Evento de música eletrônica teve no line-up Life is a Loop, Chuckie, Felix da Housecat e Tocadisco
Por Fernanda Catania e Patrícia Colombo
Publicado em 19/04/2010, às 15h56Repetindo o feito de 2009, ingressos esgotados na segunda edição do Skol Sensation. 40 mil pessoas vestiram novamente a beca branca e se encaminharam ao Pavilhão do Anhembi na noite deste sábado, 17, para dançar ao som de Life is a Loop, Chuckie, Felix da Housecat e Tocadisco - sem a presença do, até então confirmado, Above & Beyond.
Neste ano, mais uma vez o evento investiu pesado nos recursos tecnológicos com a finalidade de proporcionar aos presentes a "sensação de estar em outro mundo". No entanto, a festa impressionou mais no campo visual do que no sensorial propriamente dito. A temática The Ocean of White trazia uma decoração de águas-vivas gigantes instaladas no teto, jatos de água no palco e uma imensa anêmona central que funcionava como a cabine dos DJs - tudo combinado a uma iluminação predominantemente azul e roxa. Durante os intervalos entre o setlist dos DJs, uma voz grave masculina aparecia chamando o público para "entrar em um novo mundo, que fica abaixo da superfície da Terra".
Se antigamente sem roupa formal não se entrava nos bailinhos, em 2009 e 2010, sem o branco-sabão-em-pó, nada de Skol Sensation. Isto posto, a preparação no que diz respeito aos trajes não ficou de lado. Em peças como vestidos e calças, a ausência de cor estava lá - podendo ser encontrada até nos óculos de sol que compunham algumas produções. Em termos comportamentais, os presentes não economizavam nos passinhos de dança. Era possível até encontrar grupos de amigos que se organizavam em rodinhas, cada um deslocando-se ao centro dela e realizando movimentos corporais que, algumas vezes, chegavam até a se assemelhar a verdadeiros "rebolations" (por mais estranho que isso pudesse parecer). O que importa é que o clima era de festa.
O trio brasileiro do Life is a Loop deu início à noite, após a tão esperada abertura oficial, que contou com cerca de cinco minutos de recursos técnincos como fogos de artifício e jatos de água - que se mostrariam presentes em diversos momentos ao longo da noite.
"O diferencial da apresentação já está no fato de unir dois DJs e um percussionista", disse Rodrigo Paciornik, que comanda a bateria no trio, em entrevista ao site da Rolling Stone Brasil antes do evento. E foi bem por aí mesmo. Investindo na interação com o público, sobretudo nos momentos em que as batidas das músicas atingiam seu ápice, o grupo valeu-se da junção do instrumento aos beats eletrônicos para abrir o Skol Sensation. Algumas das músicas executadas contavam com samples de outras faixas famosas, como "Welcome to the Jungle", do Guns N' Roses (iniciada com os clássicos riffs e tendo a sonoridade composta por bateria, baixo e guitarra substituída pelo batidão eletrônico), e "Sweet Dreams", do Eurythmics.
Após a saída da primeira atração, mulheres de peruca loira entraram na passarela que levava à anêmona, para arremessar bolas gigantes ao público. Com um sorriso no rosto e as mãos para cima, Chuckie passou a comandar as pick-ups. O DJ logo conquistou a multidão com um setlist cheio de remixes de músicas bem conhecidas, como "Show Me Love", hit noventista cantado por Robin S, "Sexy Bitch", produção de David Guetta com a voz do cantor Akon, e "Miami Beach", do Lax 'n' Busto. No meio de sua apresentação, seis mulheres com a cabeça dentro de bolas gigantes - desta vez vestindo perucas nas cores pretas - tomaram conta da passarela e margearam a cabine do DJ. Chuckie - que a todo momento acenava e fazia o formato de coração com as mãos para os efervescidos na pista - emendou batidas de funk brasileiro para arrematar sua bem sucedida apresentação de 90 minutos.
Inicialmente, quem daria sequência a noite seria o quarteto inglês Above & Beyond. No entanto, o grupo não conseguiu dar as caras no evento devido aos problemas de voo consequentes da erupção do vulcão da geleira de Eyjafjallajoekull, na Islândia, que acabou acarretando um caos aéreo na Europa. O evento, então, seguiu normalmente com a programação. Vale dizer que, para cumprir o horário de encerramento que fora estabelecido originalmente (05h30), os outros quatro nomes que integravam o line-up tiveram seu tempo de discotecagem prolongado.
Após a apresentação de Chuckie, deu-se início ao Skol Sensation Mix, um setlist pronto, composto por remixes de faixas como o funk carioca "Rap das Armas", de MC Cidinho e Doca, "Praise You", de Fatboy Slim, e "I Gotta Feelling", do Black Eyed Peas. Tudo isso embalado, mais uma vez, a fogos de artifício, jatos de bolhas de sabão e chuva de papel picado. Um problema no final do set interrompeu a música e o públicou gritou. Ao final, uma vinheta anunciava, às 2h20, a entrada de Felix da Housecat, que, conforme o prometido, assumiu as pick-ups usando seus óculos escuros na cor branca. Bem humorado, o DJ norte-americano falou o tempo todo com o público: "Ei, São Paulo, tem alguém aí? Façam barulho! Não tenham medo". O momento mais animado do show foi durante o remix da música "One More Time", do duo Daft Punk. Felix também tocou as famosas "Kids", do MGMT, "Bizarre Love Triangle" e "Blue Monday", do New Order.
Tocadisco subiu no casulo dos DJs pontualmente às 3h50 para encerrar a festa. O remix de "Put your Hands Up For Brazil", hit de Fatboy Slim, empolgou a plateia, que ainda não mostrava cansaço com as, até então, 5 horas de música eletrônica. "Vamos ficar totalmente loucos e fora de si esta noite", disse Tocadisco ao público animado. Diversas vezes o produtor e DJ alemão interrompeu seu setlist para estabelecer diálogos com os presentes, agitando e elogiando os brasileiros. "É o melhor povo do mundo", falou. Frenético, chegou a descer da iluminada anêmona, ultrapassando a cerca que o separava do público.
Na noite deste sábado, foi comum ouvir remixes diferentes de uma mesma faixa integrando o setlist de mais de um DJ, mas isso não parecia incomodar os pagantes, pelo contrário, por gostarem das batidas, ao reconhecerem os arranjos, empolgavam-se ainda mais. Às 05h30, o Skol Sensation 2010 deu-se por encerrado, após seguir à risca a fórmula de sucesso de alguns grandes festivais de música: hits frequentemente ouvidos nas rádios comerciais somados a um espetáculo de aparatos visuais e técnicos.
Assista abaixo trechos das apresentações de Life is a Loop e Chuckie:
Life is a Loop:
Chuckie: