Vício em drogas, depressão e ansiedade norteiam The Wave, primeiro disco do artista sem sua banda mais famosa
Julia de Camillo Publicado em 23/12/2016, às 13h40 - Atualizado às 15h21
Conhecido por ser a voz que lidera o pop-rock britânico marcado pelos pianos incansáveis do Keane, Tom Chaplin agora se aventura na carreira solo. O cantor lançou o primeiro disco, The Wave, nas plataformas digitais em outubro deste ano, e as lojas físicas recebem o álbum em janeiro de 2017.
Quando o Keane anunciou a pausa em 2014 – já consagrado como um dos grupos mais bem-sucedidos do Reino Unido e conhecido por sucessos como “Somewhere Only We Know” e “Everybody’s Changing” – o plano de Tom Chaplin era se concentrar em produzir o primeiro trabalho solo. No entanto, não conseguiu escapar dos fantasmas do passado. O vício em álcool e drogas que o cantor já havia enfrentado nos anos 2000 – Chaplin foi internado na clínica de reabilitação Priory em 2006 – retornou com força total. Esse momento coincidiu com o nascimento da filha Freya, dificultando o relacionamento com a esposa Natalie Dive, com quem Chaplin se casou em 2011. “Eu estava me matando, de verdade. Eu estava perdendo relacionamentos que eram, ou deveriam ter sido, importantes na minha vida. Tudo estava se dissolvendo e desaparecendo”, Chaplin conta.
O vício, a depressão, a ansiedade e como todas essas coisas afetaram a relação de Chaplin com as pessoas ao seu redor tornaram-se o tema de The Wave. O cantor combina melancolia com um espírito de sobrevivência otimista, contando sua trajetória de recuperação. Em 2015, o cantor teve “um momento de claridade”, como ele mesmo define, em que percebeu que precisava botar sua vida nos trilhos. E assim o fez. “No ano passado, eu tinha tanta energia e tanto sobre o que escrever, em termos de contar a minha história, que a produção do disco foi um transbordamento e um processo muito divertido e gratificante.” O resultado? Onze faixas duramente honestas e pessoais.
Chaplin não estava acostumado a ser responsável pelas letras que canta. No Keane, era o multi-instrumentalista Tim Rice-Oxley quem estava por trás da composição. “A dinâmica tem sido: Tim escreve as músicas e eu sou o cantor”, Chaplin explica. “Tem sido um grande privilégio poder cantar essas músicas ao longo dos anos. Mas ao mesmo tempo, eu sentia como se houvesse essa parte criativa de mim que precisava ser ouvida e nutrida, e eu precisava dar uma chance a ela”, ele completa.
No entanto, não foi de cara que Chaplin conseguiu abrir seus horizontes criativos: “No fim de 2014, minha vida estava uma bagunça completa e eu me distanciei do Keane para escrever um disco solo, mas eu completamente parei de ser criativo e não estava nem um pouco interessado em música”, ele diz. “Eu não sabia se eu conseguiria, essa era a maior preocupação. Eu não sabia que eu era bom o suficiente para escrever um álbum solo que eu pudesse lançar.”
No final, o cantor conseguiu encontrar sua própria identidade musical longe do Keane, mas não destoa tanto ao ponto de soar irreconhecível. “Em termos de melodia, eu sempre gostei de algo mais extravagante, eu acho. Mais McCartney do que Lennon e muito influenciado por Michael Jackson, Freddie Mercury e pessoas assim, meio que acrobatas na maneira em que fazem as melodias”. Ele continua: “Com um álbum solo, não há muitos limites na instrumentação que eu posso usar.”
Em um primeiro momento, o ouvido consegue perceber mais guitarra e menos piano, diferente do que se esperaria de um disco do Keane. Mas é possível lembrar da banda em alguns instantes, como nas faixas “Hardened Heart” e “I Remember You”. “Eu me fundamento no que aprendi ao longo dos anos com o Keane, e eu tenho muitas das mesmas influências de Tim. Mas eu sinto que é uma nova direção na produção e na sonoridade.”
Ao que parece, a pausa do Keane continua. O grupo lançou uma faixa em setembro de 2016, “Tear Up This Town”, para o filme Sete Minutos Depois da Meia-Noite de J.A. Bayona, que chegou a ganhar um clipe. Mas o foco para Chaplin agora é a carreira solo. “Eu estou aproveitando, tem sido incrível e gratificante fazer isso. Então, no momento, eu quero continuar assim. Porém, eu também acho que o Keane é uma grande parte de quem eu sou e da vida de outras pessoas. Parte de mim sente que seria bobo não voltar àquilo em algum momento no futuro. Eu apenas não sei quando isso será.”
O cantor também não sabe quando voltará ao Brasil – Chaplin já fez shows no país com o Keane em 2007, 2009 e 2013 –, mas uma turnê pela América Latina está nos seus planos: “Eu estou desesperado para voltar”. A questão é que uma turnê dessas proporções é mais fácil de ser organizada e paga com uma banda como o Keane, “então eu preciso encontrar uma maneira de fazer isso funcionar”. Chaplin mantém-se otimista: “Espero poder fazer um anúncio em algum momento no futuro próximo.”
Ouça The Wave abaixo.
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