Rome tem carisma e boa voz, mas não é o protagonista do show - Divulgação/Taiz Dering

Sublime dos anos 90 ainda é quem brilha nos shows da nova formação

Em apresentação em São Paulo, o vocalista Rome Ramirez mostrou talento, mas sabe que é coadjuvante nesta história

Lucas Reginato Publicado em 23/03/2013, às 03h05 - Atualizado às 13h39

Já não é novidade ver em terras verde e amarelas os herdeiros de Bradley Nowell. É a terceira vez que o Sublime With Rome passa por São Paulo desde a reunião da banda com o vocalista Rome Ramirez, há quatro anos. Mas a popularidade da banda, mesmo que com base nos hits noventistas, só cresce, e o show no HSBC Brasil nesta sexta, 22, não deixou dúvidas quanto a isto.

Rome Ramirez garante que a banda está a todo vapor e fala sobre o primeiro trabalho, previsto para o meio do ano

Não foram só os grandes hits da banda - qualquer outra canção da primeira fase do trio, que encerrou as atividades com a morte do vocalista, em 1996, foi lembrada pelo público, e não necessariamente em tom nostálgico, já que poucos ali tinham idade para ter vivenciado ativamente o início da década de 90, quando foi lançado 40oz. to Freedom. Foi deste álbum que saiu “Date Rape”, a faixa de abertura do show que conquistou grande parte do público.

Não há no repertório do Sublime With Rome muita coerência cronológica. Músicas do primeiro álbum se misturam com as de Robbin' the Hood (1994) e, principalmente, Sublime (1996, de onde saíram os maiores hits da banda). Do disco desta nova formação, Truly Yours, lançado em 2011, apenas “Take it or Live It” e “Panic!” foram aproveitadas no repertório.

Mas era mesmo pelas músicas mais velhas que o público havia ido até o local. E muito público. A casa completamente cheia estava desconfortável. O incessante vai-e-vem de pessoas acompanhou altos e baixos da apresentação que em alguns momentos parecia não ter rumo. Durante algumas canções, a impressão era de que tudo só estava sendo feito para ocupar o tempo até o final apoteótico. Que, previsível, não demorou a chegar (o show durou cerca de 1h20m).

De qualquer forma, é inegável o talento de Rome. Não tem só carisma exacerbado e juvenil, mas também uma bela e competente voz que muitas vezes fica refém dos antigos arranjos da banda. Ele sofre para brilhar diante da louvação a canções como “Wrong Way” e “Right Back”. Dialogando com o baixo imponente de Eric Wilson, o único membro original remanescente, o frontman encontra espaço para mostrar sua habilidade em passagens como “Slow Ride” e “Badfish”.

O maior trunfo de Rome, contudo, é saber exatamente a posição que ocupa neste espetáculo. Ele não busca elevar-se diante da multidão, mas entende o que o público quer (talvez até pela semelhança de idade entre ele, de 24 anos, e muitos dos presentes). Ao promover um grande coral em “What I Got”, a penúltima canção, já no bis, ele lembra de Nowell e diz: “Descanse em paz, Bradley”.

Tudo acontece antes de “Santeria”, porque, assim que ela começa, o aperto evapora-se, o calor é ignorado e tudo conspira para o final feliz. Rome tem talento e trilhará em breve carreira solo. Mas por ora ele é coadjuvante, e o Sublime dos anos 90, através da memória dos fãs, foi quem protagonizou esta noite em São Paulo.

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