Plataformas de análise de dados para artistas crescem cada vez mais e a concorrência aumenta
Amy X. Wang, Rolling Stone EUA Publicado em 10/08/2019, às 10h00
Quando o Metallica programa uma turnê, a banda não só se prepara para tocar os maiores hits nas grandes cidades. De acordo com o CEO do Spotify, Daniel Ek, o grupo usa dados das plataformas digitais para identificar as preferências específicas dos fãs, adaptando o setlist dos shows à localização.
Em 2018, em uma teleconferência sobre os resultados do Spotify, Ek compartilhou detalhes que fazem do Spotify for Artists, um sucesso. A ferramenta é um painel analítico para músicos, que providencia informações como inclusão de playlists, streams por período de tempo e rankings geográficos de popularidade.
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Para não ser superada pelo Spotify, a Apple Music lançou, no dia 8 de agosto de 2019, a Apple Music for Artists - uma plataforma analítica que passou 2018 no formato beta, mas que agora está disponível para todos os artistas do serviço de streaming.
A plataforma oferece informações detalhadas sobre lançamento de músicas por meio de métricas demográficas dos ouvintes, tendência de inclusão de playlists e popularidade no Shazam e iTtunes, que fornecem dados exclusivamente à Apple. (A gigante da tecnologia comprou o Shazam no final de 2017, e é o maior serviço de streaming conectado a um mercado de download.)
Em uma demonstração do novo software para a Rolling Stone EUA, representantes da Apple compartilharam diversas maneiras em que os dados poderiam ser cortados, notando que a esperança é que os artistas sintam a experiência "como se tivessem os próprios dados científicos à disposição."
O novo programa pode ajudar a conseguir informações sobre ouvintes de cada cidade em cerca de 100 países, mandando alertas automáticos para usuários. As notificações são para avisar sobre números de streaming, novas inclusões em playlists e outros dados.
A plataforma agora também pode ser usada no celular, o que mira, claramente, na direção do Spotify for Artists. Segundo a Apple, para acrescentar novas funções na ferramenta, os criadores do Apple Music for Artists consultaram artistas e agentes de todos os segmentos do mercado, do indie ao mainstream.
Na medida em que o streaming se torna uma das principais estratégias de negócios para artistas, cresce a oportunidade para que esses serviços de streaming se aproximarem dos artistas e suas marcas por meio do compartilhamento de dados da base de usuários.
Muitos agentes dizem que as plataformas de análise de dados são essenciais para os negócios, e a maioria dos artistas têm uma ou duas pessoas que mantém o controle sobre os números de streaming e mercado específico.
Segundo Don VanCleave, agente que trabalha com músicos como rent Cobb, Rainbow Kitten Surprise e Moon Taxi, dados "lá fora são como uma moeda." VanCleave também diz: "Nós estamos, constantemente, usando informação global para conseguir mais negócios, especialmente se tratando de supervisores musicais e executivos de propaganda - se você está tentando fazer uma propaganda de um carro na Bélgica e você diz 'esse é o nosso quinto maior mercado, nós temos muitos ouvintes lá' e você realmente consegue dividi-lo, você tem um argumento mais convincente para chamar a atenção de quem quer que você esteja promovendo. Anúncios, marcas, qualquer coisa."
Depois de Cobb lançar seu primeiro disco, diz VanCleave, ele percebeu que estava tendo um bom streaming em cidades como Helsinque e levou as informações para agentes marcarem shows nos países nórdicos. Ele também revela que checa diversas análises "pelo menos semanalmente" e achou o aplicativo para celular do Spotify for Artists útil para checar uma ou duas estatísticas durante um jantar de negócios: "Se você está falando com um agente ou promotor, é muito útil ter tudo na ponta dos dedos."
No entanto, seguindo a linha da intensa competição no mercado do streaming de música, não são só Spotify e Apple Music que ocupam o espaço das análises de dados: outras companhias, como o serviço de internet e rádio Pandora e a plataforma de análise de dados Chartmetric, construíram negócios viáveis para ajudar artistas a compreenderem o seu público por meio dos dados.
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Spotify for Artists e a Apple Music for Artists são gratuitos no momento - mas não parece que vão permanecer assim.
"Nós nunca antes tivemos a possibilidade de fazer tantas escolhas e entender tão bem o público", disse Ek disse, em 2018, sobre o Metallica e outros grupos que usam os dados para tomar as decisões.
Um ano depois, na última conversa trimestral com os investidores, o Spotify sugeriu que está desenvolvendo novas disposições em suas recentes negociações de licenciamento de rótulos para um "mercado bilateral" com o qual poderia cobrar artistas e marcas para serviços analíticos atualmente gratuitos.
O valor da informação fornecida pelos serviços de streaming é claro. "Você pode fazer muito streaming, mas não vender tickets porque não está conectado com os fãs", aponta VanCleave. O que ainda não se sabe é a quantidade exata de dólares que poderia, ou deveria, ser cobrada pelo serviço.
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