Chris Carroll foi o primeiro oficial a chegar à cena do crime
ROLLING STONE EUA Publicado em 23/05/2014, às 15h59 - Atualizado às 16h42
O primeiro policial a chegar à cena do assassinato de Tupac Shakur relevou as últimas palavras ditas pelo rapper. E elas não transmitiram exatamente uma "mensagem de paz".
Tupac Shakur ganha versão animada e fala sobre a vida e a morte: “Eu nunca fecho meus olhos”.
“Ele olhou para mim, tomou fôlego para falar, e abriu a boca”, disse Chris Carroll, um sargento aposentado do Departamento da Polícia Metropolitana de Las Vegas, em uma entrevista com a Vegas Seven. “E ele disse: ‘Vai se foder.’”
Galeria - As dez maiores brigas da história do rap.
Shakur foi baleado inúmeras vezes no dia 7 de setembro de 1996. Depois de assistir a uma luta de boxe com o CEO da Death Row Records, Suge Knight, o rapper e seus guarda-costas entraram em uma briga com Orlando Anderson, da gangue Crips, na entrada do cassino MGM Grand. Carroll, que trabalhava de bicicleta na patrulha de trânsito, também assistiu à luta de Muke Tyson, mas não sabia do conflito ocorrido na entrada.
Mais tarde, um Cadillac branco parou ao lado de Knight e Shakur, parados no farol, e um homem começou a atirar. Carroll foi o primeiro policial a chegar à cena.
“Eu seguro a porta do carro e estou tentando abri-la, mas não consigo”, ele contou. “[Knight] continua vindo atrás de mim, então estou apontando minha arma a ele. Estou gritando, ‘Abaixem-se! E você, sai de perto de mim!’ E toda vez que eu apontava minha arma em direção a ele, ele se afastava e até levantava as mãos para cima, tipo ‘Tudo bem! Tudo bem!’. Então, eu voltava para o carro, e ele vinha de novo. E eu ‘Afaste-se!’ Esse cara é enorme, e todo o tempo que ele passou correndo pela cena, ele estava jorrando sangue pela cabeça. Jorrando sangue! O cara tinha sido atingido na cabeça, mas estava completamente ciente. Eu não conseguia acreditar que ele estava correndo de um lado para o outro daquele jeito.”
Carroll disse que quando ele finalmente conseguiu abrir a porta, o corpo de Shakur caiu para fora do carro, “como se ele estivesse apoiado na porta”.
“Então eu o pego com o meu braço esquerdo, ele cai em mim, e eu ainda estou segurando a arma com a outra mão”, ele continua. “Ele estava coberto de sangue, e eu percebo imediatamente que o cara está vestindo uma tonelada de ouro – um colar e outras joias – e todo o ouro estava coberto de sangue. Isso ficou gravado em minha mente... Depois de puxá-lo para fora, Suge começa a gritar, ‘Pac! Pac!” e continua gritando e o cara que estou segundo estava tentando gritar de volta. Ele está sentando, se esforçando para falar, mas não consegue. E Suge gritava ‘Pac!’. E eu olho para baixo e percebo que ele é Tupac Shakur.”
Carrol disse que ele tentou arrancar alguma informação sobre o suspeito, mas o rapper, inicialmente, o ignorou.
“E eu vi em seu rosto, em seus movimentos, e, de repente, ele mudou”, diz ele. “E ele passou daquela resistência para um lance de ‘Estou em paz’. De repente, ele parou de lutar e passou para ‘Eu não consigo’. E quando ele passou por essa mudança, ele olhou para mim, olhou nos meus olhos. E foi então que olhei para ele e disse mais uma vez, ‘Quem atirou em você?’ Ele olhou para mim, tomou fôlego para falar, e abriu a boca, e eu achei que ele fosse realmente cooperar. E então ele disse: ‘Vai se foder.’ Depois disso, ele perdeu os sentidos.”
Mas por que Carroll está falando isso apenas em 2014? Duas razões: agora que ele se aposentou, ele tem liberdade para falar sobre o homicídio sem ser repreendido (“Foi há quase dezoito anos”, ele disse. “Claramente não haverá uma investigação em cima disto”), e também porque ele não queria que "Tupac fosse um mártir ou um herói só porque mandou um policiar se foder".
Carroll afirmou que Shakur não falou mais – ele permaneceu em silêncio mesmo quando outro policial tentou conseguir uma declaração na ambulância.
“Assim que ele chegou no hospital, ele foi para cirurgia e estava sedado, e acho que ele entrou em coma e não saiu mais, até o momento em que desligaram seus aparelhos,” ele continuou. “Então, aquele momento em que falei com ele foi o último momento real que ele disse algo. Eu conversei com o policial que foi com ele na ambulância. Ele disse que Tupac nunca acordou, e nunca disse nada no hospital. Não havia mais nada.”
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