A cantora misturou músicas próprias e versões na primeira apresentação do palco dedicado à "nova" música brasileira
Lucas Brêda Publicado em 17/05/2014, às 21h02 - Atualizado às 21h28
A placa do metrô São Bento indica o local do palco Líbero Badaró, dedicado ao que é por muitos considerada a nova geração da música brasileira. Às 18h, quando Mariana Aydar deveria subir ao palco para a primeira apresentação da Virada no local, poucas pessoas a esperavam – muito pela concorrência com a volta do Ira!, no palco principal. Foram 40 minutos de atraso, justificados por uma pessoa da organização como tendo ocorrido “por problemas técnicos”. Ele ainda disse que era para “trazer o melhor para vocês”.
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Mas a cantora deu início ao show com autoridade, cantando o verso “Na Minha Solidão Mando Eu”, da música “Solitude”. Com uma voz segura, doce, que caminha com naturalidade pelos agudos e graves, ela conquistou o público logo de cara, puxando palmas, dançando e exalando simpatia.
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Apesar de ter começado a todo vapor, o show continuou ganhando em qualidade conforme o seu decorrer. A quarta música, uma versão de “Vai Vadiar”, sucesso na voz de Zeca Pagodinho, era uma anunciação dos contornos que ganhariam a apresentação: melodias de samba, forró e MPB transformados na voz segura de Mariana, alicerçada por bateria, baixo, percussão e guitarra bem entrosados. O guitarrista Rafael Moraes, aliás, foi uma atração à parte. Sem se prender aos arranjos, ele deu vida às canções, guiando com consciência os pedais e dando peso às bases instrumentais.
“Essa é a minha primeira música”, anunciou Mariana, chamando “Palavras Não Falam”. Ela completou: “É sobre o ato de escrever". Com a faixa, a veia compositora da artista ganhou destaque, quando ela tratou da metalinguagem com a criatividade de versos como: “Por mais que eu tente, são só palavras/ Por mais que eu me mate, são só palavras”.
Lembrando que começou como cantora de forró (“vamos fazer um xote”), ela chamou a faixa “Ta?”, colocando a plateia para dançar. Mariana ainda cantou músicas de João Nogueira, emocionou com “Preciso do Teu Sorriso”, de Dominguinhos (sobre quem ela dirigiu um documentário recentemente), e interpretou com vitalidade e intensidade o samba “Zé do Caroço”.
Mariana Aydar e sua banda podem tocar clássicos da música brasileira e reviver ritmos como o samba e o forró. Entretanto, em cima do palco, a cantora encanta com interpretações contagiantes, e a banda dá a própria assinatura às músicas, com a guitarra barulhenta e o colorido dos batuques. Como em um bom filme, o show chegou ao ápice no final, e Mariana nem precisaria ter voltado para o bis, após a performance de “Peixes”. Na faixa, os músicos interagiram, chegando a se jogar no chão, provavelmente com a sensação de “dever cumprido”. E, por sinal, muito bem cumprido.
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