Governador do Rio Grande do Sul, Ranolfe Vieira, afirmou ainda que encontraria com Seu Jorge nesta terça-feira (18)
Redação Publicado em 18/10/2022, às 15h29 - Atualizado às 16h00
Ranolfe Vieira, Governador do Rio Grande do Sul, pediu desculpa a Seu Jorge pelo episódio de racismo vivido na última sexta-feira (14), em nome do estado. O político foi questionado sobre o ocorrido pelo jornal GaúchaZH durante o evento de inauguração da nova sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
O governador afirmou que não havia se pronunciado sobre o caso porque preferia falar primeiro com o cantor, que segundo ele, teria um encontro marcado para às 13h, Ranolfe também afirmou que pedirá desculpas em nome da sociedade gaúcha em razão do episódio e garantirá ao músico esforços e isenção na apuração dos fatos.
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"Garantir a ele toda a isenção na apuração do fato. Nossa delegacia especializada já está trabalhando na investigação do ocorrido e vamos chegar, sem dúvida alguma, a quem cometeu esses crimes," prometeu o governador, citando o inquérito aberto pela delegada Andrea Mattos, titular da Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre.
Confira abaixo.
Perguntei ao governador do Rio Grande do Sul @DelegadoRanolfo sobre os atos racistas contra o cantor @seujorge ocorridos em Porto Alegre. Segue a primeira manifestação pública dele. @gzhdigital pic.twitter.com/dOgtt208GY
— Eduardo Matos (@_eduardomatos) October 18, 2022
Até o momento, não foram divulgadas informações sobre o possível encontro da tarde desta terça-feira (18) entre o governador Ranolfe Vieira e Seu Jorge.
Seu Jorge sofreu com ofensas e gestos racistas na última sexta, (14), enquanto fazia show em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O cantor discursava contra a redução da maioridade penal e saiu em defesa dos jovens negros moradores de comunidades pobres, conforme reportado pelo jornal O Globo.
Apresentação foi no Grêmio Náutico União, com ingressos por até R$ 650. O cantor havia sido convidado a cantar no local para celebrar a reinauguração do Grêmio Náutico União. O evento contava com a participação de sócios e não-associados.
O discurso aconteceu após Seu Jorge convidar músico negro para tocar cavaquinho. Além dos gritos de "vagabundo" e "safado," parte da plateia imitou gestos e sons de macacos, segundo relatos do público. Espectadores ainda mencionaram gritos de "mito, mito," em apoio ao candidato à presidência Jair Bolsonaro.
Ainda nesta terça, (18), Seu Jorge veio a público e se manifestou sobre o ocorrido. Em vídeo de 9 minutos publicado no Youtube (via Quem), o músico relembra história do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre. Ele, então, confirma que ouviu gritos racistas e vaias logo após deixar o palco. Segundo apuração do jornal O Globo, discurso contra a redução da maioridade penal e em defesa dos jovens negros moradores de comunidades pobres teria antecedido comportamento racista da plateia.
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Começo a escutar muitas vaias e xingamentos, e logo, por conta disso, percebi que não seria possível voltar para fazer o famoso bis. Voltei ao palco e de maneira respeitosa agradeci a presença do público e me retirei do local do show
eu Jorge relatou não ter visto pessoas negras acompanhando o show além dos funcionários do local - que teriam sido proibidos de olhar e falar com os artistas. "O que eu presenciei foi muito ódio gratuito e muita grosseria racista (...) Particularmente, não vi nenhuma pessoa negra no jantar. E as pessoas negras que eu encontrei foram somente os funcionários que, uma coisa que me causou muita espécie, eu ouvi dizer que eles estavam proibidos de olhar pra mim ou falar comigo quando eu chegasse no local do show."
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O cantor ainda relembrou a cidade com carinho antes de afirmar "não reconhecer a cidade que eu comecei a amar e respeitar (...) Ao povo negro do Rio Grande do Sul e de toda a região do Sul, quero dizer que amo todos vocês, e admiro, respeito. E digo também que estamos mais unidos do que nunca e que vamos vencer essa guerra que segrega o nosso povo à miséria e à falta de oportunidade no Brasil," ressaltou antes de mencionar importância dos movimentos sociais que lutam contra o racismo.
O caso foi levado à Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI) e ao Departamento Estadual de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV), que analisarão imagens de câmeras de segurança para responsabilizar criminosos.
Além dos gritos de "vagabundo" e "safado," parte da plateia imitou gestos e sons de macacos, segundo relato de testemunha ao G1. Espectadores ainda mencionaram gritos de "mito, mito," em apoio ao candidato à presidência Jair Bolsonaro.
Paulo José Kolberg Bing, presidente do Grêmio Náutico União, declarou que repudia qualquer ato de discriminação e que instaurou investigação interna sobre o caso.
Confira depoimento completo de Seu Jorge:
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