Metalhead conta com direção de Ragnar Bragasson
Paulo Gadioli, de Toronto Publicado em 15/09/2013, às 15h04 - Atualizado às 15h12
Tradicionalmente, o heavy metal costuma ser utilizado em filmes mais pelo seu lado cômico do que pelo seu potencial dramático. Seja em Spinal Tap ou Rock Star, o estilo é conhecido mais por arrancar risadas do que lágrimas. Em Metalhead, o islandês Ragnar Bragasson desafia esta convenção e coloca nomes como Motörhead, Iron Maiden e Judas Priest no centro de um tocante drama familiar sobre perda.
Na trama, a pequena Hera corre para chamar seu irmão, Baldur, para o jantar. Ao encontrá-lo, presencia o acidente que acaba por tirar a vida do garoto. Desnorteada pelo sentimento de perda, ela entra no quarto do irmão e fica maravilhada com os diversos pôsteres de bandas de heavy metal na parede. A jovem decide, então, empunhar a guitarra dele e, ao som de “Victim of Changes”, do Judas Priest, vemos Hera basicamente assumindo a identidade de Baldur.
O longa, então, concentra-se na personagem já adulta. Vestindo a mesma jaqueta de couro utilizada por seu irmão tantos anos atrás, ela é uma pessoa perdida dentro da sociedade rural em que vive. Dividindo seu tempo entre revistas de heavy metal, discos de vinil e confusões causadas pela bebida, Hera nunca acha seu espaço.
A perda sofrida tantos anos atrás ainda se faz presente. Para os pais da garota é especialmente difícil, pois ela se tornou um grande lembrete de quem era seu filho. Eles passam por dolorosas situações já que, ao não falarem sobre o acontecido, passam a silenciosamente culpar um ao outro, algo mostrado de forma muito delicada pelo diretor.
Utilizando as belas paisagens da Islândia como cenário, o longa cria diversos planos memoráveis. Um dos principais mostra Hera gravando sua demo ao lado de vacas e bois no celeiro. Ela finaliza o trabalho, manda para vários lugares e, pouco tempo depois, aparece um grupo de rapazes interessado naquele violento e agressivo som.
Eles aparecem em um ponto conveniente, pois ela havia desistido de tentar seguir em frente e aceitou se casar com um antigo colega e viver uma vida tida como “normal”. Mas foi uma mudança falsa, de aparências, apenas para agradar a mãe. Esta, por outro lado, havia dado os primeiros passos para seguir em frente, finalmente conversando com seu marido sobre o acontecido.
O nível de detalhamento e respeito ao heavy metal visto em Metalhead leva a crer que trata-se de um filme muito pessoal. Assim, Ragnar Bragasson desafia a predeterminação de que o estilo serve melhor para comédia e cria um tocante drama com uma pesada trilha sonora.
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