Filme baseado em HQ que traz anti-herói vigilante estreia nesta quinta, 1
Paulo Cavalcanti Publicado em 31/10/2018, às 16h59
As manifestações populares contra o governo ocorridas em junho de 2013 inspiraram o autor Luciano Coutinho a criar a HQ O Doutrinador. Logo, a saga se tornou um fenômeno de vendagem e popularidade. Em pouco tempo, o anti-herói justiceiro que não hesita em fazer justiça com as próprias mãos, entrava no radar pop nacional. Mais atual do que nunca, a narrativa antecipou muita coisa que aconteceria no Brasil nos anos seguintes à sua publicação. Muito aguardado, o filme baseado na HQ estréia nesta quinta, 1, nos cinemas do país.
O Doutrinador – o filme, tem como ponto de partida a tragédia acontecida na vida de Miguel (Kiko Pissolato), um agente da policia altamente treinado e especializado. A filha dele é morta por uma bala perdida. Ele tenta salvar a vida dela em vão, já que os falidos hospitais públicos não conseguem resolver a situação. Amargurado, ele vai a uma manifestação contra um governador corrupto que havia sido libertado pela Justiça. Em um surto de fúria, ele acaba matando o odiado político. A partir daí, depois que recebe o apelido de O Doutrinador por parte da imprensa, Miguel, usando suas habilidades, começa a eliminar com extrema brutalidade políticos e empresários corruptos. O misterioso assassino tem a ajuda relutante de Nina (Tainá Medina), uma jovem hacker, que é a única pessoa que conhece a verdadeira identidade dele.
O principal trunfo do filme dirigido por Gustavo Bonafé e Fábio Mendonça é não cair em armadilhas. O roteiro, com habilidade, consegue fugir do maniqueísmo e das soluções fáceis. A ambigüidade moral do anti-herói que dá nome ao filme é clara. Muitas das ações dele são moralmente justificadas, mas os métodos que ele usa são altamente questionáveis e ilegais. Em sua cruzada particular em busca da justiça, o Doutrinador perde a razão e parte da sanidade. Neste processo, ele se afasta da família e dos colegas de trabalho.
Apesar de conter alguns questionamentos sobre ética e a podridão da política, O Doutrinador é basicamente um filme de ação, e neste quesito, dá conta do recado com propriedade. O longa é bastante violento e sanguinolento, mas as cenas brutais têm um significado catártico e apelam para os instintos básicos. A direção é eficiente e nervosa. Os valores de produção são de encher os olhos, capturando uma metrópole ao mesmo tempo vibrante e decadente. No elenco, destaque para os ainda não tão conhecidos Pissolato e Tainá. Mas o filme também é valorizado pela participação de veteranos como Eduardo Moscovis, Marília Gabriela, Helena Ranaldi, Natália Lage e Tuca Andrada. O Doutrinador também irá se tornar série a partir do ano que vem com exibição pelo Canal Space.
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