Agência atua como distribuidora e investidora no desenvolvimento de projetos da sétima arte
Por Ru Arriaza Publicado em 13/04/2015, às 15h38 - Atualizado às 15h48
“Girls, girls, girls”. Não se trata da música do Mötley Crüe, mas sim de um letreiro estilo lambe-lambe na porta de um cinema pornô no centro de São Paulo. Antigamente a cidade era conhecida por ter alguns dos cinemas mais bem equipados da América Latina, que exibiam os maiores sucessos das décadas de 1940 e 1950 de Hollywood e do Brasil.
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O Art Palácio, na Avenida São João (região central), onde estreavam os filmes do lendário ator, produtor e cantor Mazzaropi, chegou a contar com filas que davam a volta no quarteirão. Hoje, decadente e desgastado, ainda sustenta um leve toque de elegância, mas exibe seus clássicos para fantasmas em veteranas cadeiras destroçadas.
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São Paulo, cada vez mais, é tomada por muros. Durante décadas, houve relutância da população circular pela cidade devido à degradação das vias públicas. Isso causou o confinamento em shoppings. O cineasta Fernando Meirelles entende que há uma necessidade de se escapar da monocultura dentro da qual o cinema segue a lógica de mercado, que restringe o número de produções e títulos para o público. “Acho que a mudança de cinemas de rua para cinemas de shopping tem mais relação com as transformações e usos que fazemos das cidades. Fazer compras deveria ser apenas uma atividade necessária, embora maçante. No entanto, virou entretenimento. Dentro desta lógica, faz sentido os cinemas irem parar nestes centros de ‘diversão’ Faz sentido mas acho uma pena”.
Apesar de o circuito cinematográfico estar engessado quase inteiramente às grandes redes de distribuição, atualmente, existe um projeto criado pela prefeitura, baseado em uma demanda que já tem mais de 30 anos, de investir no cinema nacional e latino e em espaços de projeção. No final de janeiro foi lançado o SPcine, que planeja lançar 82 salas de cinema por todas as regiões da cidade, adaptar locais e revitalizar cinemas existentes, como o Cine Art Palácio. “Queremos que as pessoas tenham mais opções culturais. Seja indo ver um filme no shopping, seja na rua. Vamos investir em produções latinas e nacionais para o gênero de filme de arte, valorizando o meio e dando voz para tantos talentos negligenciados e na criação de espaços de exibição nas periferias”, crava Raul Perez, assessor de comunicação e conteúdo do projeto.
A ação conta com um investimento total de R$ 65 milhões – R$ 25 milhões da prefeitura, R$ 25 milhões do governo do Estado e R$ 15 milhões da Ancine. O SPcine já nasce com um edital de R$ 20 milhões e está dividido em R$ 12 milhões para produção cinematográfica, R$ 6 milhões para distribuição e R$ 2 milhões para produções de pilotos de TV.
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