Truckfighters - Divulgação

“Somos como um vírus”, diz vocalista do Truckfighters

Com reputação crescendo no boca a boca, chegando até o vocalista do Queens of the Stone Age, banda de stoner rock sueca é atração principal da primeira edição do festival potiguar DoSol em São Paulo

Pedro Antunes Publicado em 01/11/2012, às 09h32 - Atualizado às 11h57

“O termômetro aqui está em 0°C”, diz do outro lado da linha Oskar Cedermalm, mais conhecido como Ozo, voz e baixo da banda Truckfighters. Ele está em sua casa em Örebro, cidade onde nasceu, na Suécia. A voz que vem do frio pela linha telefônica se assusta com os mais de 30°C daquela terça-feira, 30, em São Paulo. “Cacete!”, soltou o músico quando descobriu a diferença térmica. “Mas é bom, eu gosto do calor do sol. Gosto dos dois, na verdade, do sol e da neve”, completa.

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O líder da atração que fecha a 9ª edição do festival potiguar DoSol, a primeira em São Paulo, no dia 3, vem pela primeira vez para a América do Sul. E, logo na turnê de estreia, a banda fará oito performances em 11 dias – em Buenos Aires (2 de novembro), São Paulo (3), Goiânia (4), Natal (6), Recife (8), Maceió (9), Natal (10) e (Mossoró). A turnê é dura: “Temos mais shows marcados na França e no Reino Unido. Gostaríamos de ficar mais tempo – é o que costumamos fazer”, diz. “Ouvimos rumores de que vocês são loucos, espero que cantem e pulem muito.”

Ainda que o tempo de permanência no Brasil esteja longe do ideal, o simpático Ozo aproveita a entrevista para perguntar um pouco sobre o país. “Qual língua vocês falam por aí?”, pergunta. “Português”, respondo. “No país inteiro?”, ele continua, para uma nova reposta positiva. “Desculpe, eu não sabia de nada”, diz ele, depois de um pequeno papo sobre como se deu a colonização espanhola e portuguesa na América Latina.

Justamente por ser a primeira vez em que o grupo formado também por Dango (Niklas Källgren, guitarra) e Pezo (Oscar Johansson, bateria), Ozo planeja um show diferente daquele que vem sendo elogiado pela Europa e, no ano passado, pelos Estados Unidos. “Podem esperar músicas antigas”, avisa. “Muita gente nunca ouviu elas ao vivo. Tentaremos espremer o set list e tentar encaixar alguma canção nova, mas ainda não planejamos”, revela.

Ele garante que tentará tocar três ou quatro músicas de cada um dos três discos lançados pela banda – Gravity X (2005), Phi (2007) e Mania (2009) – e, pelo menos, alguma inédita do quarto álbum já pronto para lançamento. “Ainda estamos procurando gravadoras, ouvindo algumas propostas”, conta. “Vamos tentar incluir alguma, sim!”

Foi com um stoner rock de primeira que o grupo despontou no início dos anos 2000. Aos poucos, eles viram sua base de fãs crescendo no boca a boca e chegando até gente do calibre de Josh Homme, voz e guitarra do poderoso Queens of Stone Age. “Eles são a maior banda do mundo!”, disse Homme, no documentário sobre os suecos chamado Fuzzomentary , lançado no ano passado.

Vem surgindo um hype em torno do Truckfighters entre os garageiros underground ao longo destes pouco mais de dez anos de banda. Ozo, sem modéstia, reconhece que o nome da banda vem se espalhando quase como por osmose, sem grandes estratégias. Na realidade, há apenas uma: shows viscerais e barulhentos. “Quando você fala com pessoas da indústria e elas já sabem quem você é, isso já é alguma coisa. Fomos crescendo no boca a boca. Somos como um vírus”, afirma.

O lado stoner, diretamente influenciado por Dryuss e Dozer, vai sendo aos poucos deixado de lado e a banda parte por um viés mais progressivo, talvez remetendo à iniciação musical de Ozo, com Kiss e, principalmente, Deep Purple. “O Black Sabbath [grande influência para os primórdios do stoner rock] veio só depois”, conta. Encontrando um som único, Ozo quer passar a ser referência. “Quem sabe assim nós passemos a ser citados como influência de outras bandas. Isso seria muito legal”, diz o músico. E ele garante: “O novo álbum estará alguns passos a frente de Mania. Está bem melhor”.

Longe do pop do Abba e do death metal pedregoso que costumam vir da Suécia, o Truckfighters se baseia em uma combinação poderosa de baixo, guitarra e bateria – um trio que parece sexteto, tamanha a potência sonora de cada um. Ao se fechar os olhos, Ozo e companhia nos levam para um cenário seco, debaixo de um sol a pino, pouca água e solo árido. “Para mim é quase isso, mas eu troco o calor pelo frio de um deserto da Suécia”, diz ele, em um novo choque térmico.

Veja os horários do shows do Festival DoSol:

19h30 - Monster Coyote

20h10 - Orozco

20h50 - O Terno

21h30 - Forgotten Boys

22h10 - Vivendo do Ócio

23h - Truck Fighters (Suécia)

Festival Dosol em São Paulo

Sábado, dia 3 de novembro, a partir das 18h

Local: Cine Jóia – Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade – São Paulo.

Ingressos: R$ 60 (1º lote), R$ 80 (2º lote) e R$ 100

Informações: 11 3231-3705 ou no site oficial da casa

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