A Vida Secreta de Walter Mitty - Divulgação

“Sempre quis ser diretor”, diz Ben Stiller, que lança A Vida Secreta de Walter Mitty em DVD

Filme adapta história criada em 1939, mas que parece ainda fazer uma leitura real da sociedade

Redação Publicado em 10/04/2014, às 17h47 - Atualizado às 19h25

Ben Stiller precisou encarnar o personagem-título do filme para criar coragem de levá-lo ao cinema. Talvez se não tivesse sido tão sonhador, teria desistido de adaptar novamente a história de Walter Mitty para as telonas, já que o primeiro filme, lançado em 1947, tornou-se um clássico (no Brasil, o filme ganhou nome O Homem de 8 Vidas). Pois Stiller não apenas aceitou o projeto como protagonizou e dirigiu.

Estrelado e dirigido por Ben Stiller, A Vida Secreta de Walter Mitty faz releitura de conto clássico.

Walter Mitty é baseado em um conto escrito por James Thurber, mas parece mais real do que nunca. É um retrato de uma geração de pessoas que passou dos 30 anos e vive uma existência vazia e sem sentido, sem conquistas e ambições. Casulos ocos que vagam diariamente para mais um dia de trabalho desmotivador. Mitty, então, começa a sonhar acordado, imagina-se ser um conquistador, um aventureiro ou, pelo menos, alguém com algum talento.

Stiller atualmente também vive neste sonho, mas, no caso dele, tudo é bem real. “Eu sempre sonhei em ser diretor de cinema”, conta ele. O filme, que questiona a sobrevivência da imprensa em papel, estrou nos cinemas brasileiros em dezembro de 2013. As versões em DVD E Blu-ray já estão nas lojas.

Leia, abaixo, a entrevista com o ator e diretor:

Há quanto tempo se identifica com essa história?

A minha relação com a história vem desde quando a li na escola. Ela me marcou porque é uma daquelas histórias na qual o personagem é bastante icônico. Acho que é por isso que todos nós lembramos dela. A história atinge algo na consciência humana: a ideia de quem nós queremos ser versus quem nós somos no mundo e o que acontece dentro das nossas cabeças, onde ninguém consegue ouvir e ver nada. Para mim, quando eu li o rascunho do roteiro, por volta de 8 ou 9 anos atrás, era uma ideia diferente, era muito similar ao filme original e não me pareceu que ele poderia superar o longa que já havia sido feito. Foi quando li o roteiro de Steve [Conrad, editor] e as ideias que ele havia criado lá – e eu e Steve já havíamos trabalhado em outro projeto junto – ele tem uma forma de escrever muito única e se interessa em achar estes pequenos momentos, momentos cheios de humanidade, e emoções dentro disso. E conta histórias de uma forma que você não consegue encaixar em um gênero específico. Acho que isso acontece em todos os filmes que ele escreveu e ele trouxe isso para Mitty.

O que os seus pais acharam da versão finalizada do filme?

[Risos] Meus pais parecem ter gostado.

Além de todos esses maravilhosos momentos humanos, você passa por grandes cenas de ação. Você já andava de skate antes ou precisou aprender para o filme?

Eu andava quando era criança. Mas nunca levei muito a sério. Não sabia fazer muitas manobras ou coisa assim – não fazia nenhuma, aliás – mas eu sabia o tic tac [fazer o skate ir de um lado para o outro, ganhando impulso]. Ainda chamam isso assim? Soa meio anos 1970. Eles não falam mais tic tac, né? [risos]. Mas eu conseguia andar pela cidade com meu skate. Para o filme, contudo, eu tive muita ajuda. Nós contratamos alguns dos melhores skatistas do mundo para fazer algumas manobras. Rodney Mullen, que realmente inventou o kick flip, é o cara que faz algumas manobras, e Brian Holden, que é um grande longboarder, fez sequência em que estamos descendo uma montanha na Islândia. Mas eu fiz coisas difíceis. Usamos medidas de segurança, como cintos e coisas assim, mas eu queria fazer para valer o máximo possível. Toda a luta com o Ted (Adam Scott) nas ruas da cidade de Nova York, na qual estou no skate e o Adam nos patins, nós realmente fizemos quilo. Tudo foi muito divertido de fazer, principalmente andar de skate pela Quinta Avenida, em Nova York – fechá-la foi um sonho que virou realidade.

Você disse que o seu dia favorito foi escalar a geleira na Islândia. Qual foi o segundo dia favorito?

Eu tive vários dias favoritos. Eu realmente gostei de filmar. Meu segundo dia favorito foi provavelmente quando filmamos algumas cenas no oceano. Filmamos lá mais de um dia, mas em um deles, nós de fato fizemos a cena em que eu estava na água com um barco, mergulhando, porque era meio nisso que queríamos nos concentrar naquela filmagem. Programamos nossa filmagem na Islândia para o final do filme, naqueles dias de fim de setembro, porque sabíamos que seria quando o mar estaria alto o bastante e nós nos focamos nisso. Então, conseguir de fato entrar na água e fazer aquelas cenas de verdade foi um dos dias mais empolgantes que eu já tive na minha vida.

Você é um viajante por natureza? Você gosta de desaparecer e ver partes diferentes do mundo?

Eu gosto de viajar. Eu não sou super aventureiro, mas eu gosto de viajar e fazer as coisas, não apenas ficar sentado. Eu gosto de ter experiências, mas eu também gosto de estar em casa. Gosto de passar tempo com meus filhos. Acho que equilíbrio é bom.

Você já teve algum sonho que se tornou realidade? Qual?

Eu sempre quis ser um diretor de cinema, desde que tinha 8 e 9 anos. Então, estou realizando o meu sonho de criança. Sempre sonhei em ter filhos. E tenho uma filha e um filho. Quando era criança eu pensava: ‘um dia eu terei um filho’. Eu também lembro de ser uma criança dizendo: ‘Eu terei 35 anos em 2000’. Pensar em como seria o futuro era a coisa mais legal. É também disso que eu me lembro. [risos].

Algumas cenas precisaram ser cortadas do filme?

Cortamos uma sequência duas semanas antes de começar a filmar porque não se encaixava no nosso orçamento. Nela, Ted cavalga pela Sexta Avenida com 50 cavalos – no estilo de Lawrence da Arábia, parecendo com Anthony Quinn, ele agarra Cheryl (Kristen Wiig) e a leva até o metrô. Todos os cavalos vão até lá também e eles voltam para a superfície e estão no deserto. Eles cavalgam por lá e terminam em uma vila de Beduínos e todos começam a dançar uma sequência de Grease: Nos Tempos da Brilhantina.

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