Filme estreia nesta quinta, 4, e é indicado a 12 prêmios Oscar
Paulo Cavalcanti Publicado em 04/02/2016, às 07h42 - Atualizado às 09h12
O diretor Alejandro G. Iñárritu, que no ano passado levou para casa vários prêmios Oscar pelo experimental Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), desta vez fez um filme mais convencional, pelo menos na linguagem e na narrativa. O Regresso recebeu 12 indicações à estatueta, incluindo Melhor Filme, Diretor e Ator (Leonardo DiCaprio). A produção é baseada na história real de Hugh Glass, um explorador e mercador de peles que em 1832 foi atacado por uma ursa cinzenta em uma floresta no Dakota do Sul. Gravemente ferido, foi abandonado para morrer no meio da floresta pelos companheiros de expedição, que acreditavam que Glass não teria mais chance de continuar vivo e, assim, se tornaria um peso morto.
Mas o aventureiro conseguiu sair da cova rasa onde foi jogado. Depois de muito sofrimento e contrariando todas as expectativas, sobreviveu para contar a incrível saga. A história de Glass já tinha sido filmada com certa fidelidade em Fúria Selvagem (1971), com Richard Harris e John Huston. Em 2002, Michael Punke publicou o livro The Revenant, que foi lançado recentemente no Brasil pela Intrínseca com o titulo do filme em português. Nele, o autor contou a jornada de Glass, mas usou de liberdade poética e inventou várias situações. Essa versão dos fatos serviu de base para o roteiro do longa dirigido por Iñárritu.
Glass (DiCaprio) faz parte de uma expedição liderada pelo capitão Andrew Henry (Domhnall Gleeson) que cruza o Dakota do Sul. O grupo é atacado brutalmente e parcialmente dizimado pelos índios Arikara. Um dos sobreviventes é John Fitzgerald (Tom Hardy, concorrendo como Melhor Ator Coadjuvante), um texano preconceituoso, resmungão e mal humorado. Ele adquiriu um ódio mortal dos índios depois de ter sido escalpelado e quase morto por eles. Fitzgerald não simpatiza com Glass, já que ele foi casado com uma americana nativa e, ainda, tem um filho mestiço chamado Hawk (Forrest Goodluck), que também participa do grupo. Depois do fatídico encontro de Glass com a ursa, o enredo segue as aventuras do explorador, que tenta sobreviver ao ato de traição de Fitzgerald, responsável por ele ter sido deixado para trás. Com dificuldade, mas motivado pelo ódio, Glass cruza o país em busca de vingança.
O diretor buscou autenticidade e DiCaprio entrou de cabeça na proposta. Ele não poupou esforços para que o público sentisse na pele de forma explicita as agruras vividas por Hugh Glass. Por duas horas e meia, o ator é espancado, se arrasta na neve, quase morre congelado, passa fome, come carne crua, cai do penhasco, chega perto de se afogar e presencia uma série de massacres. DiCaprio praticamente só grunhe – ele fala muito pouco e em muitas ocasiões nem se comunica em inglês, usando, em vez disso, a linguagem dos nativos. A interpretação dele é heroica, intensa e de um esforço físico admirável. DiCaprio, que já concorreu cinco vezes e nunca ganhou o Oscar, é o favorito este ano. A atuação visceral dele, sem dúvida, merece ser vista, mas O Regresso não é um filme para todo mundo. O longa é frio, extremamente violento e um pouco arrastado. Um dos trunfos é a cinematografia deslumbrante de Emmanuel Lubezki. – o longa teve cenas rodadas em Alberta (Canadá) e na Terra do Fogo (Argentina). Outro destaque é a bela trilha de Ryuichi Sakamoto, Alva Noto e Bryce Dessner.
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