"Hoje em dia os produtores fazem todas as bandas parecerem alternativas", diz Mike Ness, vocalista da banda; lendas do punkbilly começam turnê brasileira nesta quinta, 15, em Porto Alegre
Por Cassiano Barbosa
Publicado em 15/04/2010, às 17h03"Finalmente" deve ser a palavra mais ouvida no underground do rock brasileiro quando o assunto é a chegada do Social Distortion. Um dos últimos ícones ativos do punk rock norte-americano, a banda chega ao país pela primeira vez para uma turnê. O show inicial da maratona acontece nesta quinta, 15, em Porto Alegre (Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba também estão no roteiro).
O punk rock fortemente melódico, recheado de influências de rockabilly, country e folk, e as letras baseadas na experiência de vida turbulenta de Mike Ness, cantadas com seu inconfundível vocal rasgado, impõem a marca registrada da banda. Veteranos - o grupo foi fundado em 1978 - , os integrantes ganharam o respeito de fãs ao redor do mundo inteiro, além de terem influenciado Green Day e Pearl Jam, para citar apenas alguns.
Mesmo sendo admirado por grupos como esses, o Social Distortion não chegou a ganhar o mainstream, apesar de ter tido algum destaque no início dos anos 90. Mas isso não parece ser problema para Ness. "Eu me considero bem-sucedido. Estou fazendo a música que eu amo, tenho uma vida muito boa e sustento minha família, portanto não fico pensando no sucesso de outras bandas." Entre essas outras bandas, Ness também menciona as conterrâneas e contemporâneas Red Hot Chili Peppers e Jane's Addiction, que cunharam então o termo "alternativo" na Califórnia. "No meio dos anos 80, havia só bandas como Mötley Crüe e Poison no mainstream. Nós vínhamos com uma proposta de fazer algo diferente."
O poder dessa sonoridade foi além - e hoje artistas que nada têm da atitude punk, a exemplo dos bons moços do Jonas Brothers, usam elementos sonoros dessa vertente do rock. Sobre isso, Ness é irônico: "Acho [essas bandas] bonitinhas", ele ri. "Hoje em dia os produtores fazem todas as bandas parecerem alternativas ou 'punky', além de cuidarem do visual para estarem cool e na moda. Para mim, punk sempre foi algo mais interno do que externo: fazer o que você gosta e não se importar o que os outros pensam. Mas eu não posso reclamar muito, já que quanto mais popular esse tipo de som fica, mais pessoas terão acesso à nossa música e ouvirão o que a gente tem para dizer."
Com disco novo em andamento, produzido por Ness, o Social Distortion deve mostrar algumas inéditas nos shows pelo Brasil. "Provavelmente uma ou duas, mas aqui não é Los Angeles. Como nunca tocamos aqui, é importante fazer uma coleção de músicas de nossa carreira." Dono de um leal séquito de fãs por aqui, o vocalista garante que ele e seus companheiros estão não menos do que empolgados com a primeira visita ao país. "Espero um público bem enérgico, sempre ouvimos falar de como gostam de nosso som e estamos ansiosos para presenciar isso e dar o nosso melhor."