Brenna, mulher de Paul Gray, também estava presente em tributo ao baixista do Slipknot - AP

Viúva de Paul Gray, ex-baixista do Slipknot, relembra os últimos dias dele

“Ninguém mais se importou, ninguém se envolveu”, disse Brenna Gray, “eles me disseram que era problema meu”

Rolling Stone EUA Publicado em 29/04/2014, às 12h46 - Atualizado às 14h05

A viúva do ex-baixista do Slipknot Paul Gray relembrou os tristes últimos dias dele em depoimento como testemunha contra o médico do músico mascarado, Daniel Baldi. O médico está sendo acusado de homicídio culposo (quando não há a intenção de matar) pelas mortes de Gray e de outras oito pessoas devido à falta de atenção com prescrições médicas, segundo informações do The Des Moines Register. Em seu testemunho, Brenna Gray afirmou que nem Baldi nem os colegas de banda do ex-baixista a ajudaram a confrontá-lo – por causa dos recorrentes problemas com drogas.

Médico do baixista morto do Slipknot é acusado de homicídio.

Paul, que ajudou a fundar o Slipknot em 1995, com o baterista Joey Jordison e o percussionista Shawn Crahan, foi encontrado morto aos 38 anos em um quarto de hotel em Iowa, em maio de 2010. Uma autópsia revelou que ele morreu de overdose de morfina e fentanil, um substituo sintético da morfina.

“A primeira vez que eu vi uma agulha na minha casa foi uma semana antes da morte de Paul”, ela disse. “Foi a primeira vez em muitos anos. Quando me mudei, joguei fora todas as agulhas. Aquela foi a vez a primeira vez que as vi na nossa casa”. Eu disse [ao médico]: ‘Acho que ele está usando... Ele checou as mãos de Paul, onde frequentemente ele havia usado drogas intravenosas e deixado marcas, então as mãos deles estavam cicatrizadas. Ele checou os braços dele. Ele não checou os pés”. Ela disse que sugeriu ao médico que checasse os pés.

Próximo álbum do Slipknot será inspirado na morte de Paul Gray.

Brenna afirmou que o medico disse a ela que Gray havia passado nos testes de droga e que ele fazia um todas as vezes que tinha uma consulta médica. Depois da morte dele, ela descobriu que alguns testes haviam dado positivo, e que Baldi continuou prescrevendo o remédio contra a ansiedade Alprazolam, com o qual ele tinha uma histórico de abuso.

“Eu achei uma agulha boiando na privada que devia ter descido pela descarga, eu acho, mais ou menos uma semana antes de ele morrer”, ela disse. “E depois achei uma bolsa com agulhas novas no sábado quando fizemos uma intervenção [com membros da família], e encontrei uma agulha usada no mesmo dia”.

Ela disse que levou a agulha usada ao doutor Baldi, ao empresário da banda e à mãe dela. Entretanto, ela não falou com o médico entre a intervenção e a morte do marido. Ela também não ligou para a polícia sobre o uso de drogas do baixista à época porque achava que seria presa por posse, e ficou com medo de que sua filha (ela ainda estava grávida) fosse, depois, levada pelas autoridades.

Slipknot tira máscaras para prestar tributo a Paul Gray.

Brenna ainda afirmou que tirou fotos de Paul apagado para mostrar a Baldi. Quando os advogados do médico questionaram a razão de não existirem registros de ela ter mostrado as fotos a ele, Brenna disse: “Muitas coisas não foram registradas”.

Em vez de chamar as autoridades, ela entrou em contato com os colegas de banda de Gray no Slipknot, que se recusaram a ajuda, segundo ela. O frontman Corey Taylor e Crahan são listados como potenciais testemunhas no julgamento. “Um deles estavam jogando golfe a dois minutos da nossa casa, mas não podia vir”, Brenna testemunhou. “Ninguém mais se importou, ninguém se envolveu. Eles me disseram que era problema meu”. Paul morreu dois dias depois.

Se condenado, Baldi pode pegar até 18 anos de cadeia. O médico nega ter responsabilidade em todas as noves mortes pelas quais foi acusado.

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