Mike Patton faz apresentação memorável à frente do Faith No More na noite de sábado, 7, no Maquinária; primeiro dia do festival ainda contou com shows de Jane's Addiction, Deftones, Sepultura e Nação Zumbi
Por Bruna Veloso Publicado em 08/11/2009, às 22h46
Um showman e tanto. Mais que um grande cantor, Mike Patton é um entertainer de primeira - e foi isso que o público paulistano conferiu no show do Faith No More neste sábado, 7, no festival Maquinária.
Depois de um dia de calor intenso, a garoa que veio leve e passageira no meio da tarde resolveu voltar com mais força à Chácara do Jockey por volta das 21h30, horário marcado para o início da apresentação. Foram 20 minutos de atraso, até o surgimento da banda no palco. Mike Patton, de terno vermelho, surgiu de bengala e guarda-chuva para cantar "Reunited", cover da dupla setentista Peaches & Herb.
Patton tem duas faces: enquanto hipnotiza o público feminino com um charme um tanto cafajeste ao cantar baladas, faz os homens enlouquecerem ao som de faixas como "From Out of Nowhere", segunda da noite. É a mistura, na medida exata, desses dois lados - o amante falastrão e o cantor de rock enlouquecido - que torna o frontman do Faith No More uma figura memorável em um show ao vivo.
A banda retornou aos palcos em 2009, com a turnê Second Coming, depois de ter se separado em 1998. Os quase 11 anos de hiato não parecem ter feito diferença: Mike Bordin (bateria), Billy Gould (baixo), Jon Hudson (guitarra) e Roddy Bottum (teclado) exibem a mesma interação de anos atrás.
Patton é carismático e conversa com o público, sempre em português, entre uma faixa e outra. O vocabulário vai de palavrões a "Sacanagem, São Paulo!" e "Aí, papito!". No repertório, faixas de toda a carreira do grupo: não faltaram "Be Agressive", "Evidence", "Surprise! You're Dead!", "Last Cup of Sorrow", "Midlife Crisis" e a bossa nonsense "Caralho Voador".
"Easy" (cover do Commodores, que também se apresentou na capital na última semana) é sucedida pelo hit "Epic": em passagens como essa - de um vocal suave para um quase rap - Patton mostra que sim, é um dos grandes vocalistas de sua geração. E, claro, um performer nato. Em "Just a Man", por exemplo, ele comanda a plateia, pedindo que todos balancem os braços de um lado para o outro - para depois descer à grade que separa o público do palco e comandar um coro de "Porra! Caralho!". Desta vez, não foi uma felizarda que ganhou um beijo do cantor: Patton rejeitou as investidas de uma fã, mas deu uma bitoca em um rapaz.
É o vocalista que ganha todas as atenções, mas a banda não fica atrás. Bordin é um monstro na bateria e Roddy Bottum, um tecladista no mínimo incomum - além de ficar na linha de frente, não para de se mover um minuto, mesmo estando "preso" ao instrumento. Hudson não é tão energético quanto os companheiros - Gould, o baixista, também não fica quieto - mas passeia pelos riffs ora pesados, ora melodiosos, sem distorção, com a segurança de quem toca sem precisar olhar para as cordas.
Última vez?
Depois da sinfonia de palavrões, Patton e Cia. deixam o palco. "É a primeira vez aqui em dez anos. 'Maybe' a última", diz o cantor ao retornar. É a deixa para Gould, o baixista, oferecer o tema das olimpíadas para o Palmeiras, antes de a banda mandar a etérea "Stripsearch". Depois de "We Care a Lot", os integrantes saem novamente, e voltam para a parte final: o ótimo cover de "This Guy is in Love With You", de Burt Bacharach, e "Digging the Grave". Fim da alegria para os que esperaram mais de uma década para ver o FNM novamente no Brasil: às 23h25, o vocalista se despede, dizendo "Até a próxima! Beijo! Tchau!". E, depois de presenciar por 100 minutos uma das bandas mais autênticas do revival dos anos 90, só podemos esperar que realmente haja uma próxima vez.
A primeira noite do Maquinária ainda teve apresentações de Jane's Addiction (saiba mais), Deftones (saiba mais), Sepultura e Nação Zumbi.
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