Cantor pernambucano prestou reverências ao sambista de Vila Isabel cantando o repertório de Canta Canta, Minha Gente
Pedro Henrique Araújo Publicado em 18/05/2014, às 02h20 - Atualizado às 12h34
O clássico incomensurável Canta Canta, Minha Gente, do carioca Martinho da Vila, chega aos 40 anos soando como um disco recente, fresco e cheio de vigor. Para homenagear a obra e o artista, o pernambucano Otto subiu ao palco da Avenida Rio Branco, destinado aos shows de releituras, rodeado por uma talentosíssima banda. E a escolha, que parecia inusitada, acertou bem na bolinha miúda do alvo. O cantor, quase fiel ao repertório, fez uma bela apresentação, valorizando os arranjos originais, mas sem deixar de lado suas "ottices", mesmo que moderadas. Cantou, dançou, despejou água na própria cabeça, tirou a camisa, a colocou do avesso, fumou, tocou surdo, divagou, teve suas conversas soltas com o público, bebericou o que parecia ser uísque e divertiu as milhares de pessoas que estiveram ali.
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Para tal celebração Otto escolheu uma banda afiada e muito competente, que deu ainda mais brilho ao espetáculo. Formada por Pupillo na bateria, Thiago França no saxofone e na flauta transversal, Rodrigo Campos no cavaquinho e violão, Regis Damasceno no baixo, na guitarra e no violão e Marcos Axé e André Malê na percussão, o grupo ainda contou com o luxuoso auxílio de Toca Ogan, também da Nação Zumbi, que subiu ao palco para dançar e por lá ficou.
Um grupo de mulheres, bem à frente do palco, gritava com empenho tentando levantar um debate favorável ao Parque Augusta. Otto concordou com a causa, e depois de muita insistência elas conseguiram fazer com que o cantor estendesse uma bandeira que perguntava: "POR QUE O PARQUE AUGUSTA ESTÁ FECHADO???"
No repertório, Otto seguiu à risca, com exceção de algumas improvisações, o repertório de Martinho. "Canta Canta, Minha Gente", "Disritmia" (em uma linda versão) e "Dente Por Dente" abriram os trabalhos. Destacaram-se ainda "Renascer das Cinzas", "Calango Vascaíno" e "Visgo de Jaca". Em "Patrão, Prenda Seu Gado", o cantor fez questão de reverenciar Pixinguinha, que ao lado de Donga e João da Baiana assina a autoria da canção. Ao longo da apresentação relembrou também a morte recente de Jair Rodrigues. Na última canção, a percussão tomou conta em "Festa de Umbanda", e como três entidades Marcos Axé, André Malê e Toca Ogan fecharam a noite. Solto, como é de se esperar, Otto fez um show leve, sem pretensões de ter a elegância do sambista de Vila Isabel, mas com seu carisma fez de Canta Canta, Minha Gente um evento memorável, assim como é o disco. Palmas para o galego.
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