Investigação de jornal norueguês acusa o serviço de streaming de Jay-Z de falsificar os dados para gerar maiores pagamentos de royalties
Rolling Stone EUA Publicado em 09/05/2018, às 14h36 - Atualizado às 14h54
Tidal, o serviço de streaming de música de Jay-Z, tem sido acusado de manipulação de dados para elevar os pagamentos relacionados aos álbuns mais recentes de Beyoncé e Kanye West, respectivamente Lemonade e The Life of Pablo, ambos lançados em 2016.
Em uma extensa reportagem, o jornal norueguês Dagens Næringsliv afirma que investigou os dados internos do Tidal a partir da obtenção de um HD que contém “bilhões de linhas e colunas” com títulos de músicas, IDs de usuários e códigos de países, e descobriu que – conforme traduzido pelo Music Business Worldwide – “o número de ouvintes de Beyoncé e Kanye West no Tidal tem sido modificado a nível de diversas centenas de milhões de reproduções falsas”, uma prática que tem “gerado altos pagamentos de royalties às custas de outros artistas.”
Qual serviço de streaming musical paga melhor os artistas?
A investigação do veículo começou em 2016, quando o Tidal clamou que The Life of Pablo, disco de Kanye West, teve 250 milhões de streams nos primeiros dez dias de lançamento, e que o álbum de Beyoncé, Lemonade, angariou 306 milhões de streams nos primeiros 15 dias. À época, o Tidal informou que tinha 3 milhões de usuários, o que significa que cada usuário da plataforma teria ouvido os discos cerca de uma dúzia de vezes por dia.
Dagens Næringsliv levou o que encontrou à Norwegian University of Science and Technology, que convocou especialistas em segurança de dados e cybercrimes para produzir um documento de 78 páginas concluindo que o Tidal parece ter intencionalmente manipulado os dados para os dois álbuns, tendo como evidência a “grande presença de discos duplicados semelhantes” em uma grande porcentagem da base de usuários.
O Tidal confronta as acusações. “Isso é uma campanha de difamação de uma publicação que uma vez se referiu ao nosso corpo de funcionários como ‘um escritório de inteligência israelense’ e ao nosso dono como um ‘traficante de crack’”, um representante do Tidal diz à Rolling Stone EUA, falando de uma reportagem de janeiro de 2017 na qual o Dagens Næringsliv descreve Jay-Z e o executivo da Roc Nation, Lior Tibon, com os adjetivos citados. “Não esperamos nada deles além desta história ridícula, mentiras e falsidade. A informação foi roubada e manipulada e nós vamos batalhar vigorosamente contra essas acusações.”
Na tal reportagem de janeiro de 2017, o Dagens Næringsliv também questionou a afirmação do Tidal de ter alcançado 3 milhões de inscritos. Na mesma época, o analista do Midia Research, Mark Mulligan, também disse que a conta de usuários do Tidal, baseada em sua receita, não poderia ser maior do que 1 milhão. A companhia de streaming de música, que atualmente opera em 52 países, não publicou um número atualizado de usuários desde o ano passado.
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