O Instituto anunciou a vacina nesta sexta, 26, e irá solicitar o início dos testes à Anvisa
Redação Publicado em 26/03/2021, às 14h35
O Instituto Butantan anunciou nesta sexta, 26, a criação de uma nova vacina totalmente brasileira contra a Covid-19. Segundo o G1, o Butantan pedirá autorização à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para iniciar os testes do imunizante, nomeado Butanvac.
Primeira vacina, contra qualquer doença, a ser 100% brasileira, a Butanvac representa um importante avanço nacional no combate à Covid-19. Mesmo com a demora de alguns meses para aprovação de uso, o imunizante descartará a necessidade da importação de matéria-prima.
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Atualmente, o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) utilizado pelas vacinas testadas e aplicadas no Brasil são da China, e com a Butanvac, o Brasil terá independência para a fabricação dos imunizantes, o que pode ajudar a longo prazo. A pesquisadora Ester Sabino, da USP, falou sobre a vacina ao G1:
"Nos últimos 20 anos, este é o terceiro coronavírus que entra na espécie humana. Tudo indica que podem acontecer outras transmissões, e a gente precisa estar preparado para responder a essas novas epidemias que virão. Temos que começar agora desenvolvendo novas vacinas que, se não forem usadas nessa pandemia, serão usadas nos problemas que certamente virão no futuro".
O infectologista Leonardo Waissmman também explicou ao G1 sobre a relevância da Butanvac, principalmente porque a vacina já considera a variante identificada, pela primeira vez, em Manaus: “As vacinas que estão no país ainda estão em quantidade escassa. Por estar sendo produzida nacionalmente, essa vacina também considera nossa realidade".
Dimas Covas, diretor do Butantan, anunciou nesta sexta, 26, em coletiva de imprensa ao lado de João Dória (PSDB) que se a Anvisa autorizar, os testes da fase 1 e 2 poderão começar, simultaneamente, em abril. Contudo, os ensaios clínicos da Butanvac já começaram fora do país.
Em 15 de março, o Instituto de Vacinas e Biologia Médica do Vietnã, parceiro do Butantan, já começou os testes em algumas pessoas do país. Segundo o G1, em breve, a vacina também iniciará os ensaios clínicos em humanos na Tailândia, onde há a Organização Farmacêutica Governamental.
De acordo com a BBC, A expectativa de Covas é a duração de três meses para fases 1, 2 e 3 de testes da Butanvac. Segundo o diretor do Butantan, os processos podem ser “encurtados” devido à tecnologia já conhecida da vacina.
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Assim como a vacina contra a gripe, também fabricada pelo Butantan, a Butanvac terá a mesma tecnologia. O diretor do Instituto explicou ser utilizado como vetor o vírus Newcastle, que infecta aves.
No vírus são injetados os genes da proteína spike da Covid-19, responsável por se encaixar às células humanas e causar a infecção. Dimas Covas explicou (via BBC): "É uma vacina produzida em ovo embrionário, mas ela se utiliza da estrutura básica de um vírus, de um vírus que infecta aves, chamado Newcastle. Esse vírus foi modificado geneticamente e ele expressa a proteína S".
Essa super proteína é a responsável por desenvolver uma imunidade “muito mais efetiva” do que as outras no mercado que usam a mesma “proteína S” - e o fato de usar os ovos para a fabricação da vacina é uma vantagem, já que a é uma tecnologia mais barata, disse Covas.
Além disso, durante a coletiva de imprensa, o governador João Dória falou sobre o investimento para a realização da vacina, que não partirá do Ministério da Saúde: "Os recursos são do Butantan e do Estado de São Paulo, como ocorreu na produção da CoronaVac também".
Atualmente, as vacinas aplicadas no Brasil (CoronaVac e Oxford) têm duas doses, contudo, ainda não há informações sobre a quantidade de doses da Butanvac, nova vacina do Butantan.
Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto, a nova vacina é mais imunogênica, e a dose única é uma “possibilidade”: "Vamos avaliar doses diferentes e intervalos de doses também. Essas respostas teremos após a fase inicial dos estudos em humanos,” anunciou.
De acordo com a BBC, Covas tem a expectativa de que 40 milhões de doses da Butanvac sejam produzidas a partir de maio para serem disponibilizadas à população em julho - isso se os ensaios clínicos forem “bem-sucedidos e aprovados em tempo recorde pela Anvisa.”
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