O Rappa fecha primeiro dia do MADA sem mostrar inéditas
Por Bruna Veloso, de Natal Publicado em 15/08/2008, às 12h37 - Atualizado às 23h30
A 10ª edição do MADA - sigla para Música Alimento da Alma - começou tímida, com pouquíssima gente. O festival realizado em Natal, capital do Rio Grande do Norte, continua seguindo a fórmula do line-up indie temperado com bandas já consagradas no gosto popular - e é quando chega o horário desses grupos que o espaço em frente ao palco começa a ser preenchido.
Os fãs aguardavam que O Rappa tocasse músicas de seu novo álbum de inéditas, 7 Vezes, mas só ouviram trechos do single "Monstro Invisível", que já toca nas rádios brasileiras. Destaque também para o rock performático do Motosierra. As bandas foram as duas últimas a tocar nesta quinta, 14.
Os grupos revezam-se entre dois palcos idênticos, montados lado a lado. Enquanto um grupo se apresenta, a equipe técnica do seguinte já monta a aparelhagem no palco vizinho. Assim, quase não há intervalos entre os shows - o que prejudica quem tem a intenção de ver tudo na íntegra, já que uma ida ao banheiro (químico) significa perder algumas músicas.
A estrutura é bem organizada: os telões exibem boas imagens dos shows, o som é claro - e alto - e não interfere na programação da tenda eletrônica, montada nos fundos da arena, em uma parte mais elevada.
Quando Os Poetas Elétricos subiram ao palco, não havia filas para entrar no festival, cuja montagem é integrada a um hotel à beira mar. O cenário - devia haver pouco mais de 50 pessoas à frente da banda - dava a entender que a noite não seria de grande público. Poucas horas depois, muita gente se espremia a espera do O Rappa, atração principal da noite.
A banda local que abriu o festival mistura guitarras e batidas eletrônicas, com um pandeiro pontuando o ritmo em algumas músicas; em outras, um trompete divide as atenções com os dois vocalistas, Carito e Michelle Régis. A pernambucana Amps e Lina, escolhida por votação no Radar Indie (espécie de concurso que elegeu duas bandas para tocar em cada dia no festival) apresenta riffs de guitarras simples, mas bem arranjados.
A carioca NV lembra os Detonautas na sonoridade. A guitarra do quarteto, formado por quatro rapazes de cabeça raspada, é pesada, mas as letras são fracas e recheadas de clichês.
Quando a potiguar Rastafeeling, a segunda selecionada no Radar, entrou no palco, a platéia começava a ficar mais volumosa - e muita gente cantou junto com o vocalista as letras que, como não podia deixar de ser, evocavam a babilônia, o Leão de Judá e a "revolução rasta". O público que se animou com o reggae não deu muita atenção à local Brand New Hate. O som rasgado e o vocalista, com pose de rock star, não conseguiram pegar o público - nem com o cover de "20th Century Boy" (T. Rex), que lembrava mais a versão do Placebo que a original.
Foi um aquecimento para a entrada da uruguaia Motosierra. Claramente inspirado em Iggy Pop, o vocalista Marcos Motosierra veste calças justas, sem camiseta; se joga no palco, grita, abaixa as calças (mas, diferente do ícone norte-americano, só o faz de costas para o público) - e não sente nenhum pudor em me jogar no chão, roubar meus óculos e fazer poses para a câmera. Depois da apresentação, pede desculpas. A performance chama mais atenção que o som, e as estripulias do frontman prendem os olhares do público.
Às 2h05 da manhã, a atração final sobe ao palco: O Rappa entra ovacionado pela arena completamente lotada. Diante dos sucessos apresentados pelo grupo, a massa pula em total sincronia, canta e grita como se hoje não fosse uma sexta-feira normal, de trabalho, em Natal. Quando Lauro inicia "Mar de Gente" no baixo, o público parece gastar toda a força dos pulmões, gritando em reverência à música.
No bis, o DJ toca um trecho "Praise You", do Fatboy Slim, antes de Falcão encerrar o show com "Pescador de Ilusões". A banda sai de cena depois de mais de 90 minutos de show, exaltada pela platéia.
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