com um solo preciso – ainda que curto.
Sem interações constantes ou discursos forçados, Josh Homme deixou o palco do Espaço das Américas, encerrando a passagem do QotSA por São Paulo. O frontman provou que não precisa fazer piruetas, jogar palhetas ou comandar gritos de “ei ô”, para guiar um grande show de rock, de uma banda que tem como seu maior mérito fugir das estripulias e reduzir os shows ao mais importante (e essencial): a música.
O Queens of the Stone Age também se apresenta em Porto Alegre, no próximo sábado, 27, com ingressos esgotados.
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