O holandês, considerado o número 1 do mundo pela revista DJmag, se apresentou no Espaço das Américas, em São Paulo, nesta sexta-feira, 21
Luísa Jubilut Publicado em 22/02/2014, às 10h20 - Atualizado às 11h29
Robbert van de Corput, de 26 anos, conhecido mundialmente como apenas Hardwell, puxou uma cadeira e sorriu para o grupo de jornalistas presentes. Devidamente penteado e barbeado, parecia ter deixado aquele alter ego agitado do lado de fora da sala de imprensa, à beira do palco. No local, inúmeros fãs – muitos com camisetas escritas “Go Hardwell or go home” [ trocadilho com o ditado urbano “go hard or go home”, algo como “vá com tudo ou vá pra casa”] – o esperavam ansiosamente nesta sexta-feira, 21, quando aconteceu a segunda vinda do DJ e produtor musical ao Brasil. Desta vez, ele veio com a turnê I Am Hardwell, que passou pelo Espaço das Américas.
De volta à sala de imprensa, os muitos flashes disparados já não incomodavam Corput (ou Hardwell, a tradução inglesa do sobrenome holandês), que está mais do que acostumado. Afinal, já se passaram 12 anos desde que ele assinou o primeiro contrato com uma grande gravadora. “Eu tinha 14 anos”, contou posteriormente à Rolling Stone Brasil. “Eu não podia nem entrar nas baladas em que ia tocar. Então meus pais me acompanharam até eu fazer 18 anos.”
Em 2004, Corput disse em entrevistas que seu maior sonho era se tornar o DJ número 1 do mundo, posto então ocupado por um conterrâneo da prolífica cidade de Breda (Holanda), o DJ Tiësto. Naquele ano, ele ocupava a posição pela terceira vez consecutiva. “Eu cresci querendo ser DJ porque via Tiësto nas notícias.” Quase uma década depois, veio a consagração. De um ano para outro, ele pulou 5 posições e ficou em primeiro lugar na lista da revista DJmag (considerada a Bíblia do assunto), foi eleito pelo público. “Agora, eu recebo muitas perguntas ‘Você é o DJ número 1 do mundo, você se sente pressionado?’”, e a resposta é previsível. “É claro que eu me sinto pressionado! Mas não é uma coisa negativa.”
Segundo ele, a melhor qualidade de um DJ é saber ler a plateia e tocar a música certa na hora certa. “Você não está tocando pra você, está tocando para eles.” Corput não ficou tímido de assumir que será uma das atrações principais nos maiores festivais de música eletrônica do mundo, o UMF, este ano. Tudo, segundo ele, é fruto do esforço. “Eu fiz mais de mil shows na Holanda antes do meu primeiro show internacional. E essa é a principal diferença entre eu e muitos outros DJs”, ele explicou, tentando não soar arrogante. “Muitos deles fazem uma faixa de sucesso e saem viajando pelo mundo inteiro, sem saber como ler a plateia e tocar para uma plateia. Eu tento me focar na pista de dança, ler o público e adquirir experiência.”
Nos bastidores com Avicii, o jovem DJ que domina as pistas ao redor do planeta.
Quando questionado a respeito da quantidade de DJs bem-sucedidos vindos da Holanda, e especificamente, de Breda, ele brincou: “É a água! Eu não gosto desta água”, continuou, sacudindo a garrafinha de plástico em suas mãos. Na página da cidade na Wikipédia, existe um trecho exclusivamente dedicado a reconhecer os célebres DJs de lá, a lista inclui outros nomes famosos, como R3hab e o duo W&W. “A música eletrônica fez parte da Holanda nos últimos 20 anos, desde que era chamada house music. Está, basicamente, no sangue... Temos uma grande cultura de DJs.”
O seu primeiro disco de estúdio, ainda sem nome, deve ser lançado “no final do ano, entre outubro e setembro”, estabeleceu. “Será propriamente para a pista de dança. O álbum perfeito para ouvir antes de sair. Não é um álbum que você vai escutar durante o dia, sabe?”
Enquanto tenta canalizar as inspirações para o disco – que, surpreendentemente, passam por James Brown, Metallica e “tudo que há no meio disso” -, ele ajuda a desvendar novos artistas pelo seu selo, Revealed Recordings, que fundou em 2010. Dannic, responsável por abrir os shows da turnê I Am Hardwell, é um dos frutos dessa busca, assim como Dyro, que estreou na lista da DJmag na 30ª posição. “Muitas gravadoras não querem investir dinheiro em alguém que não é conhecido", disse ele, pouco tempo antes de abrir mão de ser Robbert van de Corput e se preparar para subir ao palco como Hardwell. “No meu selo, eu só presto atenção na música. Eu não vejo o nome, o cara que produziu, eu só quero lançar música boa.”
Ao final da entrevista, o DJ holandês falou ainda de música brasileira, que ele pareceu não conhecer muito bem. “Eu não sei...”, suspirou, até alguém sugerir o hit incansavelmente reproduzido e traduzido “Ai, Se Eu Te Pego”, de Michel Teló. “É claro! Essa música é ótima!”
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