O lançamento do corte do diretor causou comemorações entre os fãs, mas depois de 3 anos e vários filmes, será essa uma escolha certa?
Vinicius Santos | @vini_ls13 Publicado em 27/05/2020, às 07h00
Antes de qualquer coisa vamos, rapidamente, viajar no túnel do tempo para contar a história do Snyder Cut. O ano é 2017 e, após uma produção já conturbada e marcada por conflitos com a Warner Bros., o cineasta Zack Snyder avisou os fãs que se afastaria das filmagens de Liga da Justiça devido à tragédia familiar do suicídio da filha Autumn Snyder.
Mas, como é dito comumente na indústria do entretenimento: "O show tem que continuar". A Marvel seguia a todo vapor com três longas muito bem-sucedidos naquele ano: Homem-Aranha: De Volta ao Lar, Thor: Ragnarok e Guardiões da Galáxia Vol. 2. O universo DC não podia ficar para trás. Contrataram então um diretor recém-saído do MCU, Joss Whedon.
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Whedon, que comandou Os Vingadores (2012) e Vingadores: Era de Ultron (2015) não foi encarregado apenas de terminar o que Snyder começou, ele também precisava tornar o filme mais divertido, leve e colorido, indo contra tudo que o predecessor dele fez em toda a carreira. As exigências do estúdio de abdicar do cinza e drama causaram, segundo fãs, a derrocada de Liga da Justiça.
Com diversas críticas, como os grandes furos de roteiro entre Batman vs Superman (2016) e a sequência, além do assustador rosto de CGI feito as pressas em Henry Cavill para remover o bigode do ator e até Whedon não ser creditado como diretor, o filme foi um fiasco histórico que quase enterrou o universo cinematográfico, assim o Superman que quase morreu também.
Durante 3 anos, o universo DC tocou a vida e deu vários passos importantes para sair da sombra de Snyder, mas os fãs não esqueceram. Muito pelo contrário, as especulações sobre como o filme da Liga teria sido diferente na visão do diretor original, cortada brutalmente, criaram a lenda do Snyder Cut.
Aparentemente, após o próprio Zack Snyder e a maioria do elenco aderir à campanha #ReleaseTheSnyderCut em 2019, a lenda virou realidade. Em 2021, o corte será exibido no vindouro streaming da Warner, o HBO Max. Que jornada, hein?
This is real. #releasethesnydercut@HBOMax pic.twitter.com/Cnvupwg48W
— Zack Snyder (@ZackSnyder) May 20, 2020
Acima de qualquer crítica ou opinião sobre qualidade, o Snyder Cut é uma enorme conquista para os fãs e o diretor. O fandom, ou seja, a comunidade de aficionados a produtos culturais, tem mostrado um poder de impactar profundamente a indústria, positivamente.
Recentemente, foram as reclamações da comunidade unida que salvaram Sonic: O Filme (2020), forçando o estúdio a refazer o ouriço azul, num visual muito mais fiel aos games e que rendeu vários elogios da crítica, além de uma bilheteria respeitável.
Além disso, é louvável e inspiradora a vitória pessoal de Snyder, que estava longe dos holofotes desde a tragédia familiar. Persistir em trazer a visão dele mesmo depois de anos é um exemplo extraordinário de dedicação pelo trabalho.
Mas será que o corte dele vai corresponder aos anos de hype? E, a essa altura do campeonato, teria a Warner Bros. feito uma boa decisão? Existem motivos para acreditar que sim e que não. Vamos abordá-los com calma, que tal?
É sempre difícil trabalhar com verdades absolutas, pois sempre há exceções, mas, no caso de versões do diretor de filmes, elas quase sempre são muito melhores que o original.
Isso vale tanto para longas que não tiveram bons desempenhos no lançamento, como Blade Runner - O Caçador de Androídes (1982), que ganhou versões veneradas pelos fãs do cyberpunk e de Riddley Scott apenas em 1992 e 2007, como para obras já aclamadas, como Apocalypse Now (1979) e Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003), cujos cortes finais são considerados obras impecáveis.
Essa regra informal também vale para Zack Snyder. Tanto Watchmen (2009) quanto Sucker Punch - Mundo Surreal (2011) e até Batman vs Superman ganharam versões estendidas que, apesar de não salvar algumas das falhas, melhoram consideravelmente o produto.
Parece bem seguro afirmar então que o corte final de Liga da Justiça será melhor que a versão dos cinemas, o que não é muito difícil, né? Mas, será que "melhor" é o suficiente?
Mesmo com ótimos exemplos bem-sucedidos, o Snyder Cut ainda tem muitas circunstâncias que o diferem de todos os casos com finais felizes. Nunca houve tamanha expectativa para um corte de diretor e, mais importante que isso, já que o show deve continuar, o DCEU seguiu em frente.
Por mais que o fandom tenha força, nada muda o fato de que os filmes da DC tomaram rumo próprio após a saída de Zack Snyder. Sem o cineasta que era considerado o arquiteto de um universo compartilhado que prometia fazer frente ao da Marvel, os estúdios Warner recobraram o fôlego ao apostar em projetos diferentes.
A Mulher-Maravilha de Gal Gadot conquistou o público com uma versão mais humanizada da heroína com foco nas pautas feministas da diretora Patty Jenkins, enquanto Aquaman (2018) e Shazam (2018) foram para um lado mais cômico e bem-humorado, apoiados nos carimas másculos de Jason Momoa e Zachary Levi.
Além desses, Cathy Yan revitalizou a Arlequina de Margot Robbie com ousadia em Aves de Rapina (2020) e, acima de todos, o Coringa (2019) de Joaquin Phoenix obteve o maior sucesso da história do estúdio, indo na contra-mão de todos os filmes de HQ. Sem dúvida a maior conquista da carreira do diretor Todd Phillips e uma 'chacoalhada' necessária no gênero de filmes de herói.
Dito tudo isso, é evidente que a DC seguiu em frente depois da Era Snyder. Então revisitá-la seria mesmo uma boa escolha? Será que a atualidade dos heróis da DC ainda tem espaço para a história da Liga da Justiça, que já decepcionou uma vez? Poderia esse lançamento fomentar o retorno de Henry Cavill aos filmes, por exemplo?
É difícil afirmar qualquer coisa do gênero no momento, apenas que a Warner Bros. soube capitalizar um movimento popular para já garantir assinaturas ao serviço HBO Max. Agora, se o Snyder Cut irá corresponder ao hype imenso do fandom ou se provar válido aos olhos da crítica, resta ao tempo e ao cineasta mostrar.
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