Cantor trouxe ao palco o grupo de rappers no qual começou a carreira e, apesar de show animado, dispersou público que esperava apenas por hits
Bruna Veloso Publicado em 13/05/2012, às 08h28 - Atualizado às 11h57
Cee Lo Green tem fama de ser difícil longe dos palcos, mas o que se viu na apresentação do cantor na noite de sábado, 12, no festival Sónar, foi um homem que parecia estar se divertindo a cada minuto. Ele fez um bom show, porém um tanto deslocado dentro do line-up do palco SonarClub. O público, que aguardava ansiosamente o duo Justice, não esperava pelo que foi a grande surpresa da noite – a reunião dos integrantes do grupo de rap Goodie Mob, no qual Cee Lo começou a carreira na música.
Às 22h20, 20 minutos após o horário marcado, a banda do cantor subiu ao palco (três backing vocals, baixista, tecladista, baterista e guitarrista). Pouco depois Cee Lo apareceu, vestido inteiramente de branco, sorrindo todo o tempo e pedindo que o público levantasse os braços durante a execução de “Bright Lights Bigger City”, do premiado disco Lady Killer, de 2010.
Como foi de praxe em shows do SonarClub, o grave das caixas de som estava altíssimo – algo ótimo para alguns DJs, mas um tanto prejudicial para bandas ao vivo. “Wildflower” e “Satisfied”, por exemplo, foram prejudicadas pelo destaque dado ao bumbo da bateria e ao baixo (um instrumento de cordas verdes fluorescentes, tocado pelo instrumentista sem palheta). A guitarra muitas vezes era inaudível, à exceção do solo na ótima cover de “Let’s Dance”, de David Bowie.
Cee Lo dançou muito, suou muito e, claro, cantou muito. Mesmo que o som não estivesse totalmente claro, ele mostrou a versatilidade de sua voz apresentando notas altas, trechos de canto mais suave e fazendo rap. Também conversou constantemente com o público. “Quero dedicar uma dose de tequila a vocês”, disse antes de cantar “Gone Daddy Gone”, do Gnarls Barkley, que forma ao lado de Danger Mouse. Referências a bebidas e drogas não faltaram: “Sexo, drogas e rock and roll, esse é o meu negócio”, ele afirmou a certa altura. Mais tarde, contando o quanto estava se divertindo, disse: “Tomei alguns drinks e tenho drogas no meu sistema, isso é legal”.
A animação de Cee Lo deu conta de entreter quem aguardava pelo Justice, mas o que deveria ter sido uma surpresa importante para um público mais afinado com artistas de rap acabou amornando a plateia: a participação do Goodie Mob, que tomou quase um terço do show de 1h10. “Muita gente só está me conhecendo agora, mas eu estou aí há 18 anos. Hip-hop é o meu coração, é de onde eu vim”, ele bradou antes de chamar Big Gipp, Khujo e T-Mo ao palco. Nessa momento, que contou músicas como “Soul Food” e “Get Rich to This”, Cee Lo atuou como coadjuvante.
As atenções voltaram a ele novamente com “Crazy”, maior hit do Gnarls Barkley. Mas, claro, o ponto alto do show foi “Fuck You”, última do set list – e uma das poucas cantadas realmente com entusiasmo por parte da plateia.
O Sónar terminou para Cee Lo do jeito que ele parecia querer: contente, ele tomou mais uma dose de tequila, jogou um pouco da bebida na boca dos amigos rappers, que voltaram ao palco no fim da apresentação, e atirou a garrafa (quase vazia) a pessoas próximas da grade. Saindo do palco, ele ainda brincou, abaixando a bermuda.
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