Brandon Flowers e Cia. fazem grande show em noite de trânsito e chuva no sábado, 21, em São Paulo
Por Bruna Veloso Publicado em 25/11/2009, às 07h03
O lugar era de difícil acesso, a chuva caía constantemente e o gramado em frente ao palco já estava repleto de poças e lama. Não fosse por um carismático Brandon Flowers e seus companheiros afiados do The Killers, a noite poderia dar errado. Mas nem o clima, nem o trânsito foram capazes de tirar a paciência dos paulistanos: as 12 mil pessoas que se ensoparam da cabeça aos pés neste sábado, 21, na Chácara do Jockey, devem ter voltado para casa satisfeitas depois de 90 minutos de um show animado, bem executado e contagiante.
O franzino Flowers assume proporções de um gigante no palco: com a segurança de um rockstar cheio de si, comanda a plateia em coros e gestos. A autoconfiança que rendeu ao vocalista a fama de arrogante aparece, aqui, como uma característica indispensável à sua porção frontman. Ele comanda tudo sozinho, enquanto Ronnie Vannucci se posta diante da bateria de forma energética e Mark Stoermer demonstra, de um jeito contido, animação ao baixo. Dave Keuning, o guitarrista, é a exceção: mantém sempre a mesma expressão blasé, sem se deixar comover, em momento algum, pela animação da plateia à sua frente.
Não há interação entre os integrantes durante o show. "Eu li uma entrevista do Julian Casablancas [vocalista do Strokes] que tinha uma frase muito boa. Ele disse: 'Montar uma banda é a pior coisa que você pode fazer por uma amizade [risos]'", resumiu Flowers logo após a apresentação, em entrevista à Rolling Stone Brasil. Se a relação dos integrantes ficou estremecida depois de tanto tempo em turnê, o profissionalismo continua o mesmo - no palco, o Killers é, sim, uma grande banda.
Contrariando os que esperavam um repeteco do atraso da apresentação de 2007 (devido à falta de organização do Tim Festival, a banda subiu ao palco às 4h da manhã de uma segunda-feira), o Killers surgiu diante da plateia às 20h15, com justificáveis 15 minutos de atraso. A água começou a cair com mais intensidade quando se ouviram as notas de "Human", o ótimo primeiro single de Day & Age (2008), terceiro e último disco do quarteto. Ao final da música, pouco depois de escorregar e quase cair ao subir em uma das caixas de retorno, Flowers se arrisca, pela primeira vez de algumas, no português: "Nós somos o The Killers e, nesta noite molhada, nós somos de 'vossos'".
O palco é inteiro decorado com luzes - das caixas de som à letra "K" repleta de lanternas que adorna o meio do palco, tudo é colorido, espalhafatoso. Flores e palmeiras ajudam a compor o cenário, que ainda tem nos telões um belo casamento audiovisual.
Hits de Hot Fuss (2004), como "Somebody Told Me" e "Mr. Brightside", fizeram o público pular como uma massa unificada de corpos, enquanto "Smile Like You Mean It", que contou com a ajuda de um violinista, teve coro. Em "For Reasons Unknown", Flowers assumiu o baixo. Mais tarde, já com as mãos livres, antes de "Joy Ride" (na qual, pela primeira vez, pôde-se ouvir com clareza o saxofonista que acompanha a banda), aproveita para elogiar o esforço de quem estava lá para assisti-lo, dizendo que "vocês são corajosos" e exaltando os ânimos ao bradar "hoje vamos transformar esse lugar numa pista de dança". Para introduzir "Bling (Confession of a King)", o vocalista foi ao piano e mostrou novamente "Human" - ele erra duas notas, não se sabe propositalmente. Depois, diz que "precisa de uma conexão humana, uma conexão brasileira".
É inegável a capacidade do Killers de transitar bem no meio de dois caminhos aparentemente opostos: em faixas como "Spaceman", as luzes lembram um clube noturno, enquanto Flowers incita todos a dançar; logo depois, em "A Dustland Fairytale", ele comanda o público em um pequeno trecho de "Can't Help Falling in Love", uma das pérolas românticas de Elvis Presley. O ambicioso Flowers tem um quê de crooner, um quê de cantor de rock, algo de ídolo juvenil, elementos que fazem dele um homem capaz de dominar estádios inteiros. Isso fica evidente em "All These Things That I've Done", em que o público entoa, em uníssono, o refrão nonsense "I got soul, but I'm not a soldier". No ápice do show, uma explosão de papéis picados atinge a plateia, pouco antes de a banda deixar o palco. "Jenny Was A Friend Of Mine" e "When You Were Young", com direito a explosões e fogos, fecham a apresentação, no bis.
O Killers nasceu nos anos 2000, quando muitas bandas descobriram, na pele, o significado da palavra "efemeridade". Mas os norte-americanos de Las Vegas partiram na contramão, e seguem como uma das bandas de rock/pop mais consolidadas desta década - e se depender de Flowers, ainda virão muitos anos pela frente.
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