- Mark Hamill (Luke), Carrie Fisher (Princesa Leia) e Harrison Ford (Han Solo) no filme original,em 1977 (Foto: LUCASFILM LTD.)

Star Wars, o fenômeno: como a saga revolucionou o mundo nerd e mudou o jeito de ser fã [Análise]

Entre sabres de luz, batalhas espaciais e desafio a Hollywood, George Lucas criou o maior legado geek da história

Yolanda Reis Publicado em 25/05/2019, às 12h00

Há exatos 42 anos, chegava aos cinemas o primeiro Guerra nas Estrelas (hoje, oficialmente, o título é Star Wars). A estreia tímida, feita em somente 32 salas de cinema dos EUA, não previa o que estava para vir: o maior fenômeno da indústria cinematográfica. Mas, poucos dias depois, a saga mostrava a que veio.

Não por acaso, 24 de maio foi a data escolhida para celebrar o Dia do Orgulho Nerd. Todo o frisson meteórico causado por Episódio IV - Uma Nova Esperança, criou o que hoje conhecemos por fandons, e abriu o caminho para diversas das aventuras nerds que o mundo atual ama.

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São ao todo 11 filmes já lançados, e pelo menos mais 5 confirmados para o futuro. O enredo original é composto de três trilogias, inicias em 1977, 1999 e 2015. Além disso, há mais de 300 obras cânones da saga. Isso sem contar os produtos licenciados - em 2015, estimavam-se  400 mil objetos licenciados sendo vendidos sob o nome Star Wars.

Foi o primeiro filme da história a conseguir dinheiro com brinquedos associados a um filme. Personagens, naves, uniformes, cenários, armas... Tudo era novo e poderia facilmente virar um brinquedo. A produção não foi fácil - simplesmente não havia precedentes de bonecos de filmes, e ninguém queria arriscar. Mas, nos meses seguintes à estreia do primeiro filme, perceberam que ali tinham algo especial - e resolveram investir no natal.

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Sem tempo para fabricar os brinquedos a tempo da data, o que foi comercializado inicialmente foi um cartão de papelão. Depois, quem tivesse o cartão depois poderia trocar por 4 bonecos. Assim, um pedaço de papelão foi campeão de vendas no fim de ano de 1977.

Depois dos bonecos, vieram as armas laser e os sabres de luz. Somados com os bonecos, em 1978, 42 milhões de unidades haviam sido vendidas. Em 1985 (muito antes da segunda trilogia ser lançada ou a primeira ser remasterizada, ou até mesmo antes de Despertar da Força e Rogue One, que geraram mais produtos do que todos os outros somados), havia mais bonecos de Star Wars no mundo do que pessoas nos Estados Unidos. Em 2015, 20 bilhões de produtos relacionados ao nome tinham sido vendidos na história.

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O sucesso de Star Wars foi algo inesperado e estranho para a época (e estrondoso até hoje) - não existiam fandoms, filas para filmes, e nada dessas coisas que vemos aos montes em época de Vingadores. Antes da criação de George Lucas, não era nem esperado que os filmes tivessem sequencia - SW foi pioneiro nisso e em muitas coisas mais.

Nos anos 1970, quando o jovem diretor começou a criar todo o universo, não sabia o estrondo que causava.  Com certeza, não sabia que desse roteiro inicial sairiam mais 11 filmes. E nem imaginava que, um dia, Star Wars iria mudar a forma de fazer cinema e de ser fã. Conheça um pouco da história de Star Wars e do difícil caminho de George Lucas, e tudo o que seus fãs conquistaram em 42 anos de história:

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Antes de Star Wars

George Lucas sempre foi fissurado por ficção científica e aventuras espaciais. Quando criança, passava horas desenhando cenários e escrevendo aventuras para suas figuras de ação de Flash Gordon e monstros moldados em papelão, sucata e papel machê. Usava umas Super-8 emprestada para gravar as histórias - com direito a stop-motion para efeitos especiais de explosões e desmoronamento.

Alguns anos depois, na adolescência, Lucas e um colega resolveram explorar esse amor por cenários para ganhar dinheiro. Em seu quintal, o garoto montou uma casa mal assombrada recheada de efeitos especiais, efeitos de luz e partes interativas. As outas crianças do bairro pagavam para ver a atração. E sempre que a história ficava batida, Lucas refazia todo o cenário e criava uma nova experiência.

Foi essa mente inventiva e a vontade de criar que liderou George Lucas para seu próximo passo: a faculdade de cinema na Universidade da Califórnia do Sul. Foi lá que conheceu Ford Coppola (e você deve conhecê-lo como o diretor de O Poderoso Chefão) e, juntos, deram seus primeiros passos no sucesso da máquina de Hollywood.

A vida de cineasta

No início dos anos 1970, Lucas e Coppola eram dois jovens com ideias revolucionárias que não queriam ceder às pressões corporativas na hora de criarem sua arte. Criaram, então,  a American Zoetrope, produtora, e fizeram seu primeiro filme, American Graffitti: Loucuras de Verão, baseado em um curta produzido na faculdade. O longa fez relativo sucesso, e gerou uma pequena fortuna aos dois.

Eles eram Os Nomes da revolução cinematográfia. Com American Graffitti, arrecadaram US$ 55 milhões a partir de um orçamento de apenas  US$ 400 mil. Chamaram atenção das grandes empresas, e Coppola foi contratado pela Warner, ganhando milhares de dólares por semana para produzir THX 1136, uma aventura espacial dirigida por Lucas. Não agradaram. O filme foi visto pela mídia como um fracasso, e o New Yorker o descreveu como uma “distopia de roupas brancas, soturna e ofuscante” e disse que encontrava “algum talento, mas 'arte' demais”.

Isso balançou a confiança e a vida financeira de Coppola e Lucas. A American Zoetrope foi forçada a pagar US$400 mil à Warner, e portanto eles começaram a alugar suas máquinas para edição de comerciais. Nessa época a Paramount convidou por diversas vezes Coppola a dirigir O Poderoso Chefão. Ele aceitou apenas por questões financeiras, pois odiava a ideia de se curvar à máquina Hollywood, e Lucas começou a procurar trabalho por todo lugar.

Lá vem Star Wars

Novo no mundo dos cinemas, Lucas se dava bem em questões experimentais, mas não muito nas grandes empresas. THX, embora tenha sido um fracasso de bilheteria, impressionou os cabeções de Cannes. Logo, foi chamado para refazer American Graffitti pela United Artists, companhia fundada por Charles Chaplin e dona dos primeiros 007. No dia de assinar o contrato, o presidente da UA, David Picker, perguntou se ele tinha alguma outra ideia para filmes. Ele tinha.

Há anos, Lucas formulava em sua cabeça uma história sobre uma aventura espacial à la Flash Gordon, mas muito, muito mais impressionante. Nascido no fim da Segunda Guerra Mundial e criado na Guerra Fria, a inspiração temática se tornou essencial. A época resultou em uma discussão aprofundada sobre guerras: estava na capa do jornal, da revista, na TV e nas telas de cinema. Lucas convivia com a guerra (inclusive seu cunhado morreu em uma batalha na Coréia, quando ele tinha cerca de dez anos). E, juntando com seu amor às estrelas, veio o primeiro esboço.

No dia 3 de agosto de 1971 a UA registrou oficialmente o nome “The Star Wars”, o que não agradou muito os poderosos das empresas; para eles, o nome era uma cópia fajuta de Star Trek, série espacial de enorme sucesso na época. Mas os fãs da série, sim, pararam para olhar o que era aquilo.

Era uma boa época para a ficção científica. Além de Star Trek, 2001: Uma Odisseia no Espaço e Planeta dos Macacos tinham conquistado a América. Os estúdios ansiavam por sci-fi e inovação no cinema. E a UA começou a pressionar Lucas para The Star Wars sair logo do papel.

Lucas descreve os momentos de construir roteiros e argumentos para os filmes como os piores de sua vida. Passava horas, dias, semanas em seu sótão tentando escrever: criava personagens e movimentos de câmera e efeitos especiais… Mas pouquíssimas cenas concretas.

Demorou diversos meses para a primeira história tomar forma. E a primeira versão de Star Wars não tinha nada a ver com a que conhecemos hoje: era um diário de bordo escrito por C.J.Thorpe, aprendiz-padawan do famoso Jedi-bendu Mace Windy, um samurai espacial. A história foi descartada.

Então, criou Luke Skywalker, um general ancião e respeitável que treinava dez garotos perdidos para a missão de resgatar a princesa do Império. Eles estariam em um aeroespaço procurando por carona para sair do planeta. O tratamento já trazia a cena da cantina, mas com Luke cortando o braço de um oportunista. Depois de serem sequestrados diversas vezes, e escapando em todas, Luke treina seus alunos para pilotar caças, e assim libertar a princesa.

No fim das contas, a UA não quis saber, a Universal ignorou a premissa, mas a FOX, mãe de Planeta dos Macacos, apostou na história maluca. Contrato Fechado. US$150 mil para escrever e dirigir, mais 40% dos lucros para a Lucasfilm. Orçamento de US$ 3,5 milhões (baixo para a época - comédias românticas recebiam cerca de US$ 20 milhões - mas alto para filmes de ficção científica).

Mas aí, voltou o drama: escrever! Várias versões de história surgiam e eram descartadas. Personagens conhecidos hoje eram totalmente diferentes - Han Solo, por exemplo, era um alien de pele verde. Só depois de inventar Darth Vader, os Stormtroopers e a Aliança Rebelde, e na quarta tentativa de manuscrito, nasceria a história que conhecemos hoje.

Primeiro Filme

Seis meses antes da estreia de Star Wars, a história foi romantizada. From the Adventures of Luke Skywalker teve 250 mil cópias impressas e foi distribuído com a esperança de que os jovens entusiastas o adorassem e criassem expectativa para o filme. Deu certo. Em quatro meses chegou a best-seller e teve sua tiragem esgotada.

Embora os fãs estivesses empolgados, a indústria ainda não botava fé. Star Wars estreou em apenas 32 salas dos Estados Unidos, e somente um jornal fez uma crítica. Mas agradou muito o público pelas inovações cinematográficas.

Para começar, o logo gigantesco preenchendo a tela de um jeito agressivo. Então, um prefácio em palavras, subindo devagar pela tela. Aí, uma verdadeira inovação: sem créditos iniciais (antes disso apenas três filmes visionários haviam feito isso: Fantasia (1940), Cidadão Kane (1941) e Amor, Sublime Amor (1961). Os produtores não gostaram nada, mas Lucas não queria perder um segundo da atenção dos primeiros minutos de seu filme.

E então, a cena que se tornaria uma das mais icônicas e repetidas no cinema: a entrada da Tantive IV, seguida pelo enorme destróier estelar imperial. O medo da equipe era que o público desaprovasse as maquetes e a montagem. Mas a cena foi perfeita. A plateia vibrava. Estava feito. Lucas conquistou o público em menos de três minutos de filme. Antes dos cinco já haviam aparecido a princesa Leia, os Stormtroopers e Darth Vader, e o lado do bem e do mal estavam definidos. O filme estava encaminhado.

Logo no primeiro dia, as 32 salas que exibiam Star Wars arrecadam a média de uma semana de vendas de ingressos de outras estreias. As filas começaram a ficar enorme, a ponto da polícia ser chamada para poder controlar tudo. Dezenas de produtos com o nome do filme eram comercializados. Lucas e sua criação viraram sucesso.

O cineasta queria fazer sequências, mas só produzir, e não dirigir. Seu sonho real era abrir uma loja de quadrinhos e hambúrgueres, e talvez uma de brinquedos, como seu pai. Mas começou a trabalhar no segundo filme poucos meses depois da estreia. Uma aventura arriscada: na época sequências não eram comuns, e as que tinham costumavam ser um fiasco.

Mas Lucas teve um jeito inusitado de cultivar o interesse: um spoiler do filme. Não qualquer um, mas o spoiler que hoje é o principal (ao ponto de nem ser mais considerado spoiler): Luke é filho de Darth Vader. E a história principal de Star Wars estava traçada: bem vs o mal. Vader vs Skywalker. Jedi vs Sith.

O enredo aberto foi pensado para garantir quantas sequencias Lucas quisesse fazer. E mesmo nos anos 1980, o diretor já dizia que seriam, ao todo, pelo menos 12 filmes. E os fãs sabiam que veriam mais de Star Wars quando o segundo filme ganhou o título de Episódio V. Este, e Episódio VI fecharam a primeira trilogia, deixando em aberto os episódios I, II e III.

Prequelas e continuações

Passaram-se 11 anos entre o lançamento de Star Wars: Episódio VI - O Retorno de Jedi e o começo da produção do filme seguinte de Star Wars que seria a primeira parte da história cronológica. Mas o medo de Lucas e das produtoras era que, depois de tanto tempo, a saga estivesse esquecida.

Os fãs, no entanto, não só lembravam: estavam empolgados. Na época, eram raros os filmes produzidos quase totalmente de modo digital (poucas cenas do Episódio I não usaram Chroma Key). A imprensa também ficou feliz com o retorno. Star Wars ganhou manchetes de primeira capa, roubando destaque de notícias como o bombardeio da OTAN e o massacre de Columbine. O Episódio I - A Ameaça Fantasma estreou em 7,7 mil salas de cinema dos EUA, contra as 32 do primeiro filme, e 2,2 milhões americanos faltaram no trabalho para poder assistir logo a continuação.

A produção seguinte, Star Wars: Episódio II - O Ataque dos Clones, foi o primeiro da saga a ter estreia mundial simultânea - algo raro em 2002 - e em quatro dias, sua bilheteria cobriu o orçamento de US$ 116 milhões.

E então, em 2005, veio Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith, para amarrar a série. Foi difícil para Lucas tapar todos os buracos, e só conseguiu entregar o manuscrito definitivo quatro dias antes do início das filmagens. Mas estava feito: o Star Wars de George Lucas estava completo.

Fase Disney

Sete anos depois de anunciar o fim de Star Wars, Lucas mudou parcialmente de ideia. Não queria, mesmo, fazer mais filmes, mas queria vê-los. Vendeu a Lucasfilm para a Disney por uma bagatela de US$ 4,05 bilhões. Com o acordo, foram também os tratamentos dos episódios VII, VIII e IX, os últimos da série, e fez a empresa jurar que não ia seguir sua história.

Star Wars: Episódio VII - O Despertar da Força veio em 2015, três anos depois da venda. Mostrava a sequela da trilogia original. Bateu, na época, o recorde de melhor estreia, e arrecadou US$ 529 bilhões no primeiro final de semana, e demorou só 12 dias para conseguir US$ 1 bilhão, colocando-o entre as três melhores posições até 2015. Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi, de 2017, seguiu caminho parecido: US$ 450,8 milhões no primeiro final de semana.

E em 2019, a saga feita por Lucas há tantos anos, finalmente, chega ao fim. Star Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker completa a terceira trilogia Star Wars e encerra, de vez, a trama dos Skywalkers.

Loucuras de Fãs

Star Wars foi muito além dos filmes. Em 2013, a estimativa era que, apenas no âmbito oficial, existissem 260 romances, 180 jogos de videogames e mais de 1 mil edições de HQs da saga, além de diversas séries de TV, como Droids, Ewoks, The Clone Wars, Unlimited.

Os produtos lançados ao longo de 40 anos fizeram com que os fãs de Star Wars tenham ultrapassado de geração, e hoje, têm uma idade que varia dos 6 aos 60 anos, considerando os adolescentes que assistiram ao  primeiríssimo filme da saga, lá em 1977.

E o fenômeno dos fãs de Star Wars foi algo inédito e bizarro. Tudo começou, naturalmente, junto com Uma Nova Esperança. Em 1977 não havia internet nem telefone celular, e toda a interação era feita boca a boca. Na sua primeiríssima sessão de testes, 20 estudantes universitários foram convidados para assistir à prévia do filme. Eles vibravam. Amaram. Saíram de lá ligando para vários amigos e contando sobre o que tinham acabado de ver. A expectativa do filme começou sendo formada assim, no tete-a-tete. 

Na época do lançamento, como não tinham um ambiente fixo para se encontrar e trocar ideias, os jovens aguardavam do lado de fora da porta de cinemas para, animados, conversarem com fãs recém-formados que saíam das sessões. As lojas de discos e quadrinhos, relativamente escassas, agora se viam polvilhadas por “nerds” falando do maior filme da história: Star Wars. Foi a primeira vez que multidões marcavam reuniões para falar sobre um filme.

Quando a sequencia O Império Contra Ataca surgiu, o mundo viu algo no mínimo estranho acontecer: os fãs faziam filas para aguardar a estreia do filme por dias a fios, dormindo ao relento, completamente ansiosos. E a repercussão pós-filme foi uma das maiores da história.

Depois da bomba-eu-sou-seu-pai, diversos fãs se recusaram a acreditar. A discussão se espalhou por parquinhos, na boca de crianças, salas de universidade e escritórios de trabalho. O público, não acostumado com finais tão abertos, dividia-se entre revoltados e ansiosos. Todos queriam a continuação. E isso garantiu as enormes filas na estreia do próximo episódio - muito maior do que as já vistas antes para qualquer filme na história.

O fã-clube oficial estava enorme, e crescendo vertiginosamente: em 1984, cerca de 184 mil pessoas assinavam as fanzines oficiais. Em 1999, na época da segunda trilogia, já eram 2 milhões. O grosso dos fãs de Star Wars era formado por homens adultos, e esses começaram a acampar do lado de fora dos cinemas mais de um mês antes da estreia de Episódio I - A Ameaça Fantasma. Armados de barracas, dormiam na rua, e formaram grandes amizares. Tinham um esquema de facções e revezamentos para garantir os lugares na fila.

A loucura chamou atenção de todo o mundo. Os acampantes receberam três computadores da IBM (e os usaram imediatamente para assistir a uma cópia pirata de Hollydays Especial, um spin-off de Star Wars), um cabo de fibra óptica (o ano era 1999, o wi-fi não era nem imaginável), diversas doações de alimentos e barracas novas. Um milionário, só por diversão, deu um sabre de luz para cada um e ficou vendo todos lutarem. Turistas paravam para fotografá-los. Os produtores do filme iam cumprimentá-los.

E aí, chegou o dia. Depois de 16 anos em jejum forçado, os fãs queriam ver um novo Star Wars. A maioria dos acampantes entrou deixando lágrimas no cinema. Alguns beijaram o carpete. Uns poucos desmaiaram. E um casal até noivou antes do filme começar. Paixão.

Mas talvez o feito mais notável dos fãs de Star Wars é 501st, literalmente, uma legião de fãs reunidas ao longo de anos que fazem eventos com uniformes de Stormtroopers. Começou timidamente, como uma brincadeira, quando Albin Johnson fez uma fantasia tosca para usar na estreia de O Império Contra Ataca. Os outros fãs da fila ameaçaram até bater nele - na época, não era comum um adulto usar uma fantasia, ainda mais para assistir um filme.

Mas Johnson não desanimou. Ele e um colega começaram a trabalhar para criar as fantasias perfeitas. E na estreia de O Retorno de Jedi, foram juntos - e todo mundo na fila adorou. Foi quando resolveu que queria juntar o maior número de Stormtroopers que conseguisse. Fez um site e convidou pessoas para se juntarem ao grupo. Três anos depois, eram 150 soldados. Hoje, a 501st tem legiões em 47 países diferentes, se reúnem em cerca de 67 QGs. Ao todo, tem 7 mil soldados. (só para contexto, isso é mais ou menos o dobro do que Júlio César, o imperador, teve em seu auge). 

Não é qualquer um que entra para o pelotão, e as regras são muitas e essenciais: uniformes devem ser feitos à mão de acordo com um modelo padrão, e cada uma das guarnições precisam ter um - e apenas um - Darth Vader para comanda-los. A 501st é tão visualmente perfeita e organizada que faz os eventos oficiais de Star Wars para a Disney. É a união perfeita de tudo que fez a série: seus fãs, a fantasia, os filmes, e a empresa.

Há mais de 40 anos, Star Wars está em quase todos os lugares: os memes da internet, propagandas de carro, livros de escola, é citado em nossas séries favoritas (quem nunca invejou a armadura de Stormtrooper que Barney, de How I Met Your Mother, tem na sala de estar?). E, com pelo menos cinco filmes pendentes, o trabalho de George Lucas não vai sumir tão cedo. E que venham mais Guerras nas Estrelas!

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