Groove Armada e boa banda tocam hits dos dez anos de carreira, em SP
Bruna Veloso
Publicado em 01/05/2008, às 12h21 - Atualizado às 16h03Véspera de feriado em São Paulo, 14 ºC, propensão a ficar debaixo do cobertor. Mas tem Groove Armada em única apresentação no Brasil, e o duo vale o esforço.
Duo? É assim que o GA é chamado, já que foi criado na metade da década de 90 pelos produtores Tom Findlay e Andy Cato. Mas o Groove não é formado apenas pela dupla - mesmo que não oficialmente uma banda, trata-se de uma mistura de sons. O Credicard Hall estava preparado para uma balada, mas quem apareceu por lá assistiu a um show de rock, ragga, funk - e, é claro, techno e house.
A banda subiu ao palco por volta da 00h20. A platéia, que antes se remexia ao som do The Twelves, quase dobrou em questão de minutos. O Groove - seis pessoas dividindo-se entre bateria, teclados (Tom e Andy, que também comandam as pick-ups), guitarra, baixo e percussão - sobe ao palco. Pouco depois surge a vocalista Veba, de vestido branco, botas, terno e gravata. "My Friend", do álbum Goodbye Country (Hello Nightclub) faz todo mundo cantar. Veba anda pra lá e pra cá, dança e explora o espaço. Em "Song 4 Mutya", ativam-se os lasers. "I Can Feel the Pressure", diz Veba pouco depois, no hit "Love Sweet Sound" - e banda, som e público crescem juntos.
George é o guitarrista. Cabelo a la rockstar representante do britpop (o GA nasceu na Inglaterra), troca de guitarra diversas vezes durante o show. Martin bate com força, mas sem exagero, na bateria; Max usa a distorção no baixo para criar o "esqueleto" das músicas, o que, em um grupo "eletrônico" convencional, seria feito apenas pelas pick-ups. Antes de "Lightsonic Rerub", o calor da platéia chega ao palco, e George tira o casaco que, de longe, parece de couro. O vocalista M.A.D aparece pela primeira vez e diz que "it's good to be back" (eles se apresentaram na capital paulista em 2002, no Skol Beats). O som que vem do teclado de Andy embala o rosto da garota que aparece no telão (que só foi ligado depois de quase meia hora de show), iluminada pelo sol, ao passo em que M.A.D tenta controlar o movimento da massa a sua frente - uma das mãos no microfone, a outra mexendo como se estivesse girando um botão de volume não digital.
À 1h20, vem "I See You Baby"- todos parecem inflar o "shaking that ass" que segue no refrão. A banda sai do palco pra depois voltar com Veba cantando "Easy", com um telão lisérgico embalando o público que cantava em coro.
É a vez de M.A.D voltar. Mas antes, a palavra Discotheque estampada ao fundo, acompanhada de uma voz sampleada que repetia os dizeres, chama o povo pra dançar. Andy desce do teclado para pegar o trombone (o que também fez em "Lightsonic...") e vem o que todo mundo esperava: em "Superstylin´", é quase possível sentir tremer o chão de madeira do Credicard Hall. A guitarra vem marcada por uma batida de reggae que só não é 100% jamaicana por conta da distorção. Para M.A.D, aquilo é "original dance music", como disse ao microfone. Tom há muito já havia deixado o teclado de lado para grudar na percussão de Patrick e acompanhar com palmas. Palmas essas que também surgem das mãos do público, durante e ao fim do hit mais conhecido da banda - ou duo, para dizer o oficial.
O Groove Armada deixa o palco, sem bis (que a platéia também não se animou a pedir). No telão, surge o logo. Uma e quarenta da manhã: o show chegou ao fim, mas a noite não - 2Headz, Buga e Anderson Noise comandariam as pick-ups até quase amanhecer.