Vanessa da Mata estreia show em homenagem ao "maestro soberano" no Rio de Janeiro
Antônio do Amaral Rocha Publicado em 10/04/2013, às 20h51 - Atualizado às 21h02
Na terça, 9, no Teatro Vivo Rio, apenas convidados puderam ver o resultado do até então inédito Nivea Viva Tom Jobim, parte do projeto da empresa de cosméticos que tem como objetivo homenagear grandes nomes da música brasileira. Em 2012, a escolhida foi Elis Regina e Maria Rita interpretou as gravações da mãe em diversos shows pelo Brasil. Desta vez, o selecionado foi o “maestro soberano” Tom Jobim, comemorando o cinquentenário do lançamento do disco que apresentou a bossa nova ao mercado norte-americano, The Composer of Desafinado, Plays. Para interpretá-lo, Vanessa da Mata foi a escalada e Eumir Deodato, parceiro de Tom, ficou responsável pelos novos arranjos.
Nesta avant-première, podia se observar um clima de altas expectativas, pois não se sabia, de antemão, qual seria o repertório escolhido entre as centenas de canções de Jobim. Depois das apresentações feitas pelas Fernandas, Montenegro e Torres, mãe e filha, foi a vez da diretora de marketing da Nivea, Tatiana Ponce, justificar a escolha do nome de Jobim para dar continuidade ao projeto, escudada por um filme projetado no telão. As imagens de Jobim e as falas de Vanessa e Eumir gravadas já serviram para dar o tom do que viria a seguir.
Postados ao palco, o maestro Eumir ao piano, acompanhado de uma banda de 14 músicos, com violão, guitarra, baixo acústico, bateria, teclados, sintetizadores, violas, violinos e violoncelo. Vanessa, vestida de branco, entrou aos primeiros acordes de “Fotografia”, ainda cantando timidamente, acusando o peso da responsabilidade. O público esperava um arrebatamento que demorou um pouco a chegar. Em seguida veio “Este Seu Olhar” com um arranjo balançado, destacando o piano como solo. Também foi assim com “Só Tinha de Ser Você”, e neste momento a voz refinada de Vanessa mostrou o sincopado da canção, encerrada com um solo de assovio com a ajuda do público.
Para “Eu Sei que Vou te Amar”, o arranjador Eumir optou por tirar o glamour da música e fez um arranjo mais seco – isso, somado à interpretação cool de Vanessa, negou ao público a possibilidade de cantar junto.
Em “Samba de Uma Nota Só”, toda a síncope da música foi realçada com o piano em forte marcação e foi quase um convite para o público dançar. E essa foi também a levada de “Chega de Saudade”, sempre com o piano em primeiro plano. Mas a surpresa veio logo ao final da canção. Maria Bethânia, com sua voz marcante, cantou junto a Vanessa os últimos versos e ficou no palco para mais três números. Eumir cedeu o lugar a Wagner Tiso e com ele Bethânia cantou “Dindi”, “Modinha” e “Se Todos Fossem Iguais a Você”, esbanjando confiança.
“Garota de Ipanema” foi apresentada por meio da conhecida gravação de Frank Sinatra e Jobim cantando juntos. Logo em seguida o show retomou o o curso normal e com a volta da banda, Vanessa cantou mais um arranjo bem sincopado de “Wave”, em uma interpretação empolgante.
O timbre agradável de Vanessa deu o ar da graça em “Correnteza” e na interpretação comovente, à capela, de “O Que Tinha de Ser”, aplaudidíssima.
Nestes tempos em que o Brasil tenta passar a limpo o seu passado com a Comissão da Verdade, investigando os crimes da ditadura militar, a escolha de “Sabiá” foi um grande acerto e ponto alto do show. O arranjo arrebatador baseado nas cordas, somado às cenas de repressão policial projetadas no telão mandaram um recado e serviram para lembrar ao público que Jobim (em parceria com Chico Buarque) também era muito sensível com os problemas de sua época.
A vertente mais sambista de Jobim apareceu na sequência “Samba do Avião”, “Só Danço Samba”, “Piano na Mangueira” e “Lamento do Morro”, com uma interpretação bastante jazzística de Vanessa, sem assumir que estava cantando samba.
O show já estava chegando ao fim quando a cantora apresentou a banda, lendo um a um o nome dos músicos. Ela também aproveitou para fazer os seus agradecimentos e falar da emoção que estava sentindo naquele momento.
Um dos mais densos arranjos de todo o show veio com a penúltima “Falando de Amor”, que fez um diálogo deste choro-canção com acordes repetidos e bem marcados, como se fosse tango. Muito aplaudida, Vanessa saiu do palco para voltar logo em seguida, e ela, que pouco falou durante todo o show, neste momento se disse surpresa pelo fato de ter conseguido chegar até ali sem chorar. O show foi encerrado com “Estrada do Sol”, seguida de “Eu Sei que Vou Te Amar”, em uma perfeita declaração de amor à obra do maestro soberano.
Eumir Deodato provou que é possível revisitar a obra de Jobim, rearranjando canções que são clássicas, enquanto Vanessa mostrou que este show é uma obra em progresso que tenderá a crescer com as futuras apresentações.
Nivea Viva Jobim que tem direção e curadoria de Monique Gardenberg e produção musical de Kassin. Veja abaixo a lista de shows já agendados – todos gratuitos.
Salvador
21 de abril (domingo), às 16h30
Farol da Barra
Largo do Farol da Barra, s/n - Salvador - BA
Recife
28 de abril (domingo), às 17h
Parque Dona Lindu
Av. Boa Viagem, s/n - Boa Viagem - Recife - PE
Brasília
5 de maio (domingo), às 16h30
Parque da Cidade Dona Sarah Kubtschek
Praça das Fontes
Asa Sul de Brasília - Estacionamento 9 - acesso 906/7 Sul - Brasília - DF
Porto Alegre
19 de maio, às 16h30
Anfiteatro Pôr do Sol
Av. Edwaldo Pereira Paiva, s/n (Localizado no Parque Maurício Sirotsky
Sobrinho, na orla do Lago Guaíba) - Porto Alegre - Rio Grande do Sul
São Paulo
26 de maio (domingo), às 16h30
São Paulo: Parque da Juventude
Av. Cruzeiro do Sul, 2.630 - Santana (ao lado do metrô Carandiru) - São Paulo
Rio de Janeiro
*data, local e horário do show serão informados posteriormente.
Set list do show
“Fotografia”
“Este Seu Olhar”
“Só Tinha de Ser com Você”
“Chovendo na Roseira”
“Caminhos Cruzados”
“Por Causa de Você”
“Desafinado”
“Eu Sei que Vou te Amar”
“Samba de Uma Nota Só”
“Chega de Saudade”
“Dindi”
“Modinha”
“Se Todos Fossem Iguais a Você”
“Garota de Ipanema”
“Wave”
“Correnteza”
“O Que Tinha de Ser”
“Sabiá”
“Samba do Avião”
“Só Danço o Samba”
“Piano na Mangueira”
“Lamento do Morro”
“Falando de Amor”
“Estrada do Sol”
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