Os integrantes falaram sobre a trajetória da banda após o aclamado disco Violeta e o lançamento do novo single em parceria com a Tuyo
Julia Harumi Morita Publicado em 17/03/2020, às 16h57
Elevação poética e consagração na cena alternativa nacional. Esses foram os frutos colhidos pelo Terno Rei com o disco Violeta. O terceiro álbum da carreira conduziu a banda para o ápice do sucesso e levou Ale Sater, Bruno Paschoal, Greg Maya e Luis Cardoso para os palcos dos conceituados festivais e eventos musicais Coquetel Molotov, SIM, Bananada e Balaclava Fest durante o ano de 2019.
Lançado pela Balaclava Records, o álbum apresenta um retrato sonoro delineado da juventude melancólica paulistana, que possui sentimentos espalhados pelas ruas, bairros, vagões de metrô, cafés e cigarros da cidade. E um ano após o lançamento do disco, os integrantes se mostraram prontos para abraçar a nova era da banda, iniciada pelo single “Pivete”.
Em um fim de tarde, cada um dos integrantes interrompeu a rotina de trabalho e tarefas do início da semana para conversar com a Rolling Stone Brasil sobre a transição do Terno Rei para era pós-Violeta e os objetivos dos novos processos criativos da banda.
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Ale (baixo e voz) relembrou a estreia do álbum mais recente, a rápida repercussão do trabalho entre o público, que não perdeu tempo em decorar as letras das canções para cantar com os músicos nos shows, e os resultados colhidos pelo grupo:
“A gente gravou Violeta lá no final de 2018, e decidiu postergar o lançamento para o começo de 2019. Já no primeiro show que a gente fez lá no Z Carniceria [São Paulo, Pinheiros], no comecinho de fevereiro, foi incrível a resposta do público. Galera cantando pesado as músicas, e um monte de coisa boa aconteceu.”
E completou: “Eu tinha o sonho de tocar em auditório, tocamos em julho [...] Fizemos, tipo, um pouco mais de 50 shows no período de um ano. Então, é... Está sendo o melhor período da banda, disparado”.
No início do mês de março, a banda lançou o single “Pivete” em parceria com a Tuyo, trio curitibano de synth pop e lo-fi formado por Lio, Lay Soares e Machado. A canção repensa, naturalmente, o passado imaturo e compara-o com o presente. Com melodias nostálgicas, o single remete à sonoridade de Violeta, mas mostra um novo estado de sutileza e sensibilidade por meio dos vocais das cantoras.
“Eu acho que a música está com uma cara tipo do Violeta, só que com um pouquinho mais de swing, assim. Um pouco mais de R&B, um pézinho. Então, tem um pouco mais de ghost note na bateria. No baixo, faço mais pizzicato [...] Ficou bem interessante, assim... Achei a música classudinha”, disse Ale.
Bruno (guitarra, sintetizador e voz) explica como a colaboração surgiu com um convite da própria Tuyo, que, no momento, desenvolve um projeto de parcerias ao lado de artistas com quem se identificam artisticamente e está prestes a lançar uma música ao lado do Terno Rei, no final do mês.
“[A Tuyo] está com um projeto grande de feats aí. Estão fazendo uma porrada, e aí se identificaram bastante com o Violeta e vieram fazer uma proposta para gravar uma música”, explica.
“O Ale já tinha a música 'Pivete' no violão, na manga, já, e a gente teve a ideia de chamar eles para fazerem uma com a gente também. Supergostaram, achavam que entrava no ‘mood’, também. A gente acabou fazendo uma nossa com participação deles, e uma deles com participação nossa”, acrescentou.
Ale também disse que a parceiria tirou a banda da zona de conforto e proporcionou um aprendizado mútuo entre os dois grupos em relação ao processo criativo de composição, desde o ensaio até a masterização da faixa.
Com “Pivete”, Terno Rei abraçou de vez a nova fase da banda, e anunciou dois shows ao lado da Tuyo. A primeira apresentação foi na edição paulistana do festival Se Rasgum, no dia 13 de março.
Diante de um clima incerto em relação às medidas de prevenção do COVID-19, os músicos realizaram a primeira performance das duas músicas colaborativas para um público que não ocupava metade do espaço da pista do Tropical Butantã, em São Paulo, Butantã.
O segundo show estava programado para 25 de abril, no lendário Circo Voador, no Rio de Janeiro, mas foi adiado para o dia 28 de agosto.
Além das apresentações ao lado da Tuyo, Terno Rei também se preparou para abrir as apresentações do palco principal no segundo dia do Lollapalooza 2020.
Luis (bateria) falou que as expectativas dos colegas eram altas, pois queriam tocar no evento há algum tempo e acreditam ser o melhor período para apresentar o trabalho da banda para o público.
“Trabalhamos o disco com o público e ao vivo, principalmente. Acho que, agora, o show está bem mais maduro do que há um ano. Então, acho uma boa hora para mostrar ao nosso público lá e para as pessoas novas, que nem fazem ideia do nosso som.”
Apesar dos contratempos, Terno Rei está pronto para se inspirar em artistas dos mais diferentes gêneros musicais, como Yves Tumor, Lisa Ono, Travis Scott, The Blaze e Jessica Pratt, ecacumular experiências para transformá-las em novas sonoridades para a banda.
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“A gente quer experimentar né? Tipo, sempre mudando do jeito que a gente muda só que com parcimônia, assim, sem mudar totalmente a banda. Tem uma parada que é essencial, que a gente acha que já descobriu nesses últimos dois álbuns. Mais para frente, a gente vai experimentar em cima de coisas novas que a gente tá ouvindo e do que a gente é até agora”, contou Ale.
O baterista complementou o colega e disse: “Trabalhar bastante em fazer música nova aí até o final do ano para pelo menos no começo do ano que vem já começar a gravar o disco novo. [...] Não dá para prometer nada, mas a gente já tá fazendo alguns ensaios, algumas ideias para começar a colocar em prática e ter bastante música nova até o final do ano para começar a gravar”.
Foram várias conquistas e realizações. Mas há um objetivo ainda não alcançado? A resposta do vocalista e baixista não poderia ser mais divertida e sincera: “Tocar no Japão. A gente quer tocar no Japão. Uma tour de dez shows. 30 dias. Pode ser?”.
Ouça abaixo a parceria entre Terno Rei e Tuyo, “Pivete”:
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