Rapper paulistano chega ao sexto álbum e garante que “transcendeu a fase do moleque”
Lucas Reginato Publicado em 23/05/2013, às 15h52 - Atualizado em 24/05/2013, às 18h53
“Eu venho do rock”. Quem diz isso é Projota, o rapper que afirma ter tido o primeiro contato com a música através de nomes como Legião Urbana, Pink Floyd e Iron Maiden. Aos 27 anos, a origem parece pouco provável – foi no hip-hop que ele surgiu há quatro anos, e é dentro desse estilo que ele lança seu sexto trabalho, a mixtape Muita Luz.
“Eu não me vejo não fazendo rap”, diz Projota, que depois de lançar o mais recente trabalho começou a compor com o violão. “Faz 11 anos que faço e isso é parte de mim completamente.” Projota lembra que começou em uma época ingrata para artistas do gênero. “A gente sonhava em um dia conseguir pagar as contas, porque ninguém conseguia.” “A gente” era ele e mais alguns amigos com vontades em comum, que tramavam planos para trazer de volta à tona o rap, que depois de uma primeira explosão nas periferias ficou relegado a um segundo plano. Ele garante que conseguiu mudar as coisas a partir do momento que aliou seu talento ao esforço de acordar cedo para escrever rimas, e cita como exemplo o pai, que veio do Piauí para ser servente de pedreiro e hoje trabalha em cargos mais confortáveis na construção civil. “Lembro dele acordando às 5h para ir trabalhar. Eu comecei a acordar cedo para fazer rap.”
Ainda hoje o ritmo de trabalho do músico é acelerado. No sexto lançamento em quatro anos, foram 19 faixas lançadas, todas elas compostas nos últimos seis meses. Outras 26 ficaram de fora. “Eu gravo tudo e falo que se eu morrer podem fazer igual [fizeram] com o Tupac”, brinca o rapper, sobre a quantidade de lançamentos póstumos do norte-americano. A quantidade de composições é grande porque são variadas as inspirações. Em Muita Luz, ele viaja por temas diversos em parceria com DJ Caíque (“minha perna direita”). Impressiona especialmente a capacidade de fazer uma música inteira apenas com palavras iniciadas com a letra “F”, uma continuação de “Foco, Força e Fé”, o lema que repete há anos. “Fatality” teve inspiração em obras anteriores com a mesma proposta, como “Brasil com P”, do GOG, e “Mister M”, do Inquérito.
Outra faixa interessante de Muita Luz é “Mataram um Amigo Meu”, com título autoexplicativo. Ele conta que a história versada não é verdadeira, mas inspirada em dois amigos – um primeiro jurado de morte e um segundo que tentou cometer suicídio. “Ele me disse: ‘Se eu morrer você escreve um rap que tá tudo bem’. Aí eu escrevi antes de ele morrer. Agora ele não tem motivo, já está escrito, já me deu a inspiração”, conta. “A minha felicidade é que nessa história ninguém morreu.”
Na nova mixtape, Projota também volta a criticar o rap de fora do país e a exaltar os compositores brasileiros. “Eu até gosto rap norte-americano, mas sou muito patriota nessa questão”, diz ele, que cita como rappers favoritos no exterior Eminem, Jay-Z, Kendrick Lamar e J Cole. “Acho que as melhores letras estão aqui, você consegue achar dezenas de MCs que para mim são muito mais foda. A gente não tinha show, não tinha uma cena, ninguém conseguia fazer dinheiro com isso e lá fora os caras estavam milionários, isso realmente sempre foi uma coisa que me incomodou.”
A situação hoje está melhor, embora Projota garanta que é possível conseguir ainda mais espaço com o rap nacional. Para isto, ele adotou a filosofia de se dedicar ao máximo a cada verso escrito. “O nível tá muito alto, todo mundo faz coisa boa, tanto os caras de hoje como quem é mais antigo”, acredita. “Eu estou num ritmo que todas as minhas rimas têm que ser de efeito. Toda linha é muito importante para mim hoje, não tem ‘pode crê’, é só ideia. Antes era a frase que garoto ia colocar no nick do MSN, agora é para por no Twitter.”
É desta forma também que ele tenta afastar a alcunha de novato. “Hoje em dia eu estou transcendendo a fase do moleque. Antes falavam ‘ah, é um moleque novo que chegou aí’. Hoje em dia não tem mais isso”, afirma. “Eu não sou mais moleque há muito tempo.” Projota não mudou completamente de um disco para o outro, mas agora definitivamente compôs um trabalho maduro. “É meu disco mais pesado”, observa o rapper. “Acho que as pessoas não estavam esperando por isso.” Ele explica: “Não é porque tem comida na mesa que vou parar de reclamar”.
Ouça a mixtape Muita Luz:
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