Mahsa Amini, de 22 anos, faleceu em 16 de setembro, três dias após ser presa pela polícia iraniana pelo uso indevido do hijab. Entenda
Pamela Malva Publicado em 26/09/2022, às 15h00
No último domingo, 25, o cantor Yungblud publicou em suas redes sociais um vídeo em que comenta o assassinato de Mahsa Amini. No palco de um de seus shows, o artista disse estar irritado com a situação e afirmou que irá lutar pelas mulheres do Irã (confira abaixo).
Mahsa Amini tinha apenas 22 anos quando foi presa pela Gasht-e Ershad, a Patrulha de Orientação do Irã, no dia 13 de setembro, pelo uso indevido do hijab. Segundo a família da jovem, ela teria sido espancada pelas autoridades antes de ser encaminhada para uma "sessão de reeducação", cujo objetivo era reforçar a forma correta de se utilizar o véu.
Apesar dos oficiais iranianos negarem as acusações de agressão, Mahsa Amini morreu no dia 16 de setembro, no hospital de Teerã em que estava internada e em coma. De acordo com as autoridades locais, a causa da morte da jovem teria sido um infarto.
Diante da tragédia, centenas de mulheres iranianas tomaram as ruas do país para protestar em nome de Mahsa Amini e contra as rígidas leis locais, que tornam obrigatório o uso do hijab. Iniciadas logo após a morte da jovem, as manifestações já completaram dez noites.
Em suas redes sociais, então, o cantor Yungblud se posicionou sobre o caso. “Estou com tanta raiva agora", afirmou. "Toda vez que algo assim acontece no mundo, me pergunto se devo falar sobre o assunto ou não. Mas existem milhares de vocês por aí, milhares de vocês me assistindo em casa. Então hoje eu não tive outra escolha."
Semana passada, no Irã, uma jovem garota chamada Mahsa Amini foi assassinada por usar seu cabelo para fora do hijab. E eu não vou ficar parado aqui questionando a religião de alguém, mas vou lutar pela liberdade de expressão. Vou lutar por liberdade. E vou lutar pelas mulheres do Irã agora", afirmou.
No palco, Yungblud ainda reforçou a importância do direito à expressão. “Já que, na semana passada, a internet foi desligada em alguns lugares do Irã, o que significa que eles não podem se comunicar com o resto do mundo, é nossa responsabilidade falar por eles”, finalizou.
O cantor citou o fato de que a conexão com a internet tem ficado cada vez mais lenta na região de Teerã desde o início dos protestos. Ainda mais, segundo O Globo, as autoridades locais bloquearam o acesso dos iranianos ao Instagram e ao WhatsApp na última semana.
No total, segundo a agência Tasnim, que citou o general Azizollah Maleki, chefe de polícia da província de Guilan, "739 manifestantes, incluindo 60 mulheres" já foram presos nos protestos que têm tomado as ruas do país. Ao mesmo tempo, de acordo com autoridades locais, cerca de 35 pessoas já morreram nas manifestações — enquanto órgãos não oficiais afirmam que o número de óbitos já passa de 50 pessoas.
Por fim, é importante mencionar que, no último sábado, 24, o presidente iraniano Ebrahim Raisi enfatizou que o país fará o necessário para a contenção "daqueles que se opõe à segurança e tranquilidade do país", conforme repercutido pelo The Guardian.
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