Em audiência no Senado, a ativista adolescente Greta Thunberg culpou o governo Bolsonaro pela devastação da Amazônia
Redação Publicado em 10/09/2021, às 14h58 - Atualizado às 16h55
Greta Thunberg, de 18 anos, disse nesta sexta, 10, que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é responsável por potencializar a destruição da Floresta Amazônica. A ativista participou de audiência no Senado para discutir o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
Segundo a Folha de S. Paulo, em sessão virtual presidida pelo presidente da Comissão de Meio Ambiente da Casa, Jaques Wagner (PT-BA), Greta Thunberg responsabilizou o país pelo aumento do desmatamento e das queimadas na região.
Apesar de não citar o nome de Bolsonaro, a ativista caracterizou como “vergonhosas” as atitudes de "líderes brasileiros" em relação à floresta e aos povos indígenas, e criticou as ações do governo.
"O Brasil não começou essa crise, mas acrescentou muito combustível nesse incêndio. O Brasil não tem desculpas para não assumir sua responsabilidade. A Amazônia, os pulmões do mundo, agora está no limite e emitindo mais carbono do que consumindo por causa do desmatamento e das queimadas. Isso está acontecendo enquanto nós assistimos, isso está sendo diretamente alimentado pelo governo. O mundo não pode arcar com o custo de perder a Amazônia," afirmou Greta Thunberg.
Em sessão de debates sobre mudanças climáticas, a ativista ambiental @GretaThunberg criticou ações de líderes brasileiros e ressaltou que é preciso alcançar as metas do Acordo de Paris e proteger a Amazônia e grupos indígenas. pic.twitter.com/akFfdn2ICO
— TV Senado (@tvsenado) September 10, 2021
+++LEIA MAIS: Greta Thunberg critica Bolsonaro: 'Falhou em ações climáticas e na pandemia'
Conforme noticiado pela Folha de S. Paulo, a expressão “pulmão do mundo”, utilizada pela ativista, não está correta, apesar da importância da floresta para regular clima global. Segundo estudo, o saldo de produção de oxigênio gerado pela Amazônia é pequeno, enquanto algas marinhas geram 55% do oxigênio produzido no planeta — fazendo do oceano o “pulmão do mundo”.
No entanto, é comprovado o aumento da destruição da floresta nos últimos anos e o impacto para o clima e populações locais, principalmente as indígenas. Segundo números do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a Amazônia registrou em agosto mais de 28 mil focos de queimadas — terceiro pior resultado para o período nos últimos 11 anos, atrás apenas de números registrados nos outros anos do governo Bolsonaro.
"Esses acontecimentos no Brasil colocam em risco essa população e a própria Floresta Amazônica," explicou Greta Thunberg. A fala da jovem ativista sueca durante sessão virtual do Senado durou cerca de cinco minutos.
O Brasil vê um balanço desigual no desmatamento da Amazônia. Em julho e agosto, a prática ilegal diminuiu - notícia boa isoladamente, mas não relevante no balanço. No primeiro semestre de 2021, o desmatamento cresceu 17% em relação ao mesmo período de 2020. Então, mesmo com a diminuição dos últimos dois meses, o saldo ainda é bem negativo. Ainda mais quando pensamos o contexto dos últimos anos: o desmatamento de 2020 foi o maior em 12 anos. Até agosto, tudo indica que em 2021 o número cresce.
Embora haja queda no desmatamento no segundo semestre do ano, isso não se vale ao governo, como explicou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, ao Extra: "Quem precisa tomar conta do desmatamento, o governo federal, não mudou suas práticas. Pode ter relação com questões climáticas ou a dinâmica do próprio crime ambiental."
Ainda explicou que não dá para quantificar ou avaliar as variações, pois esse papel era do Ibama e do governo federal, que "abandonou as fiscalizações. Quem dita hoje o crescimento ou diminuição é quem está desmatando."
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