A parceria do músico com Donald Fagen, além de entrar para o Hall da Fama do Rock, rendeu trabalhos clássicos como Aja, Katy Lied e Pretzel Logic
Rolling Stone EUA Publicado em 04/09/2017, às 11h19 - Atualizado às 12h59
Walter Becker, o guitarrista, baixista e cofundador da banda Steely Dan, que integra o Hall da Fama do Rock, morreu no último domingo, 3, aos 67 anos. O site oficial de Becker anunciou a morte, mas não foram divulgados a causa da morte ou outros detalhes.
“Walter Becker era meu amigo, meu parceiro de composição e colega de banda desde que nos conhecemos, em 1967”, Donald Fagen escreveu em um tributo a Becker. “Ele era esperto, um guitarrista excelente e ótimo compositor. Ele era cínico sobre a natureza humana, incluindo a dele própria, e era histericamente engraçado.”
Becker perdeu uma série de shows do Steely Dan em julho enquanto se recuperava de uma doença não especificada. “Walter está se recuperando de um procedimento e deve ficar bem em breve”, Fagen disse à Billboard na época. O médico de Becker recomendou que o guitarrista não deixasse a casa dele em Maui, no Havaí, para as performances.
Becker e Fagen se tornaram parceiros quando eles eram estudantes na Bard College, em Nova York. Após trabalhar como compositores (“I Mean to Shine”, de Barbra Streisand) e integrantes da banda de apoio de Jay & The Americans, o duo se mudou para Califórnia no início dos anos 1970 para formar o Steely Dan – cujo nome foi inspirado em um brinquedo sexual do romance Naked Lunch, de William S. Burroughs – ao lado dos guitarristas Jeff “Skunk” Baxter e Denny Dias, o baterista Jim Hodder e o vocalista David Palmer.
Após o lançamento do debute Can’t Buy a Thrill em 1972, Palmer deixaria o grupo; apesar de o Steely Dan ter tido várias mudanças nos integrantes, Becker e Fagen continuaram como o núcleo que mantinha a banda. Steely Dan deixou sua marca na música com uma série de álbuns imaculados e sofisticados, com “letras calculadas e literárias” que caminhavam entre o jazz, pop, rock e soul.
“Não estou interessado em uma fusão de rock/jazz”, Becker disse à Rolling Stone EUA em 1974. “Nós tocamos rock and roll, mas balançamos enquanto tocamos. Queremos aquele fluxo constante, aquela leveza, aquele ímpeto do jazz.”
Ele acrescentou: “Eu aprendi música com um livro de teoria sobre o piano. Eu estava apenas interessado em saber sobre os acordes. Depois disso, e com o Dicionário de Música da Harvard, eu aprendi tudo que eu queria saber”.
Com Becker no baixo, Can’t Buy a Thrill produziu os hits “Reelin’ in the Years”, “Dirty Work” e “Do It Again”. Countdown to Ecstasy deu sequência em 1973 com Fagen nos vocais. Após Pretzel Logic, de 1974 – que rendeu à banda o maior sucesso da carreira, “Rikki Don’t Lose That Number” –, a banda enfrentou um transtorno com a saída dos músicos de turnê. “Foi injusto de nossa parte passar oito meses escrevendo e gravando enquanto Jeffrey Baxter e os outros no grupo queriam entrar em turnê”, Becker disse à Rolling Stone EUA em 1977. “Nós não estávamos ganhamos muito dinheiro e todo mundo queria sair e fazer shows. Nós não. Foi isso.”
Para o disco de 1975 Katy Lied e a obra-prima Aja, de 1977, o Steely Dan contou com uma configuração de “supergrupo”, incluindo o lendário saxofonista Wayne Shorter. Aja, um dos 500 Maiores Discos de Todos os Tempos da Rolling Stone EUA, conta com clássicos como “Peg”, “Deacon Blues” e “Aja”.
Em 2001, o Steely Dan se tornou parte do Hall da Fama do Rock. “A tradição musical que o Steely Dan representa é certamente uma que é mais cerebral e intelectual, e bela também”, Moby disse no discurso de apresentação para o duo. “Apesar de eles sempre parecerem abordar a cultura popular com um certo senso de ironia e desgosto, eles claramente têm um apreço pela beleza e pela bela música”.
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