“Os sensates agora são mais capazes de ajudar uns aos outros”, diz Brian J. Smith, intérprete de Will na série da Netflix, cuja segunda temporada estreia nesta sexta, 5
Stella Rodrigues Publicado em 05/05/2017, às 16h53 - Atualizado às 17h06
A Netflix bem que tentou manter as coisas em segredo quando o elenco de Sense8 veio ao Brasil e gravou cenas na gigantesca Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, em maio do ano passado. Mas em plena Avenida Paulista, diante de cerca de 1 milhão de pessoas, Lito (Miguel Ángel Silvestre) e Hernando (Alfonso Herrera) se beijaram apaixonadamente. Na trama, o ator-galã Lito – que na primeira temporada se esforçava para manter em segredo a própria orientação sexual e que foi arrancado do armário à força pelos tabloides – já não tem mais problemas em mostrar o carinho pelo namorado em público.
Um mês antes de o Brasil ser oficialmente incluso na extensa rota internacional de gravações da série, a Rolling Stone Brasil viajou à Cidade do México para acompanhar a gravação de uma cena da nova leva de episódios e teve a oportunidade de conversar com o elenco e acompanhar um dia de trabalho da equipe liderada pelas irmãs Lana e Lilly Wachowski (que não falaram com a imprensa). No mundo de Sense8 é dia 8 de agosto, aniversário dos protagonistas. Lito e Hernando estão dançando em um casa noturna – um clube de salsa em uma região mais afastada da Cidade do México serve de locação para a cena. Algumas coisas estão diferentes.
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“É toda uma nova família agora. Não estamos mais sozinhos e isso é muito especial”, define Doona Bae (Sun). “Os sensates agora são mais capazes de ajudar uns aos outros”, completa Brian J. Smith (Will). O alicerce principal da história é a conectividade, já que os oito protagonistas, espalhados pelo mundo, um dia se dão conta de que estão ligados de uma forma até então inexplicável e passam a ter influência na vida um do outro. E o clima entre os atores seguia esse mote, com a palavra “família” sendo tão citada quanto seria em um Velozes e Furiosos. O que é curioso, considerando que alguns dias depois seria anunciado que o intérprete de Capheus, Aml Ameen (cuja ausência naquela data foi justificada com uma desculpa qualquer), foi demitido e substituído por outro ator, Toby Onwumere.
Talvez a saída de Ameen tenha sido a única coisa que faltava para que o elenco realmente pudesse usar a palavra “família” de forma honesta (se a reação do elenco nas redes sociais após a demissão for alguma indicação, Ameen devia ser uma fonte de bastante desarmonia). Fato é que naquele final de abril o entrosamento era completo – e refletia tudo que os atores tinham a dizer sobre a trama da segunda temporada, que chega inteira à Netflix nesta sexta, 5 de maio. A série, que já viajou por 17 cidades, demorou dois anos para terminar os 13 novos episódios.
Além de todo o tempo consumido viajando, havia um clima de esforço colaborativo constante, que ia determinando em tempo real o destino das cenas. “Eu nunca senti o nível de confiança que senti nesse set. Alguém inventava algo e todo mundo seguia”, conta Jaime Clayton (Nomi). Jaime, que é transexual, é a única pessoa que demonstra algum nível de desconforto na conversa com os jornalistas, mas apenas quando insistem em perguntar a ela apenas sobre “trans na TV”. Mal sabiam eles que as mensagens sobre diversidade e respeito da série que estavam construindo naquela era pré-Donald Trump seriam ainda mais essenciais para o mundo quando os capítulos vissem a luz do dia.
E eles apreciam a importância disso, mas, conforme Jaime garante, o foco da segunda temporada deve estar nas muitas outras histórias que se desenvolvem. “O mais legal da Nomi é que ela é primeiro uma sensate. Isso é o mais importante, e não o fato de ela ser trans”, define Jamie, sem adiantar muito do que vai acontecer com a personagem daqui em diante. Ela só dá um aviso: “Renove o estoque de lenço de papel, pessoal.”
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